De enguia a 'Transformer': o futuro é dos drones subaquáticos; veja vídeos
Enquanto o resto do mundo discute o uso cada vez maior de drones aéreos para serviços como entrega e vigilância, futuristas como Amy Webb, CEO do Future Today Institute, estão olhando para baixo. Mais especificamente, embaixo d'água.
De acordo com a edição 2022 de seu famoso relatório Tech Trends Report, este é o ano em que drones subaquáticos ganharão mais espaço e notoriedade, graças a uma série de avanços tecnológicos.
Assim como os "voadores", esse tipo de drone pode ter um vasto uso doméstico (em pescarias, por exemplo). Mas, mais importante, pode revolucionar setores como abastecimento, energia e comunicação, que muitas vezes demandam manutenções complexas no leito de rios, mares ou até oceanos inteiros.
Novas formas de energia
Drones subaquáticos já eram muito usados para inspeções em instalações que ficam em parte ou totalmente submersas, como pontes, plataformas marinhas e cabos submarinos. Em termos industriais, outra ramo que esses aparelhos são atraentes é na inspeção de fazendas solares e eólicas instaladas no mar.
Mas traziam uma preocupação: os próprios aparelhos tinham uma alta pegada de carbono. Um dos avanços no segmento é justamente a propulsão elétrica. Na esteira das baterias de lítio, que ajudaram smartphones a funcionar por mais tempo, agora os drone subaquáticos também ganharam uma autonomia razoável.
O sistema PB3 PowerBuoy, criado pela Ocean Power Technologies, é ainda mais inovador: ele usa o próprio movimento das águas para gerar energia limpa e renovável. Boias na superfície ativam um gerador, que transmite a energia por um cabo a uma doca submarina. O drone se recarrega toda vez que atraca nessa plataforma.
Esse sistema também soluciona outra questão complexa dos drones subaquáticos em relação aos aéreos: a comunicação. Vários modelos mais antigos tinham sua movimentação restringida porque precisavam estar conectados, por cabo, até a base de controle (subaquáticas ou na superfície).
Enguia e "transformer"
Por outro lado, enquanto os drones aéreos costumam ser limitados a um design relativamente padrão (uma plataforma geralmente sustentada por quatro ou mais hélices), os subaquáticos podem assumir diferentes formatos, mais adequados a funções específicas.
Um exemplo disso é o Eelume, da Eelume Subsea Intervention, previsto para ser lançado ainda este ano. Como o início do nome indica, ele parece uma enguia ("eel", em inglês), com 5,7 metros de comprimento.
Capaz de alcançar até 500 m de profundidade, ele possui diversas funções para a limpeza e manutenção de tubulações e outras estruturas submersas e pode fazer isso de forma autônoma.
Já o modelo Aquanaut, da Houston Mechatronics, é ainda mais versátil. Ele pode navegar usando a forma de um submarino e, com um comando, se transformar em um robô com braços, útil para manipular objetos e estruturas sob a água.
Tanto no "modo submarino" quanto no "modo robô",ele pode ser controlado à distância, sem fio. No ano passado, foi lançada a versão MK II, capaz de atingir uma profundidade ainda maior, com braços que permitem movimentos ainda mais precisos.
Chegando no consumidor comum
Nem todas as novidades estão pensando apenas nas grandes indústrias ou empresas. Em outubro, a ECA Group, que trabalha há 40 anos no segmento, lançou o R7, voltado para profissionais sem experiência em veículos autônomos submarinos. O público inclui piscicultores, pesquisadores ou proprietários de estruturas subaquáticas.
É a prova do apelo comercial para um drone "do dia-a-dia": ele sacrifica alcance (apenas 300 m de profundidade), mas traz câmera full HD com zoom de até quatro vezes, iluminação por LED e um braço mecânico com cinco funções, capaz de erguer objetos de até 2 kg. A ideia toda é que ele funcione como um plug-and-play (ligar e já sair usando, sem curva de aprendizado).
E por falar em "play", outro mercado em potencial são o dos perscadores esportivos. A chinesa PowerVision lançou o PowerRay, que recebe a linha de pesca e é guiado remotamente pelo usuário até um cardume, usando sensores como um sonar.
Quando o peixe é fisgado, o aparelho é capaz de filmar todo o processo, transmitindo as imagens em tempo real para o celular por meio de um cabo ligado à superfície. Ele tem bateria que dura até quatro horas e pode mergulhar a até 30 metros de profundidade.
Conceito antigo
Drones subaquáticos já estão em uso há mais de meio século. seus primeiros exemplares datando da década de 1950. Os primeiros começaram a ser desenvolvidos na década de 1950, pela Marinha dos Estados Unidos.
O principal intuito era encontrar e recuperar objetos submersos. Nos anos 1960, um deles resgatou uma bomba nuclear submersa na costa espanhola - comprovando o potencial dessa nova tecnologia.
A partir daí, o uso desses aparelhos foi consideravelmente ampliado e, paralelamente, deixou de ser exclusivamente militar.
A descoberta dos destroços do Titanic, em setembro de 1985, só foi possível graças ao drone Argo, equipado com sonar e câmeras, e ao robô Jason, que era preso ao drone e conseguia "tatear" o fundo do mar e produzir imagens
Foi com eles que a expedição franco-americana liderada por Jean-Louis Michel e Robert Ballard conseguiu descobrir a exata localização dos restos do naufrágio de 1912 - a cerca de 3,8 km de profundidade.
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