Causa câncer? É pior que cigarro? A tecnologia por trás do vape
Durante muito tempo, o cigarro eletrônico, também conhecido por vape, foi apontado como uma alternativa menos danosa à saúde do que o cigarro comum. Hoje, médicos e entidades como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já se posicionam contra o aparelho.
Mas você sabe como eles funcionam? E será que eles são mesmo menos prejudiciais do que cigarros comuns?
Como funciona?
O cigarro eletrônico pode ter formatos variados, desde uma caneta até um dispositivo mais retangular. Mas seu funcionamento é o mesmo: ele aquece um líquido até que vire um vapor a ser tragado.
Quando o usuário aperta um botão, a bateria do aparelho faz uma corrente elétrica percorrer uma bobina (como se fosse a resistência de um chuveiro). Esse trajeto gera calor - é o fenômeno conhecido como Efeito Joule.
Ao chegar a uma temperatura próxima dos 300 ºC, o líquido começa a virar vapor. Geralmente, ele composto por propileno glicol, glicerina e outras substâncias naturais e sintéticas para conferir sabor. Em alguns casos, pode haver também nicotina e até THC (tetra-hidrocanabinol), um dos principais responsáveis pelos efeitos da maconha.
Nos modelos não-descartáveis, esse líquido fica armazenado em um tanque, que precisa ser reposto. Alguns vapes também têm funções como controle de temperatura ou de fluxo de vapor.
Dúvidas comuns
- Cigarros eletrônicos são legais no Brasil?
Não. De acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009, é proibida a comercialização, importação e propaganda desses dispositivos. "Especialmente os que aleguem substituição de cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo e similares no hábito de fumar ou objetivem alternativa no tratamento do tabagismo", reforça a resolução.
Isso também significa que os aparelhos e líquidos à venda ilegalmente no país não passam por qualquer teste de qualidade, o que impossibilita atestar sua segurança para uso.
- Eles são seguros?
Aqui há controvérsias. Para começar, a inalação de vapores quentes, por si só, já podem causar danos à mucosa da boca e garganta.
Outro problema é que, por não haver regulamentação no Brasil, é impossível atestar a procedência e a padronização dos líquidos. Na pior das hipóteses, isso significa consumir substâncias que podem causar muito mal à saúde.
Algumas figuras importantes no cenário médico brasileiro já expressaram sua preocupação com os vapes - por exemplo, o cardiologista Drauzio Varella.
Por fim, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention, ou Centros de Controle e Prevenção de Doenças), que é uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, criou uma denominação chamada Evali (Electronic Vaping Associated Lung Injury, ou Danos Pulmonares Associados ao Cigarro Eletrônico).
Ela provoca falta de ar, tosse e expectoração sanguinolenta. Nos casos mais graves evolui para insuficiência respiratória com necessidade de intubação, podendo causar óbito.
Até fevereiro de 2020, mais de 2.800 pessoas com estas características foram hospitalizadas nos Estados Unidos. A maioria dos casos, com pacientes abaixo dos 24 anos, evidenciando como esses aparelhos são atrativos para o público jovem.
No total, já foram confirmadas 69 mortes.
- Causam dependência? Podem causar câncer?
No primeiro caso, depende dos componentes do líquido. A presença da nicotina pode causar dependência.
Sobre câncer, ainda não há dados conclusivos - em especial porque o uso dos vapes é relativamente recente. Câncer e as pesquisas relacionadas à condição demandam alguns anos de exposição à substância cancerígena. Evidências científicas mais embasadas devem surgir em um futuro próximo.
Fontes:
- Celso Padovesi, pneumologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
- Rudolf Buhler, docente do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI
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