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Barato, só que não: por que o iPhone SE está mais caro do que há dois anos?

iPhone SE (2022) em divulgação no evento da Apple - Divulgação
iPhone SE (2022) em divulgação no evento da Apple Imagem: Divulgação

Vinícius de Oliveira*

Colaboração para Tilt, em São Paulo

01/04/2022 04h00Atualizada em 01/04/2022 13h08

O iPhone SE (2022) poderá ser comprado no Brasil a partir desta sexta-feira (1º). A Apple inicia hoje a pré-venda do modelo em seu site. O lançamento por aqui começa custando R$ 4.199, e marca posição por ser o iPhone mais barato entre os celulares vendidos por ela atualmente.

O problema, porém, é que as expectativas dos consumidores de ter um celular da Apple mais em conta acabaram sendo impactadas pelo preço. O SE 2022 chega custando R$ 500 a mais do que a sua geração anterior, lançada em 2020 por R$ 3.699.

Nos Estados Unidos, o preço de lançamento (US$ 429) também foi maior: US$ 30 a mais. Na Austrália, esse aumento foi de A$ 40, subindo de A$ 679 para A$ 719.

A Apple não comenta oficialmente os motivos que fizeram os preços de partida do novo iPhone subirem em diferentes países.

Mas, segundo dados do mercado, o custo maior de produção do modelo pode ser um dos motivos. No caso do Brasil, a alta do dólar e questões fiscais são outros dois culpados.

Semicondutores e inflação

O iPhone SE (2022) usa o processador A15 Bionic, o mesmo trazido pela Apple em 2021 na linha iPhone 13, o atual topo de linha da companhia. Trata-se do chip mais moderno da Apple. O novo celular é até 1,8 vezes mais rápido que o iPhone 8, de acordo com a empresa.

De acordo com um relatório feito pela empresa TechInsights, os custos para a produção desse processador mais potente são mais altos do que o A13, usado no SE de dois anos atrás.

Além disso, a escassez de semicondutores devido à pandemia de covid-19 tem afetado a produção de novos celulares desde 2020.

Outro motivo seria a inflação global: Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, tiveram a maior alta inflacionária das últimas décadas.

Por isso, o aumento nos preços finais dos produtos (e não só iPhone) tende a se espalhar globalmente.

Pandemia agravou mercados

Durante o período mais grave da pandemia e medidas de isolamento social, as cadeias de produção de eletrônicos foram interrompidas, diminuindo a oferta de produtos no mercado.

No caso da China, por exemplo, existe a política "Covid Zero", que tenta erradicar a doença do país asiático. Com isso, ainda há fechamento de fábricas onde o iPhone é montado.

O resultado, de modo geral, é menos oferta de produtos e mais procura (com a economia começando a reaquecer), causando aumento nos preços dos insumos usados pela Apple.

Expectativa alta de vendas

Quando foi lançado em 2016, a primeira geração do iPhone SE foi anunciada como o "iPhone mais barato de todos os tempos". O preço refletiu nas vendas, já que mais de 24 milhões de unidades foram vendidas logo no primeiro ano.

De acordo com o analista Suejong Lim da Counterpoint Resarch, uma empresa de pesquisas que faz análises sobre o mercado de tecnologia e indústria de dispositivos móveis, um terço dessas vendas foram no Japão. Outro terço foi vendido nos Estados Unidos e na China.

Apesar do preço mais caro do iPhone SE, ele e outros analistas preveem que a Apple venda até 30 milhões de unidades do novo smartphone ainda em 2022.

Estima-se que existam mais de 225 milhões de iPhone com mais de três anos e meio de uso, um público em potencial para a Apple atingir com o novo aparelho.

O que muda no novo iPhone SE?

O iPhone SE deste ano tem compatibilidade com o 5G. O visual não mudou em comparação com a sua versão anterior. Isso significa que o aparelho não possui reconhecimento facial e mantém o botão físico de Início, com leitor de impressões digitais.

O aparelho possui ainda uma câmera traseira, de 12 MP de resolução. E outra lente frontal. Por causa do novo processador, o telefone ganhou novas funções com inteligência artificial integradas à câmera, como o modo retrato, que deixa o fundo borrado; opções de iluminação artificial, sem a necessidade de uma lente extra para isso; e Deep Fusion, algoritmo que ajusta os contrastes das fotos de acordo com o ambiente.

Outra mudança no iPhone SE de 2022 está no vidro usado na sua construção. De acordo com a Apple, a empresa usou a mesma tecnologia aplicada no iPhone 13, que diz ser a mais resistente do mercado.

O celular também tem certificação IP67, o que significa que o aparelho se protege contra poeira e submersão em água até 1 metro por 30 minutos.

A tela continua de LCD, ao invés de Oled dos iPhones mais recentes, com 4,7 polegadas (11,9 cm de um canto ao outro, na diagonal).

*Com informações da reportagem de Lucas Carvalho e dos sites Tech Radar, Apple Insider e Counterpoint Research; colaborou Bruna Souza Cruz, de Tilt.