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Maior acesso à internet reduz índice de mortes por covid-19, aponta estudo

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Imagem: iStock

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

20/03/2022 16h03

Quanto melhor o acesso à internet de uma região, menos mortes por covid-19. É o que conclui um estudo da Universidade de Chicago, EUA, publicado este mês na revista JAMA Network Open.

Assim, internet também é questão de saúde e deve ser tratada como política pública. De acordo com os pesquisadores, para cada 1% que o acesso fosse aumentado em uma região, entre 2,4 e 6 mortes por 100.000 habitantes poderia ser evitada.

Foram utilizados dados apenas dos Estados Unidos, mas que tendem a se repetir pelo mundo todo. Eles mostram que a falta de conexão à rede — seja por banda larga, discada, ou celular — é um dos fatores mais fortemente associados a altas mortalidades.

Os pesquisadores encontraram o padrão especialmente em áreas rurais, onde o acesso é mais difícil, suburbanas e urbanas, em que a maioria das casas poderia estar conectada, se houvesse uma democratização da internet. No interior, uma variação de 1% de acesso à rede foi associada a 2,4 mortes por 10.000 pessoas. Na cidade, o efeito foi ainda mais forte: 6 mortes por 100.000. Nenhum outro fator demográfico ou socioeconômico mostrou um impacto tão significante.

A tendência se mostrava independentemente de outras características demográficas, como status socioeconômico, escolaridade, idade, deficiências e plano de saúde. A pesquisa concluiu que o que está em jogo é a facilidade de informação que a internet proporciona.

Desinformação e saúde pública

Desde os primórdios da internet, a inequidade de acesso atinge pessoas mais pobres, mais velhas, com menos educação, e minorias em geral. Entretanto, foi durante a pandemia de covid-19 que este cenário foi escancarado.

Era preciso estar online para trabalhar, estudar, pedir comida, receber notícias atualizadas, obter informações sobre sintomas e prevenção, saber onde encontrar exames e vacinas, e até para fazer consultas. Tudo isso impacta diretamente nossa vida — e morte.

Nos últimos dois anos, a internet passou para um lugar central em nossa rotina e se tornou um fator determinante em diversas áreas, inclusive a saúde. Ela pode não aumentar nossa imunidade ou proteger nossos pulmões, mas nos dá algo tão valioso quanto: informação.

Quem não está conectado, ou tem acesso limitado, depende do boca a boca e de seus contatos próximos, ficando alienado do mundo e à mercê de fake news.

De acordo com os pesquisadores, melhorar o acesso à internet agora teria efeitos positivos, que vão durar muito além da pandemia. "A telemedicina e o aprendizado online para crianças e adultos provavelmente vieram para ficar. E esta quase certamente não será nossa última emergência de saúde pública. Quaisquer que sejam os desafios que possam surgir, o aumento do acesso à banda larga provavelmente ajudará as pessoas a superá-los", disse a coordenadora do estudo, Susan Paykin.

Com informações do site Vox.