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E se a Rússia deixar a Estação Espacial Internacional? Nasa prevê caos

Estação Espacial Internacional sobrevoa a Terra, vista da nave Crew Dragon, da SpaceX, em novembro de 2021 - Nasa
Estação Espacial Internacional sobrevoa a Terra, vista da nave Crew Dragon, da SpaceX, em novembro de 2021 Imagem: Nasa

Thaime Lopes

Colaboração para Tilt, em São Paulo

18/03/2022 13h59

Após ameaças do governo russo de encerrar a parceria com os Estados Unidos na operação da Estação Espacial Internacional (ISS), por conta do envolvimento da Otan na guerra na Ucrânia, a agência espacial norte-americana Nasa fez uma página de perguntas e respostas em seu site com detalhes respondendo à pergunta: o que aconteceria se a Rússia saísse da ISS?

Segundo a Nasa, é improvável que isso aconteça. Mas se rolar, o resultado pode ser caótico.

Conforme a própria agência explica, cada país que gerencia a ISS é muito dependente das ações dos outros colegas. Hoje, absolutamente nenhum programa espacial conseguiria permanecer na estação sem os companheiros estrangeiros — nem mesmo o russo, operado pela agência Roscosmos.

Cada país é responsável por uma parte do funcionamento da ISS. A Rússia, por exemplo, cuida da parte da propulsão (ou impulso), que controla a altitude, manobras de desvio de destroços espaciais, pouso de espaçonaves, entre outras ações.

Os EUA, por sua vez, cuidam dos painéis solares que fornecem energia para a operação russa e usa os equipamentos do Roscosmos para realizar suas próprias operações espaciais. Ou seja, existe uma codependência total entre as agências.

Mas e se mesmo precisando dos norte-americanos (e dos outros países) a Rússia decidisse sair da ISS? Nesse caso, a Nasa explica, a situação seria desastrosa. Como cada país tem uma função, os astronautas só sabem operar os programas de seus próprios países.

Se a Rússia desistisse, os astronautas da Nasa não saberiam lidar com os propulsores e isso afetaria não só os EUA, mas todos os outros membros da Estação. Isso significa que qualquer problema que surgisse simplesmente não poderia ser resolvido rapidamente, já que eles não poderiam mais contar com a ajuda dos russos.

E não estamos falando de um pneu furado na estrada, mas sim de situações que poderiam, inclusive, colocar em risco a vida dos astronautas que fazem a manutenção da ISS. Como a estação não foi feita para ser desmontada, uma tentativa russa de desencaixar seu segmento da operação norte-americana poderia ser desastrosa e extremamente arriscada para a segurança de todos os envolvidos.

Ameaças da Rússia

Planejada para ser operada até 2030, a Estação hoje corre mesmo o risco de ficar sem os russos? Se formos levar em conta as ameaças do responsável pelo Roscosmos, talvez. Dmitry Rogozin, líder pelo programa espacial russo, tem feito duras declarações sobre os EUA e a Nasa.

No Twitter, ele disse que se as sanções políticas e econômicas contra a Rússia devido ao conflito com a Ucrânia se estenderem ao Roscosmos, as consequências serão de alto risco.

Na sua rede social, ele falou sobre uma possível queda da ISS sobre os EUA, lembrando que os propulsores russos controlam a altitude da Estação. Ele também mencionou que 500 toneladas de estrutura poderiam cair na China e Índia. "A ISS não passa por cima da Rússia, então os riscos são de vocês. Estão prontos para eles?" concluiu Rogozin.