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Do tamanho de um carro: asteroide atinge a Terra duas horas após detecção

2022 EB5 tinha entre 2m e 4m de diâmetro e atingiu nossa atmosfera sobre a costa da Noruega - Pixabay
2022 EB5 tinha entre 2m e 4m de diâmetro e atingiu nossa atmosfera sobre a costa da Noruega Imagem: Pixabay

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

16/03/2022 15h49Atualizada em 16/03/2022 15h57

Na última sexta-feira (11), às 18h22 (horário de Brasília) um pequeno asteroide atingiu a Terra, sobre o mar Ártico, na Noruega. Ele havia sido detectado apenas duas horas antes, pelo observatório húngaro Piszkéstet.

A rocha espacial, agora oficialmente chamada 2022 EB5, tinha entre 2 m e 4 m de diâmetro (mais ou menos o tamanho de um carro) e viajava a aproximadamente 18,5 km/s (66.600 km/h). O cálculo de sua trajetória indica que se tratava de um asteroide do tipo Apolo - que transitam entre o Sol e Marte -, com período orbital de 4,73 anos.

Veja nesta animação o local do impacto, a sudoeste da ilha norueguesa Jan Mayen:

A explosão gerada no momento da colisão com a atmosfera terrestre foi detectada por estações de infrassom da Groenlândia. Foram liberados de 2 a 3 quilotons de TNT - equivalente a dois pequenos mísseis nucleares tipo AIR-2 Genie. Para efeito comparativo, a bomba de Hiroshima liberou cerca de 15 quilotons de TNT.

"Caso houvesse uma detonação desta ordem em solo da cidade do Rio de Janeiro, todo material em um raio de 120 m seria vaporizado instantaneamente, com destruição de todas as construções a uma distância de 700 metros", de acordo com o Exoss, projeto brasileiro de monitoramento e pesquisa de meteoros, ligado ao Observatório Nacional.

Porém, um asteroide causa uma explosão bem distante do solo, em geral entre 20 km e 30 km de altitude, quando "bate" em nossa densa atmosfera. Se tivesse atingido a Terra sobre uma área habitada, não representaria perigo.

Moradores apenas ouviriam um estrondo e sentiriam um enorme estampido sônico: ondas de choque, que podem causar tremores e até quebrar janelas.

Por ser relativamente pequena, a rocha provavelmente foi vaporizada pelo atrito, em sua passagem pelo nosso céu. Se sobraram fragmentos (meteoritos), eram pequenos e nunca devem ser encontrados - pois caíram no oceano.

Defesa planetária colaborativa

Este foi apenas o quinto asteroide descoberto momentos antes de seu impacto com a Terra, e o primeiro encontrado a partir da Europa.

Corpos maiores, com pelo menos 100 metros de diâmetro, são detectados com mais facilidade e antecedência pelas agências espaciais, que estão sempre procurando objetos com potencial destrutivo. Para localizar os menores, contam com o trabalho de astrônomos profissionais e amadores pelo mundo.

Krisztián Sárneczky, o astrônomo que descobriu o asteroide de aproximando, a menos de 50 mil km da Terra, relatou o achado ao Minor Planet Center - organização colaborativa que analisa dados de asteroides e cometas. Assim, a comunidade internacional, incluindo a Nasa e a ESA (Agência Espacial Europeia), acompanharam e calcularam a trajetória do objeto.

Todos voltaram os olhos para os céus da Noruega. Porém, o impacto aconteceu em um local muito remoto, a 700 km da costa, e em um momento em que nuvens de baixa altitude prejudicaram as observações.

Até agora, não há relatos de registros deste pequeno asteroide. Uma pena, pois esta passagem deve ter gerado um meteoro bem brilhante, como uma linda bola de fogo no céu.