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Incrível: Veja 1ª imagem feita com novo telescópio de raios-x do espaço

Imagem de supernova analisada combina dados em raio-X do telescópio IXPE (tons em magenta) e do observatório Chandra (tons azuis) - Nasa/CXC/SAO/IXPE
Imagem de supernova analisada combina dados em raio-X do telescópio IXPE (tons em magenta) e do observatório Chandra (tons azuis) Imagem: Nasa/CXC/SAO/IXPE

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

17/02/2022 14h07

A missão IXPE (Explorador de Polarimetria de Raios-X de Imagem, em português), lançada no início de dezembro de 2021, registrou sua primeira imagem científica. Seu objetivo é usar telescópios com tecnologia de raio-X para explorar o espaço. Foram essas estruturas as responsáveis pela captura de detalhes da Cassiopeia A, restos de uma estrela que explodiu em supernova no século 17.

A missão é fruto de uma parceria entre a Nasa, a agência espacial italiana ASI e outras 12 entidades internacionais. A novidade é mais um passo na missão dos pesquisadores de estudar objetos misteriosos.

O IXPE é o primeiro da Nasa dedicado ao estudo da polarimetria, uma maneira de ver como a luz de raios-x é orientada à medida que viaja pelo espaço.

A tecnologia foi enviada ao espaço pelo foguete Falcon 9, da SpaceX. O módulo de lançamento carregou três telescópios especiais com detectores polarimétricos (que permitem identificar dados no espectro de luz que podem revelar a origem da emissão eletromagnética.

Os instrumentos da missão também são capazes de medir a energia, o tempo de chegada e a posição no céu dos raios-x de fontes cósmicas.

O que rolou

A imagem do resto de estrelas foi coletada entre 11 a 18 de janeiro. Ela mostra cores que variam de roxo frio e azul a vermelho e branco quente, que correspondem ao aumento do brilho do raio-X.

A explosão da estrela liberou ondas de choque, aquecendo os gases ao seu redor e acelerando partículas de raios cósmicos. Dessa forma, uma nuvem de matéria foi criada e, em presença da luz de raios-x, brilha intensamente. Foi assim que o telescópio conseguiu fazer a imagem.

Imagem feita pelo IXPE da Cassipeia A entre os dias 11 e 18 de janeiro; foto mostra intensidade de raios-X em espectro de cores que varia entre roxo frio e azul a vermelho e branco quente - Nasa - Nasa
Foto mostra intensidade de raios-X em espectro de cores que varia entre roxo frio e azul a vermelho e branco quente
Imagem: Nasa

Uma segunda imagem liberada pela agência espacial (que abre esse texto) mostra a saturação da cor magenta, que corresponde à intensidade da luz de raios-x observada pelo IXPE.

A imagem é sobreposta aos dados de raios-x de alta energia, filamentos em azul, coletados pelo Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa.

O equipamento Chandra foi lançado em 1999. Sua primeira imagem também foi de Cassiopeia A, revelando evidências de um objeto como um buraco negro ou estrela de nêutrons em seu centro — provavelmente, remanescente de uma supernova.

Buraco negro captado pelo observatório Chandra na Cassiopeia A em 1999 - NASA/MSFC - NASA/MSFC
Buraco negro captado pelo observatório Chandra na Cassiopeia A em 1999
Imagem: NASA/MSFC

Por que é importante

As tecnologias presentes em Chandra e IXPE possuem diferentes tipos de detectores e, por isso, capturam diferentes níveis de nitidez de um mesmo objeto no espaço.

Por essa característica também, as imagens capturadas pelos dois telescópios foram igualmente históricas, disse Martin C. Weisskopf, investigador principal do IXPE, baseado no centro espacial da Nasa em Huntsville, Alabama, em comunicado.

"Isso demonstra o potencial do IXPE para obter informações novas e nunca antes vistas sobre a Cassiopeia A, que está em análise no momento", complementou.

Os dados de polarização da Cassiopeia A obtidos pelo IXPE permitirão que os cientistas vejam, pela primeira vez, como a quantidade polarização varia no que sobrou de uma supernova, que tem cerca de 10 anos-luz de diâmetro.

"As futuras imagens devem revelar os mecanismos no coração deste famoso acelerador cósmico", disse Roger Romani, pesquisador do IXPE na Universidade de Stanford. "Para preencher alguns desses detalhes, desenvolvemos uma forma de tornar as medições do IXPE ainda mais precisas usando técnicas de aprendizado de máquina. Estamos ansiosos pelo que encontraremos enquanto analisamos todos os dados."

*Com informações do site The Verge e da Agência Brasil.