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Por que o gás hélio deixa a voz fina?

Quando inalamos o gás hélio, nossa voz fica mais aguda por alguns instantes; por que isso acontece? - Getty Images
Quando inalamos o gás hélio, nossa voz fica mais aguda por alguns instantes; por que isso acontece? Imagem: Getty Images

Aretha Yarak

Colaboração para Tilt

02/04/2022 07h00

Quando inalamos o gás hélio, normalmente usado em balões de festa, nossa voz fica mais aguda por alguns instantes. A brincadeira, que sempre rende boas risadas, tem uma explicação simples relacionada com o peso do gás.

Nossa voz é formada nas pregas vocais, que vibram com a passagem do ar vindo dos pulmões. O som formado ali nas pregas, entretanto, é baixo. Ele ganha volume conforme ricocheteia pelas paredes da cavidade oral: garganta, faringe, boca e cavidades nasais.

E todo esse percurso é ocupado pelo ar atmosférico, composto majoritariamente de nitrogênio e oxigênio. Então, quando inalamos hélio, o conteúdo da cavidade oral muda: ela fica cheia desse gás mais leve que o ar.

Isso altera a velocidade com que o som se propaga das cordas vocais para o ambiente externo. Por isso, nossa voz fica com aquele tom de "pato".

Embora possa parecer divertido mudar o timbre deste jeito, é preciso ter cuidado. Apesar de não ser prejudicial à saúde, inalar gás hélio em excesso pode causar tontura e, em casos mais graves, asfixia por falta de oxigênio.

Em situações extremas, ele pode, assim como qualquer outro gás, formar pequenas bolhas no cérebro e até levar a AVCs (acidentes vasculares cerebrais) e morte.

Dá para deixar mais grave também

Se uma pessoa ingerir um gás mais pesado do que o ar, como o xenônio (gás nobre usado na fabricação de processadores, por exemplo), em teoria sua voz ficaria mais grave. A velocidade da onda do som seria menor e haveria um descompasso de frequência ao ricochetear pela parede da cavidade oral.

Com os gases mais pesados, porém, a caixa acústica dificilmente conseguira ressoar adequadamente. Assim, teríamos uma voz grave, mas muito baixa.

*Fonte consultada: físico Francisco Guimarães, do Instituto de Física de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo).