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Militares comandavam páginas de fake news sobre a Amazônia, diz Facebook

As desinformações diziam respeito especialmente ao desmatamento na Amazônia - jpc.raleigh/CC BY-NC 2.0
As desinformações diziam respeito especialmente ao desmatamento na Amazônia Imagem: jpc.raleigh/CC BY-NC 2.0

Do UOL, em São Paulo

07/04/2022 15h06Atualizada em 08/04/2022 08h03

Oficiais do Exército eram responsáveis por manter páginas de desinformação sobre a Amazônia e outras pautas ambientais nas redes sociais. Foi o que revelou hoje o Facebook por meio de um relatório trimestral sobre ameaças na plataforma.

Foram 14 contas falsas, com nove páginas e mais 39 contas do Instagram identificadas e derrubadas. Todas elas violavam a política contra comportamento inautêntico coordenado da rede.

Todas as informações coletadas foram compartilhadas ainda com a Graphika, empresa que monitora redes sociais e que apresentou um relatório independente, não apenas confirmando as informações, mas até acrescentando algumas delas.

Em um primeiro momento, em 2020, esse grupo de páginas postou memes sobre questões sociais e políticas, incluindo pautas como reforma agrária e conteúdo sempre crítico ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua condução na pandemia da covid-19. Foram apenas 3 meses com esse teor de postagens e pouco engajamento foi gerado.

No segundo momento, o foco mudou: a partir do ano passado foram criadas páginas que se passavam por ONGs fictícias e ativistas focados em questões ambientais na região do Amazonas. No entanto, os posts elogiavam a conduta do governo federal, relativizavam o desmatamento na região e criticavam ONGs ambientais verdadeiras que se manifestassem sobre a situação do bioma brasileiro.

Para parecerem criadores de conteúdo orgânicos e verdadeiros, o grupo compartilhava conteúdo da mídia convencional e imagens de fotógrafos. Em uma das vezes, o Facebook identificou que foi usada uma foto de perfil gerada usando técnicas de inteligência artificial.

Quanto às ligações com o Exército, pelo menos quatro integrantes foram identificados em suas contas reais, nas quais apareciam fardados e há pelo menos 10 anos postavam sobre a rotina militar e recebiam congratulações por conquistas. O relatório do Facebook conseguiu detectar que estas pessoas ligadas à força armada ingressaram entre 2012 e 2014 na corporação.

O conteúdo de desinformação sobre a Amazônia contava, na somatória de todas as páginas, com 23.600 seguidores. O grupo ainda gastou US$ 34 (cerca de R$ 160 no câmbio atual) com anúncios no Facebook e Instagram, pagos em real.