'Autoescola' é criada para ensinar carros autônomos a dirigir; entenda
A startup internacional Waabi acredita ter a resposta certa para o bom funcionamento dos carros autônomos (que se deslocam sem interferência humana) no futuro. A proposta dela é abandonar de vez carros reais durante o treinamento da inteligência artificial para focar na "capacitação" dos veículos inteiramente dentro de simulação de computador.
O plano é que a IA não seja aplicada em veículos ou estradas reais até uma rodada final de testes, para ajustes finos.
O que rolou
Idealizada pela ex-funcionária do Uber Raquel Urtasun, que liderou a pesquisa de direção autônoma da empresa por quatro anos, a Waabi vem se dedicado, nos últimos seis meses, a construir um ambiente virtual super-realista, o Waabi World, em que os motoristas de IA seriam treinados.
Reduzindo custos ao evitar os testes de software em ruas reais, Urtasun espera construir um condutor de inteligência artificial de forma mais rápida e barata do que seus concorrentes, dando impulso também ao setor. O cenário, porém, é desafiador.
Para a IA compreender e até aprender a lidar com as estradas reais, é importante que seja exposta ao mundo onde irá funcionar.
Por isso, empresas de carros autônomos passaram a última década seguindo essa lógica de expor suas tecnologias à vida real. Inclusive, companhias como Cruise, da GM, e Waymo, da Alphabet (empresa controladora do Google), iniciaram o processo de testes veículos sem motoristas humanos em alguns ambientes urbanos considerados mais tranquilos nos EUA.
A Cruise, por exemplo, tem se baseado em réplicas virtuais de outras cidades norte-americanas além de São Francisco, na Califórnia (EUA), diz Sid Gandhi, líder de estratégia técnica de simulação.
Como o plano da startup funciona
Waabi World quer levar o uso da simulação para outro nível. A própria plataforma é gerada e controlada pela IA, que atua como instrutor de direção e "gerente do ambiente".
O objetivo é que ela seja eficiente em identificar as fraquezas da direção autônoma e reorganize o ambiente virtual para testá-las, segundo Urtasun.
A startup se baseia em dados obtidos de sensores físicos, incluindo câmeras, para criar "gêmeos digitais" de configurações do mundo real. Ou seja, reproduzir situações do dia a dia em um ambiente 100% virtual.
Em seguida, a empresa então simula os dados registrados pelo sensor, como reflexos em superfícies brilhantes, que podem confundir câmeras, e gases de escapamento ou neblina para tornar o mundo virtual o mais realista possível.
Por que isso importa
A empresa não é a primeira a desenvolver mundos virtuais realistas para testar software de direção autônoma. Nos últimos anos, a simulação tornou-se um pilar para as empresas de carros autônomos, segundo o site MIT Tecnology Review.
De acordo com a reportagem, hoje quase todas as empresas de veículos autônomos usam a simulação em algum momento. A opção acelera os testes, expõe a IA a uma variedade maior de cenários e reduz custos.
Por exemplo, a simulação é bastante útil para correções de eventos considerados raros, como alguém de bicicleta cortando a frente do carro, um caminhão da cor do céu bloqueando o caminho ou uma galinha atravessando a estrada.
O grande debate por trás é se a simulação por si só será suficiente para que a indústria derrube as barreiras técnicas finais que impediram o lançamento da solução. Atualmente, a maioria das empresas combina uma mistura entre simulação e testes do mundo real.
"Ninguém ainda construiu a Matrix para carros autônomos", diz Jesse Levinson, cofundador da Zoox, startup de veículos autônomos comprada pela Amazon em 2020.
*Com informações do MIT Technology Review
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