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Quer economizar? Apps de compras em grupos prometem descontos de até 70%

Apps de compras em grupo incluem até alimentos perecíveis - iStock
Apps de compras em grupo incluem até alimentos perecíveis Imagem: iStock

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

06/04/2022 04h00

O comércio eletrônico tem lançado estratégias cada vez mais agressivas para conquistar clientes. A febre agora são os aplicativos de compras em grupo, que prometem descontos de até 70%.

Neste novo modelo de "social commerce", o app lança uma oferta e a condiciona a um número mínimo de compradores. Se esse número for atingido dentro do prazo estipulado, a promoção é ativada e o cliente recebe um cupom por email ou no próprio aplicativo para finalizar o negócio.

A ideia é que os próprios interessados ajudem a viralizar as promoções, atraindo novos participantes para atingir a cota necessária. Quanto mais elas forem compartilhadas, mais o preço pode cair.

Na plataforma Facily, uma das primeiras a serem lançadas no país, em 2018, o catálogo inclui 190 mil produtos, de eletrônicos até roupas, segundo a empresa. Mas são os alimentos e produtos de higiene pessoal e limpeza que mais fazem sucesso. Vendem-se até alimentos perecíveis, como frutas e verduras — uma das razões para sua popularização durante a pandemia de covid-19.

De olho na oportunidade, o Magazine Luiza também lançou recentemente, em seu aplicativo, a função Compra Junto. Ela oferece preços de atacado, com descontos de até 55%, para os usuários que conseguirem formar um grupo interessado.

Na estreia, por exemplo, um iPhone 11 podia ser adquirido por R$ 3,8 mil — bem abaixo dos R$ 4.999 na loja tradicional.

Interface do Compra Junto, função de compra coletiva do app da Magalu - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O app também dá a opção de comprar individualmente com desconto. Mas o percentual é menor do que na compra coletiva.

"Conseguimos chegar a esses valores porque conectamos, via marketplace, produtores com usuários. Ou seja, cortamos os intermediários", afirma Diego Dzodan, cofundador e presidente-executivo da Facily.

Formato tende a se ampliar

O modelo de compras coletivas já foi febre no Brasil antes, com os sites de cupons. Os maiores players dessa modalidade, Peixe Urbano e Groupon, encerraram suas atividades nos últimos dois anos.

De acordo com especialistas, o modelo de negócio com cupons foi ficando obsoleto, especialmente porque, via de regra, as mesmas empresas ofereciam as mesmas ofertas para os mesmos clientes.

Além disso, faltava integração com as redes sociais —uma falha já bem resolvida nos apps atuais.

"Essa é uma modelagem mais moderna, que incorpora elementos dos clubes de compras, rede social e marketplace, na medida que integra compradores e vendedores em plataformas digitais", avalia o especialista em transformação digital Fernando Moulin.

Ele acredita que, embora ainda enfrente desafios, essa nova modalidade tende a crescer, principalmente com a entrada de uma grande rede varejista e uma maior exposição das ofertas nas mídias digitais.

"Com a Magazine Luiza atuando nessa frente a partir de agora, certamente outros varejistas vão copiar", afirma.

Novo modelo, novos problemas

Com o rápido crescimento desse modelo de compras coletivas, muitos problemas começaram a surgir, especialmente relacionados a questões de logística. Entre janeiro e dezembro do ano passado, 151 mil reclamações contra a Facily foram registradas só no Procon de São Paulo.

A plataforma precisou assinar um termo de compromisso com a entidade de defesa do consumidor e se comprometeu a reembolsar clientes e criar mecanismo para facilitar a notificação de problemas em compras. Hoje, se um pedido estiver atrasado, o cliente pode fazer o cancelamento direto no site.

Para Moulin, a Magalu não deve enfrentar esse tipo de situação pelo know-how que possui com logística e pela grande rede de lojas parceiras e centros de distribuição espalhados por todo o país.

Dicas para usar apps de compra coletiva

  • Preste atenção às regras e informações referentes a cada promoção;
  • Confira o valor do desconto e acompanhe o prazo para expirar e a adesão;
  • Verifique também o prazo de validade e as regras de utilização do cupom de desconto, especialmente ao adquirir serviços;
  • Fique esperto: é possível que, ao demonstrar interesse na oferta, a empresa já reserve o valor do produto no cartão de crédito informado;
  • Caso sua encomenda não chegue no prazo informado, notifique a empresa através dos canais próprios de atendimento e denúncia. No caso da Facily, há a possibilidade de cancelar o pedido atrasado diretamente no site da empresa. Lembre-se de anotar o número do protocolo;
  • Registre uma notificação no Procon de seu estado.