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ANÁLISE

Novo iPhone divide opiniões por ainda ter botão home; Apple parou no tempo?

iPhone SE (2022) pode ser o último celular da Apple com tela de LCD - Reprodução
iPhone SE (2022) pode ser o último celular da Apple com tela de LCD Imagem: Reprodução

Bruna Souza Cruz e Aurélio Araújo

De Tilt e colaboração para Tilt, em São Paulo

18/03/2022 14h06Atualizada em 18/03/2022 14h13

O iPhone SE (2022) é o novo celular de entrada da Apple e começa a ser vendido em vários países nesta sexta-feira (18) —no Brasil ainda não há uma data oficial, mas já existe um preço oficial: a partir de R$ 4.199.

O novo iPhone foi um dos grandes destaques do primeiro evento da empresa deste ano, realizado na última semana. Contudo, o lançamento voltou a trazer questionamentos sobre a falta de inovação da Apple em termos de design, algo que tão marcante para a empresa cofundada por Steve Jobs.

Na contramão da concorrência com telas infinitas e dobráveis, o aparelho ainda possui um botão com sensor de impressão digital —que a Apple lançou em 2013 e começou a "matar" em 2018. E bordas... muitas bordas em uma tela de 4,7 polegadas (11,9 cm).

Esse contexto deixou algumas pessoas com a sensação de que a Apple parou no tempo. Mas ela parou mesmo? A resposta não é simples e envolve, no mínimo, três "depende".

O primeiro tem a ver com o entendimento de onde a Apple encaixa sua linha iPhone SE diante dos aparelhos que ela continua vendendo atualmente: iPhone 11 e telefones dentro das famílias iPhone 12 e iPhone 13 (que possui quatro versões).

Iphone SE 2022 - Divulgação/Apple - Divulgação/Apple
iPhone SE 2022 tem uma tela de 4,7 polegadas
Imagem: Divulgação/Apple

1. Para quem é o iPhone com botão?

O iPhone SE deste ano chega em sua terceira geração. O processador potente igual ao da linha 13 e o menor preço são as principais estratégias usadas para convencer consumidores que nunca tiveram um telefone da empresa ou que possuem versões bem antigas.

Com preço definido em US$ 429 nos EUA, trata-se do valor mais em conta entre os aparelhos que compõem o atual portfólio da empresa norte-americana. A mesma coisa acontece no Brasil.

O iPhone 11, por exemplo, foi lançado em setembro de 2019 e ainda é vendido pela Apple. Ele começa custando R$ 4.999. Ou seja, R$ 800 a mais do que o SE deste ano.

Iphone 11 - Divulgação - Divulgação
iPhone 11 tem duas câmeras principais; iPhone SE (2022) tem apenas uma
Imagem: Divulgação

Para conseguir manter o menor valor em comparação com outros telefones da marca, a Apple usa o corpo de um iPhone antigo --no caso o do iPhone 8, deixa de lado algumas inovações, mas integra especificações técnicas mais atuais, de 2021, no caso. Essa
"receita de bolo" é tradicional em toda a linha SE.

Em poucas palavras, temos neste ano um celular que, tirando o design velho, possui melhor processador e um atualizado sistema de processamento de fotos (com inteligência artificial), e custa menos que o iPhone 11.

E aqui vale uma dica. Se você é uma pessoa que tem mais para gastar, quer um celular da Apple e ama um telefone pequeno, pesquise o iPhone 12 mini e o iPhone 13 mini. A tela deles segue o padrão "infinito" e ambos têm reconhecimento facial— que não está presente no SE 2022.

A Tilt, a Apple destaca que o foco é tornar o iPhone SE o primeiro celular da empresa para muita gente, com alta performance.

"O iPhone SE é um dos favoritos de nossos usuários atuais e de novos clientes do iPhone, com design, desempenho e formato que se encaixa na mão", afirma Kaiann Dramce, vice-presidente de marketing global de produtos para iPhone da Apple, a Tilt.

2. Mas não dava mesmo para tirar o botão?

Vamos para o nosso segundo "depende". O botão home não é apenas para navegar no celular. Ele funciona como um recurso de segurança, por ter um leitor de impressão digital integrado — o Touch ID— para desbloqueio da tela e autenticação de compras online, por exemplo.

Logo, se a empresa tivesse tirado essa tecnologia de jogo, não justificaria ter um aparelho com botão em 2022. Caso ela optasse por fazer isso, o preço provavelmente seria impactado — para mais.

Versão do iPhone SE lançado pela Apple em 2020 - Divulgação/Apple - Divulgação/Apple
Versão do iPhone SE lançado pela Apple em 2020
Imagem: Divulgação/Apple

Em resposta a Tilt sobre a decisão de continuar com um botão na linha SE, a empresa afirma que a tela de 4,7 polegadas com o Touch ID continua muito popular entre os usuários do iPhone.

Além disso, a companhia ressalta que o aparelho tem desempenho rápido do processador A15 Bionic, além do que os clientes podem obter nessa faixa de preço.

3. Existem consumidores que curtem o botão

Além do fator economia ao usar uma estrutura de celular antiga, que não exige grandes ajustes para tornar o telefone comercialmente viável, existe uma linha de fãs da Apple que amam o botão físico. Em uma busca rápida na internet, é possível sentir um pouco dessa relação.

A dificuldade de desbloquear o iPhone durante a pandemia de covid-19 por causa das máscaras também fez muitos donos do celular da empresa sonhar com a volta do sensor de impressão digital no aparelho.

Claro, não uma estrutura grande ocupando parte do celular, como a do iPhone SE (2022). Mas no botão de liga e desliga, como já funciona com a linha iPad Air.

A Apple lançou o primeiro iPhone SE em 2016. Modelo marcou a volta da empresa de tecnologia às telas de quatro polegadas para smartphones - Divulgação - Divulgação
A Apple lançou o primeiro iPhone SE em 2016. Modelo marcou a volta da empresa de tecnologia às telas de quatro polegadas para smartphones
Imagem: Divulgação

E por que dizem que a Apple não inova mais?

Como dito anteriormente, o iPhone SE (2022) tem um corpo bem antigo, mais precisamente de 2017 — alguns ainda veem semelhanças com o iPhone 6, de 2014. Mas, apesar disso, outra razão para essa falta de grandes atualizações no "look" do celular é que a Apple vem nos últimos anos investindo muito mais em melhorias internas do que externas.

Para entender esse cenário, é preciso voltar um pouco no tempo. Em 2007, quando o primeiro iPhone foi lançado, a Apple foi na contramão do mercado, removendo o teclado físico tradicional nos celulares e inserindo um teclado virtual, o que fez com que a tela de seu telefone fosse muito maior do que a de qualquer concorrente.

Primeiro iPhone - Reprodução - Reprodução
Primeiro iPhone
Imagem: Reprodução

A ideia de aumentar a tela não se perdeu desde então. Pelo contrário, com os smartphones rodando cada vez mais jogos, filmes e séries, os consumidores continuaram buscando telas grandes e com boa definição de imagem para satisfazer a experiência.

Um dos marcos da empresa nesse ponto foi com o lançamento do iPhone XS Max (6,5 polegadas; 16,5 cm), que ficou conhecido como o maior celular já feito pela empresa... até o iPhone 12 Pro Max (6,7 polegadas = 17 cm).

iPhone XS Max inaugurou linha de celulares da Apple com telas grandes - Bruna Souza Cruz/UOL - Bruna Souza Cruz/UOL
iPhone XS Max inaugurou linha de celulares da Apple com telas grandes
Imagem: Bruna Souza Cruz/UOL

A questão é que para quem vê de fora a Apple parou por aí em termos de visual. E não é de tudo mentira. O entalhe, nome dado ao corte na parte superior da tela, onde se encontra a câmera frontal e sensores de reconhecimento facial, ainda é muito grande comparado aos concorrentes.

Apenas no ano passado foi que o iPhone apresentou um recorte 20% menor —mas ainda grande— depois de anos mantendo a mesma coisa. Na parte traseira, as câmeras ganharam estruturas levemente diferentes. Mas nada radical.

Inovação certamente está onde "ninguém vê"

As mudanças que a Apple tem adotado ano a ano não são mais tão visíveis, o que não significa que não existem.

O investimento em evolução tem sido interno: seus processadores mais recentes usam tecnologia de 5 nanômetros, com quase 15 bilhões de transistores para lidar com as tarefas mais exigentes. O processador estreou na família iPhone 12, o que marcou o início de uma nova era de tecnologia de chips.

O iPhone 13 conta com uma CPU de 6 núcleos, que a empresa diz ser 50% mais rápida que qualquer outra do mercado, e com uma GPU de 4 núcleos, tornando-a até 30% mais rápida que as demais.

14.set.2021 - resumo do processador A15 Bionic, mais rápido do que as gerações anteriores - Reprodução - Reprodução
14.set.2021 - resumo do processador A15 Bionic
Imagem: Reprodução

Enquanto a GPU se ocupa em processar gráficos de forma detalhada, tornando as imagens mais bem definidas, a CPU é responsável pelo processamento dos demais dados. Ou seja, a linha mais recente do iPhone tem uma ótima combinação de uma placa de vídeo potente com um cérebro veloz para realizar suas tarefas.

Além disso, o chamado Neural Engine, mecanismo de inteligência artificial do iPhone, é capaz de realizar até 15,8 trilhões de operações por segundo, de acordo com a empresa, o que permite ao aparelho ter um aprendizado de máquina ainda mais rápido. Um processador com IA poderosa como essa consegue rodar bem jogos pesados e fazer fotos melhores.

O resultado pode ser avaliado em testes de benchmark, feitos para comparar o desempenho de diferentes softwares e hardwares. Em um deles, conduzido pela revista PCMag, o iPhone 13 Pro Max entregou uma performance 35% mais rápida que o Samsung Galaxy S22 Ultra, o melhor da mais recente linha da empresa sul-coreana.

A ótima performance continua sendo o destaque do iPhone. Contudo, as inovações internas também consomem bateria de forma mais rápida, e esse ainda é um grande calcanhar de Aquiles da marca: na comparação custo-benefício, os iPhones com bateria mais potente são sempre os mais caros, o que limita o poder de compra de muitos consumidores.

iPhone 14 pode ter novidade em design

Como é tradição anual, espera-se para setembro deste ano o anúncio de um novo iPhone, o 14, provavelmente. Dessa vez, uma das principais especulações envolve o design: o entalhe será finalmente reduzido?

É o que alguns analistas de mercado acreditam. Talvez, a Apple adote— com anos de atraso— o entalhe em formato circular para a câmera e uma pequena faixa para os sensores de reconhecimento facial.

Outra aposta do mercado é que o iPhone 14 pode ter um sensor de impressão digital sobre o botão de ligar e desligar o celular, como smartphones de diversas outras marcas já possuem. Se implantada, essa mudança não dispensaria o uso de Face ID, que segue sendo um dos marcos em tecnologia popularizado pela Apple.

Ter um iPhone com sensor de impressão digital na tela não parece estar nos planos próximos da Apple. Não, pelo menos, segundo os rumores.