Hackers atacam centro de pesquisa que abriga o superlaboratório Sirius
Um ataque cibernético tipo ransomware (que sequestra dados) foi registrado no sábado (16) contra o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), instituição que abriga o superlaboratório Sirius, o maior acelerador de partículas do Brasil, inaugurado em 2018 ao valor de R$ 1,8 bilhão.
A confirmação do ataque se deu ontem e a sua origem a ainda é investigada pelas equipes do CNPEM, que fica em Campinas (SP).
Em nota a Tilt, a instituição informou que "a operação e os dados do Sirius foram preservados, devido aos rígidos padrões de segurança adotados pelo projeto" em razão do armazenamento ser em nuvem.
"Dados do Sirius são armazenados na nuvem e seus aceleradores de elétrons e estações de pesquisa utilizam sistemas customizados, desenvolvidos pela equipe do CNPEM e sem acesso à rede", ratificou.
O Sirius é o maior e mais brilhante — literalmente — investimento em ciência do Brasil. O projeto é um superlaboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que analisa materiais em escalas de átomos e moléculas (partículas elementares). É como um raio-X poderosíssimo.
Há apenas mais um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron em operação: o MAX-IV, na Suécia. Mas o projeto brasileiro tem a luz mais brilhante do mundo, sendo a vanguarda da tecnologia mundial e a forma mais moderna para estudar, em detalhes e de forma menos invasiva, estruturas de proteínas, plantas, e até vírus (como o da covid-19).
Outras pesquisas foram pouco afetadas
Em relação às demais atividades de pesquisas em desenvolvimento pelos laboratórios, o CNPEM disse que "não foram criticamente afetadas", mas equipamentos acabaram sendo alvos.
O dano não foi maior porque técnicos da área de tecnologia do centro de pesquisa e da RNP (Rede Nacional de Pesquisa) conseguiram conter o ataque a tempo, com o reestabelecimento de alguns serviços afetados.
"Alguns computadores ligados a equipamentos laboratoriais, que dependem de sistemas legados, foram comprometidos e estão sendo recuperados", informou.
"O CNPEM está tomando todas as providências técnicas e legais em resposta ao ocorrido", concluiu.
O Centro Nacional de Pesquisas é vinculado ao MCTI (Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação). Tilt entrou em contato com a pasta para saber as medidas tomadas sobre o ataque e aguarda o retorno.
Como age o ransomware
Não é a primeira vez que um órgão do governo federal sofre um ataque do tipo ransomwares. Um recente aconteceu com o Ministério da Saúde, no fim de 2021.
Esse ataque tem a característica de que acessar remotamente o computador da vítima, seja ela pessoa física, empresas ou órgãos públicos.
Os cibercriminosos criptografam, ou seja, embaralham os arquivos e devolvem o acesso sob condição de pagamento de um resgate, geralmente efetuado com criptomoedas - para dificultar o rastreamento.
Além dos ataques que pedem resgates, há ransomwares que somente criptografam todo o disco de armazenamento de dados das vítimas, o que impede do funcionamento do sistema operacional da máquina.
O CNPEM não informou qual tipo de ransomware foi registrado no ataque.
Um computador ou celular pode ser "infectado" das maneiras mais simples, como por um único clique em um link.
A possibilidade de evitar o problema é utilizar antivírus que monitorem a navegação pela internet para casos de computadores comuns. Já para empresas e órgãos públicos, investimentos em segurança cibernética e constantes testes de vulnerabilidades são apontados como caminho para evitar esse tipo de ataque.
*Com informações de Marcella Duarte e Rodrigo Lara, em colaboração para Tilt, em São Paulo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.