Afinal, assistentes do Google, Apple e Amazon estão mesmo nos espionando?
O uso dos assistentes de voz está cada vez mais comum no Brasil. Uma pesquisa da consultoria Ilumeo mostra que 48% dos entrevistados utiliza essa ferramenta pelo menos uma vez por semana.
De fato, o mecanismo ajuda em algumas tarefas, como saber a previsão do tempo, situação do trânsito, uma pesquisa rápida ou até enfileiramento de música. Só que, apesar das funcionalidades, você já parou para pensar que pode estar sendo vigiado sem saber por essas ferramentas? Será que isso é real ou só uma viagem da nossa cabeça.
Atualmente, existem no mercado diversos assistentes de voz, porém os mais populares são o Google Assistente, usado principalmente em celulares Androids; o Siri, em smartphones da Apple; e a Alexa, desenvolvida para ser usado nos alto-falantes inteligentes da Amazon.
Basicamente, todos os assistentes são softwares que utilizam de IA (Inteligência Artificial) para responder a determinados comandos e com base em armazenamentos em nuvens. Mas agora, existe a possibilidade de que os periféricos estejam atentos a muito mais do que nossas ordens.
Assistentes e... espiões?
Com a popularização dos assistentes em nossa rotina, é comum encontrar na internet teorias de que essas ferramentas nos ouvem sem nosso consentimento — e com isso direcionam alguns conteúdos com base do que a gente diz. Ou melhor, sem a gente dar aquele "ok, Google" para ativá-lo.
E o boato não é novo: em 2018, o internauta Tiago Porto ironizou a situação que passou com o assistente de voz em uma postagem que viralizou nas redes sociais.
A experiência relatada na publicação foi reforçada por demais usuários no Twitter. À época, a Meta negou que captava áudios nos microfones dos celulares.
Já em 2019, uma reportagem da agência de notícias Bloomberg, revelou indícios de que somos espionados pelos assistentes. A publicação afirmou que uma série de funcionários da Amazon estava por trás do sistema de comando de voz, ouvindo tudo o que era dito, mas com a intenção de melhorar a interação do software com os humanos.
Sob a condição de anonimato, os empregados disseram que as gravações eram ouvidas, transcritas e depois mandadas de volta. Assim, segundo contaram à Bloomberg, não haveria falas nas respostas do sistema. Os funcionários da Amazon, no entanto, garantiram na ocasião que não existia armazenamento de informações pessoais.
Em outra ocasião, em 2016, o Google também negou que grave os áudios ininterruptamente dos seus usuários.
Privacidade em jogo?
Para Marco Konopacki, pesquisador da área de tecnologia, é possível, sim, que os áudios sejam usados para gerar informações, como o direcionamento de anúncios de produtos.
"Para conseguir responder ao comando 'Ok, Google', por exemplo, o assistente pessoal precisa estar te ouvindo o tempo inteiro", apontou, em entrevista a Tilt.
O especialista, contudo, diz que ouvir a gente o tempo inteiro não significa que nossos áudios são gravados ou que somos espionados. "Até o momento, por exemplo, não há nenhum caso comprovado de que isso aconteça", ponderou.
O mesmo entendimento tem Lucas Teixeira, pesquisador e diretor técnico da Coding Rights —organização com foco na promoção dos Direitos Humanos no mundo digital.
"Embora as assistentes pessoais fiquem ativas 24h, elas, na maioria dos casos, só gravam as informações a partir de sua ativação. Ou seja, quando elas interagem com os usuários", explica.
Então, como se explica as propagandas direcionadas? Para Teixeira, isso tem relação o armazenamento de dados de pesquisas passadas que fazemos na internet, os chamados cookies. Se um dia, por exemplo, você pesquisar no Google sobre viagens, a inteligência usada pelo mecanismo de busca vai passar a traçar anúncios com base no seu interesse.
"O usuário pode, a partir do áudio, fazer uma busca no Google sobre uma viagem e essa busca gerar cookies, que vão traçar o seu perfil e gerar propagandas atrelados aos seus interesses", concluiu Teixeira.
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