Grãos de areia ajudam cientistas a rastrear a história geológica da Terra
Os pequenos grãos de areia de uma praia podem revelar detalhes da evolução da Terra até então nunca estudados. É o que mostra uma técnica recente de pesquisa liderada pela universidade australiana Curtin University que consegue estimar as diferentes idades geológicas desses materiais.
Na pesquisa foram analisados minerais de zircão encontrados em depósitos de areia como praias e dunas de três continentes. A técnica recebeu o nome de "impressão digital de distribuição de idade". Através dela, os cientistas analisam fragmentos minúsculos do material para compreender a evolução geológica da Terra.
O zircão é um mineral que se forma sob condições de grandes temperaturas e pressão, como durante os atritos das placas tectônicas. Ele resiste bem à erosão e, à medida que sedimentos são depositados sobre ele, o mineral armazena informações importantes sobre a história do planeta.
"As praias do mundo registram fielmente uma história detalhada do passado geológico do nosso planeta, com bilhões de anos de história da Terra impressos na geologia de cada grão de areia, e nossa técnica ajuda a desbloquear essas informações", disse o sedimentologista Milon Barham, um dos autores da pesquisa.
Analisando os grãos de areia
Ao determinar a distribuição etária do zircão em uma amostra de areia, é possível ver quais eventos estavam acontecendo nas eras anteriores ao depósito de sedimentos sobre o mineral. Ela também lança luz sobre como o planeta desenvolveu uma atmosfera habitável "olhando mais para trás no tempo do que outros métodos de análise geológica", segundo os pesquisadores.
Para o estudo, os cientistas coletaram amostras de areia na América do Sul, Antártica Oriental e Austrália Ocidental.
"Os sedimentos da América do Sul são completamente diferentes porque há muitos grãos jovens no lado oeste que foram criados a partir de crostas mergulhando sob o continente, causando terremotos e vulcões nos Andes. Enquanto na costa leste tudo é relativamente calmo geologicamente e há uma mistura de grãos velhos e jovens colhidos de uma diversidade de rochas em toda a bacia amazônica", diz o geocronologista Chris Kirkland, coautor da pesquisa.
Reanalisando estudos
Além de extrair novos detalhes e confirmar as informações geológicas de estudos anteriores, a nova técnica pode ser aplicada para reanalisar dados de trabalhos antigos.
"Esta nova abordagem permite uma maior compreensão da natureza da geologia antiga, a fim de reconstruir o arranjo e o movimento das placas tectônicas da Terra ao longo do tempo", diz Barham .
*Com informações de Earth and Planetary Science Letters
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