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O que é e como surgiu o 'Desafio Euphoria', que apavora pais e professores

Rue (Zendaya) no primeiro episódio da segunda temporada de Euphoria - Eddy Chen/HBO
Rue (Zendaya) no primeiro episódio da segunda temporada de Euphoria Imagem: Eddy Chen/HBO

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt*, em Florianópolis

14/04/2022 13h37

Um novo desafio que viraliza nas redes sociais têm chamado atenção de pais e autoridades escolares. Alunos estão inalando corretivo em pó como se estivessem simulando drogas. O caso já tem registro de alerta de colégio em pelos menos três estados: Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

Vídeos compartilhados nas redes sociais, sobretudo TikTok, mostram que os adolescentes passam o corretivos na mesa ou em outra superfície plana. Depois que o produto seca e se torna sólido, ele é raspado, para ganhar a consistência de pó. Então, a substância é organizada em fileiras, para serem "cheiradas", ou guardada em recipientes para uso posterior.

Desafio com corretivo viralizou nas redes, principalmente TikTok - Reprodução - Reprodução
Desafio com corretivo viralizou nas redes, principalmente TikTok
Imagem: Reprodução

A prática não é considerada ilegal, mas especialistas alertam que pode causar danos à saúde, pois o produto, apesar de ser feito à base d'água, contém substâncias tóxicas, como dióxido de titânio, que serve para deixar o líquido com a cor branca.

Como surgiu?

Segundo alertas emitidos por colégios, o ato é chamado de "trend do corretivo" ou "desafio Euphoria".

Trata-se de uma referência à série Euphoria, com duas temporadas exibidas na HBO e no streaming HBO Max. O enredo aborda como um grupo de adolescentes lida com os acontecimentos dessa faixa etária durante o ensino médio — incluindo o uso de drogas. A classificação indicativa do programa é 18 anos.

"Fiquem atentos aos celulares e conteúdos a que os filhos têm acesso na internet. Estamos de olho em nossos alunos, caso ocorra dentro de nossa unidade os pais ou responsáveis serão chamados na escola", diz um comunicado do colégio estadual Guilherme Giorgi, de São Paulo.

"Prontamente identificamos a ação, conversamos e orientamos os alunos e chamamos todos os pais dos envolvidos para alertar sobre a vulnerabilidade perante as redes. Tratam-se de excelentes crianças, que não escaparam do perigo de serem influenciadas. Cabe a nós, adultos, limitarmos o acesso a conteúdos não adequados - redes sociais, séries, filmes - e sobretudo orientarmos nossas crianças sobre estes modismos de mau gosto", escreveu o colégio Sigma, de Santa Catarina.

Por que desafios viralizam?

Bárbara Santos, psicóloga e psicanalista na Holiste Psiquiatria de Salvador (BA), explica que a viralização de desafios na internet pode ser interpretado como uma maneira de os adolescentes se integrarem a grupos sociais. "Se não fizer, não pertence ao grupo", resume.

"Para a gente isso não tem muita lógica de viralizar, mas para o adolescente tem, pois eles vivem na linha do pertencimento a determinado grupo ou lugar para além da família. Com isso, acontece a adesão", completa.

A profissional diz que as redes sociais têm um peso no comportamento dos adolescentes, mas pondera que os pais são quem devem mediar o uso pelos filhos.

"Os pais não sabem o que acontece nas plataformas. Para os adolescentes, elas funcionam muito numa lógica imaginária, um lugar que você pode ser qualquer um", afirma. "Para crianças e adolescentes, as redes sociais precisam ser mediadas por um responsável que dê uma referência crítica ao uso delas. Eles ficam muito expostos. A questão não é a rede social, mas a sua utilização sem controle."

Como controlar o que seu filho vê e posta nas redes sociais

No Facebook, a Meta disponibiliza um guia com vídeos e dicas sobre como os pais devem orientar seus filhos sobre o uso da rede social, mas ainda não disponibiliza de uma ferramenta de vinculação de contas.

Já no Instagram, existe essa possibilidade de saber o que o filho vê, mas ainda não está disponível no Brasil.

No TikTok, é possível acompanhar o que os filhos veem, postam e assistem, através da ferramenta "Sincronização Familiar". Veja abaixo como fazer.

Celular do responsável

Acesse na aba "Eu".

Toque nos três pontinhos no canto superior direito.

Entre em "Sincronização Familiar".

Toque em "Continuar".

Selecione "Pai/Mãe".

Toque em "Avançar".

Celular da criança ou adolescente

Logado na conta do seu filho, repita o processo anterior e selecione "Adolescente" na etapa 5.

Toque em "Avançar".

Toque em "Digitalizar código".

Mire a câmera para o QRcode que apareceu no celular do responsável. Toque em "Vincular contas".

Confirme tocando em "Vincular".

Pronto, as contas já estão vinculadas. Você pode regular as atividades da conta do seu filho tanto pela sua conta quanto pela dele.

Gerenciamento de tempo de tela

Esta função permite configurar um tempo limite para o uso do aplicativo. Quando o prazo for atingido, será solicitado uma senha para continuar. Outro ponto interessante é que, com o gerenciamento de tempo de tela ativado, a conta vinculada não poderá sair dela ou entrar em outra conta.

Para ativá-la:

Toque em "Gerenciamento de tempo de tela".

Escolha o prazo em "Limite de tempo".

Toque em "Ativar para (nome da conta)".

Para verificar o código de acesso, toque em "Obter código de acesso".

Modo restrito

Este recurso bloqueia conteúdos considerados inapropriados para menores. Quando ativado, a conta vinculada não poderá sair dela ou entrar em outra conta também.

Para ativá-lo:

Toque em "Modo restrito".

Toque em "Ativar para (nome da conta)".

Procurar

Esta função bloqueia a barra de pesquisa da aba Descobrir. Dessa forma, o usuário não poderá buscar por usuários e hashtags.

Para ativá-la:

Toque em "Procurar".

Toque em "Ligado".

*Com informações de Nicole D'Almeida, em colaboração para Tilt.