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Acidentes por sobrecarga de energia chegam a 1.579 casos; incêndios crescem

Incêndio atinge Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, em 2020 - Beatriz Orle/Futura Press/Estadão Conteúdo
Incêndio atinge Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, em 2020 Imagem: Beatriz Orle/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colaboração para Tilt, no Rio de Janeiro

21/02/2022 14h32

Os registros de acidentes provocados por sobrecarga de energia elétrica cresceram entre 2020 e 2021, segundo dados antecipados da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). No período, foram contabilizados 1.579 casos envolvendo situações como choques elétricos e incêndios. No ano anterior, foram 1.505.

As informações fazem parte do Anuário Estatístico da Associação, que será lançado oficialmente em março. Ele também contemplará casos do início de 2022 envolvendo acidentes de origem elétrica.

O levantamento utiliza registros de acidentes divulgados em veículos de comunicação brasileiros (a autenticidade é verificada por uma equipe da associação) e ocorrências fornecidas também por profissionais do setor elétrico que fazem parte da entidade.

Choques elétricos com mortes

Segundo o levantamento, só no ano passado foram registradas 674 mortes causadas por choques elétricos. O número é ligeiramente menor do que em 2020 (691 casos), porém, ainda alto. Os registros de acidentes do tipo sem vítimas acabaram subindo um pouco: de 162 para 224.

Confira os dados completos:

2021

  • Choque elétrico fatal: 674
  • Choque elétrico não fatal: 224

2020

  • Choque elétrico fatal: 691
  • Choque elétrico não fatal: 162

2019

  • Choque elétrico fatal: 697
  • Choque elétrico não fatal: 212

2018

  • Choque elétrico fatal: 622
  • Choque elétrico não fatal: 214

2017

  • Choque elétrico fatal: 627
  • Choque elétrico não fatal: 224

2016

  • Choque elétrico fatal: 599
  • Choque elétrico não fatal: 215

2015

  • Choque elétrico fatal: 590
  • Choque elétrico não fatal: 123

2014

  • Choque elétrico fatal: 627
  • Choque elétrico não fatal: 196

2013

  • Choque elétrico fatal: 592
  • Choque elétrico não fatal: 173

Incêndios cresceram

Os incêndios ocasionados por sobrecarga de energia elétrica e posterior curto-circuito também voltaram a crescer, após apresentarem uma leve queda em 2020.

Em 2020, houve 583 incêndios com 26 mortes naquele ano; em 2021, o número subiu para 636, com 46 mortes.

De acordo com a Abracopel, incêndios em hospitais contribuíram para que esse crescimento nos últimos anos. De 2018 para cá, esse tipo de acidente cresceu em 116,6%, saltando de 24 casos para 52.

Em 2019, por exemplo, foram 36 registros de incêndio com 23 mortes — todas ocorridas no Hospital Badim, no Maracanã, Zona Norte do Rio.

A tragédia foi no dia 12 de setembro. Ao todo, 11 pacientes e idosos internados no CTI (Centro de Treinamento Intensivo) morreram asfixiados com a fumaça, sem queimaduras graves. Porém, o acidente deixou um total de 23 vítimas que morreram dias depois devido aos efeitos nocivos do fogo.

Cuidados para diminuir riscos em casa:

Não ao carregador de celular falso: Muitos aparelhos de segunda linha são vendidos a preços muito baixos no mercado, o que agrada o nosso bolso. Mas eles não têm as devidas certificações e garantias de segurança. Ele pode fornecer mais energia do que o necessário para o carregamento do celular, segundo os especialistas.

Atenção ao cabo: o uso de um cabo original é sempre a melhor escolha. Mesmo assim, antes de conectá-lo na tomada é importante ver se ele não está danificado, se a fiação interna não está exposta. Se tiver, está na hora de comprar um cabo novo e não usar o antigo.

Evite o uso excessivo de adaptadores e extensões: lembra da gambiarra elétrica com vários benjamins? Isso deve parar. Vários aparelhos ligados em um único adaptador de tomada e/ou filtro de linha também não é recomendado pelos especialistas. O risco de sobrecarga aumenta e até incêndios podem ocorrer.

Rede elétrica da casa em dia: é fundamental que a rede elétrica da sua casa tenha manutenção preventiva e seja avaliada por um especialista. Se ela é muito antiga e você nunca pensou nisso, procure logo um profissional de segurança para dar uma checada.

Já ouviu falar em DR? É o dispositivo de diferencial-residual. O nome é complicado, mas ele funciona como um interruptor que impede que correntes elétricas não detectadas pelo disjuntor continuem no sistema de energia. Ele é obrigatório há anos. Aproveite a visita do profissional que vai verificar a sua rede elétrica e peça para verificar se o DR está em dia.

Celular e água não combinam: a água (não pura) e eletrônicos não combinam. Ela funciona como um ótimo condutor de eletricidade. Evite usar o celular em ambientes com vapor de água, como no banheiro. Além da oxidação de componentes do telefone, o risco de curto-circuito, choque e incêndios após o contato com a água é real.

*Com matéria de Bruna Souza Cruz, publicada em março de 2020.