Topo

Polêmica 'ficou para trás': governo se une a Huawei em proposta de 5G e IA

Da esq. para dir.: Sun Baocheng, presidente executivo da Huawei no Brasil; Ruben Delgado, presidente da Softex; e Marcos Pontes, ministro da ciência e tecnologia - Lucas Carvalho/Tilt
Da esq. para dir.: Sun Baocheng, presidente executivo da Huawei no Brasil; Ruben Delgado, presidente da Softex; e Marcos Pontes, ministro da ciência e tecnologia Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Lucas Carvalho

De Tilt, em Barcelona*

01/03/2022 11h26Atualizada em 02/03/2022 18h06

A Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) apresentou hoje (1) na MWC 2022, maior feira de tecnologia móvel do mundo, realizada em Barcelona, duas propostas para o desenvolvimento de 5G e inteligência artificial no Brasil —com o apoio do governo brasileiro e da gigante chinesa Huawei, que já se "estranharam" no passado.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o presidente executivo da Huawei no Brasil, Sun Baocheng, fizeram questão de deixar claro que eventuais conflitos entre o país e a empresa chinesa não existem.

"Do meu ponto de vista, esse negócio [polêmica com 5G] ficou para trás", disse Pontes, em entrevista concedida após o evento a jornalistas. Ele confirmou ainda que está de saída do ministério da Ciência e Tecnologia para concorrer às eleições de 2022 como candidato a deputado federal pelo PL-SP.

Em suas falas, o astronauta enalteceu a presença da Huawei no Brasil há 24 anos. Porém, afirmou que não sabe o que o Ministério das Comunicações, que comandou o leilão do 5G, tem a dizer sobre o mesmo tema.

"Quando eu era ministro de comunicações, a minha opinião sempre foi de analisar o mercado pensando em reforço de segurança cibernética", afirmou Pontes, que até 2020 chefiava a pasta de Ciência, Tecnologia e Comunicações. Naquele ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu recriar o Ministério das Comunicações e o tirou da alçada de Pontes. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, não foi à MWC.

Relembre a polêmica envolvendo 5G e Huawei

Na época das definições para o leilão do 5G, realizado em novembro de 2021, os Estados Unidos chegaram a pressionar o Brasil a barrar a entrada de empresas da China na infraestrutura da nova geração de internet no país, acusando-as de fazer espionagem para o governo chinês.

No entanto, o leilão do 5G, realizado em novembro de 2021, foi feito apenas com operadoras de telefonia.

A Huawei, que produz equipamentos de rede como servidores, cabos e antenas, não teria como dar lances de qualquer maneira. Mesmo assim, o edital do leilão não impôs qualquer regra que impedisse as operadoras de usar tecnologia da Huawei.

Parceria atual

No anúncio de hoje, Baocheng confirmou que a empresa já está fornecendo equipamentos para as três maiores operadoras do Brasil —Vivo, Claro e Tim—, as mesmas que arremataram no leilão os direitos para distribuir 5G em todo o país pelos próximos anos.

"Com o lançamento [dos documentos], a Huawei espera criar novas oportunidades de colaboração mais estreita com o governo brasileiro, instituições acadêmicas e indústrias", disse Baocheng no discurso de lançamento da iniciativa.

Os documentos apresentados hoje reúnem sugestões da Softex, criadas em parceria com pesquisadores de instituições públicas do Brasil e com a Huawei, de como impulsionar a formação de profissionais no país preparados para trabalhar no 5G e de como ampliar os investimentos públicos e privados em inteligência artificial, com dicas de cuidados a serem tomados e áreas mais estratégicas.

Além de Baocheng e Pontes, o lançamento contou com a presença Ruben Delgado, presidente da Softex; Carlos Nazareth Motta Martins, reitor do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações); Wally Menezes, reitor do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará); e Gilberto Studart, gerente regional da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

*O jornalista viajou a convite da Huawei.