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Cerveja, comida e shows: como as 'Big Techs' retomam o trabalho presencial

Empresas estão oferecendo shows, buffets e até mesmo folga para funcionários quererem voltar aos escritórios - iStock
Empresas estão oferecendo shows, buffets e até mesmo folga para funcionários quererem voltar aos escritórios Imagem: iStock

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt, em São Paulo

13/04/2022 17h00

Comida grátis, degustação de vinhos, festinhas e até shows de popstars, como Lizzo: as Big Techs dos Estados Unidos estão usando uma série de atrações para tentar convencer seus funcionários de que o trabalho presencial não é tão ruim assim.

Após mais de dois anos em home-office devido à pandemia, muitos colaboradores de empresas como Google, Microsoft e Apple, não estão satisfeitos em voltar a trabalhar nos escritórios. Por isso, elas têm se movimentado para tornar o retorno menos enfadonho.

No Google, por exemplo, os altos executivos contrataram um show privado da cantora norte-americana Lizzo, exclusivo para seus funcionários, a ser realizado agora em abril. Ele acontecerá no anfiteatro da sede da empresa, em Mountain View.

A ideia é que o retorno ao trabalho presencial seja "não apenas produtivo, mas também divertido", informa a empresa um comunicado interno. Segundo o The New York Times, além do show exclusivo, o Google também prometeu vários "eventos surpresa" para os trabalhadores, com comida e brindes.

Cerveja no escritório

A Qualcomm, famosa por seus chipsets de smartphones, adotou outra estratégia: usar bebidas alcoólicas para convencer os funcionários de que o escritório também pode ser descolado.

Primeiro, a equipe teve um "happy hour" especial com o chefe executivo Cristiano Amon, na sede em San Diego. Depois, foram organizados vários eventos semanais, com nomes como "Take a Break Tuesday" (em tradução livre, "terça-feira da pausa") e "Wellness Wednesday" ("quarta-feira do bem-estar"), para fazer com que os funcionários se sentissem mais relaxados no trabalho presencial. Neles, além de comida e camisetas, também foram oferecidas bebidas alcoólicas.

Algo parecido ocorreu no escritório da Microsoft em Redmond, Washington: no retorno presencial em fevereiro, os empregados tiveram degustações de cerveja e de vinho. Além das comidas, a empresa trouxe shows com bandas locais e aulas de como pintura, artesanato e até construção de terrários. A ideia era fazer com que o trabalho fosse o menos intimidador possível.

A comida também foi um trunfo: tudo, de tacos a frango frito, passando por churrascos, comida coreana, pizzas e sanduíches foram colocados à disposição das equipes. A diferença é que, na empresa dona do Windows, as refeições não eram de graça.

Saudades de casa

Segundo Adam Galinsky, professor de administração da Universidade de Columbia em Nova York, as atrações são uma maneira de recompensar os funcionários por voltar ao escritório — ainda que de forma forçada e em apenas alguns dias na semana — em vez de puni-los por ficar em casa.

"Essas celebrações e regalias são um reconhecimento por parte das empresas de que elas sabem que os funcionários não querem voltar ao escritório, certamente não com a frequência de antes", afirmou Galinsky ao The New York Times.

Nick Bloom, professor de economia da Universidade de Stanford, divide a mesma opinião. Como os funcionários economizavam ao menos uma hora por dia ao não precisar ir e voltar do trabalho, "dá para entender por que eles não preferem voltar ao escritório só por pães grátis ou para jogar pingue-pongue".

Ajuda no transporte

Sabendo que muitos consideram incômoda a rota de ida e volta ao escritório, o Google já oferecia, antes da pandemia, ônibus luxuosos aos seus funcionários, equipados até com wi-fi, para que pudessem comparecer ao trabalho. Agora, a empresa pretende ir ainda mais longe: criou um programa para reembolsar o aluguel mensal de uma scooter elétrica.

São US$ 49 (R$ 229) mensais para quem optar por ir trabalhar presencialmente usando o veículo, que é similar a uma motoneta. Além disso, ajuda a evitar o medo de aglomerações no transporte, já que se trata-se de um meio individual.

A ideia é manter os funcionários satisfeitos, para que não ocorram reclamações coletivas, como aconteceu na Apple. No ano passado, quando foi anunciado o retorno presencial, mais de mil funcionários da empresa de Cupertino organizaram um abaixo-assinado pedindo regimes de trabalho mais flexíveis do que apenas a presença física na sede.