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WhatsApp terá comunidades, mas Brasil não terá recurso até fim das eleições

Recurso de Comunidades do WhatsApp; recurso permitirá a reunião de diversos grupos - Divulgação
Recurso de Comunidades do WhatsApp; recurso permitirá a reunião de diversos grupos Imagem: Divulgação

Guilherme Tagiaroli

De Tilt, em São Paulo

14/04/2022 12h00Atualizada em 16/04/2022 16h59

Em breve, vai ficar mais fácil de se organizar grupos no WhatsApp. A empresa começara a testar um recurso chamado comunidades. A ideia, segundo a companhia, é organizar discussões em tópicos dentro do app e juntar grupos sob um "guarda-chuva" de temas.

Durante coletiva de imprensa, o WhatsApp afirmou que os testes começarão nos próximos meses em diversos países, menos no Brasil. O motivo envolve as eleições 2022.

Em reunião no fim do ano passado, Will Catchart, presidente-executivo do WhatsApp, informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de que não faria mudanças significativas na plataforma durante o período eleitoral no Brasil. Não custa lembrar que o WhatsApp foi usado para espalhar fake news durante as eleições de 2018.

Dado que o segundo turno das eleições de 2022 está previsto para 30 de outubro, é possível que o recurso comunidades só chegue ao Brasil no fim do ano, entre novembro e dezembro.

"Vamos testar comunidades no WhatsApp nos próximos meses e, na sequência, abriremos o recurso para mais pessoas. No Brasil, não faremos mudanças significativas até o fim das eleições", explicou Jyoti Sood, líder de produto do WhatsApp, em conversa com jornalistas.

Mesmo assim, nas próximas semanas, o WhatsApp deve trazer algumas novidades para usuários brasileiros, como a possibilidade de enviar arquivos de até 2 GB, fazer chamadas em grupo com até 32 pessoas e reagir a mensagens em chats com emojis —algo que concorrentes, como Telegram e iMessage, já têm.

Como vão funcionar as Comunidades

O objetivo das comunidades é facilitar a organização de grupos com diferentes tópicos, segundo a empresa. Então, pense que a ideia é reunir grupos de assuntos relacionados.

Durante apresentação para jornalistas, o WhatsApp falou bastante sobre a comunidade de uma escola. Dentro dela, poderia haver grupos com pais de diferentes séries, um grupo para organizar caronas ou alguma comunidade para debater detalhes de uma excursão, por exemplo.

"Acreditamos que comunidades tornarão mais fácil para um diretor de escola reunir todos os pais e responsáveis para compartilhar avisos importantes e criar grupos para turmas específicas e atividades extracurriculares ou voluntárias", diz o anúncio da empresa.

O mesmo poderia ser aplicado a empresas —que costumam contar com grupos temáticos— ou um condomínio, onde poderia haver grupos sobre assembleia, uso de áreas comuns, entre outros.

Importante lembrar que uma vez dentro de uma comunidade, o número dos membros é preservado. Apenas o administrador e pessoas que estão no mesmo grupo que você poderão visualizar os detalhes do contato.

O administrador poderá:

  • enviar mensagens a todos os membros
  • inserir e remover membros e grupos
  • criar novos grupos
  • apagar mensagens ou arquivos de mídia considerados abusivos

O curioso é que o administrador da comunidade poderá inserir grupos que ele não faz parte. Obviamente, neste caso, ele não conseguirá ler o conteúdo das conversas.

Da parte dos usuários, eles poderão:

  • decidir quem pode adicioná-los a uma comunidade (como já acontecem com os grupos)
  • denunciar abusos
  • bloquear contatos
  • sair da comunidade (empresa diz que trabalha numa forma de permitir sair da uma comunidade sem que ninguém seja notificado)

Apesar do recurso comunidades juntar grupos de diferentes tópicos, o WhatsApp diz que não quer ser necessariamente uma rede social, apenas uma interface para comunicação entre pessoas próximas.

"Enquanto outros apps oferecem conversas em grupo sem limites, desenvolvemos o WhatsApp para atender às necessidades de organizações e outros grupos em que as pessoas já se conhecem. Diferentemente das mídias sociais e outros serviços de mensagens, no WhatsApp não será possível procurar ou descobrir novas Comunidades", diz o comunicado da plataforma.

Mesmo assim, a plataforma diz que planeja aumentar gradualmente o número de participantes de um grupo (atualmente é 256). O WhatsApp ainda não detalhou quantas pessoas e grupos podem estar em uma comunidade — a companhia diz que fará testes para entender o melhor número possível.

Encaminhamento limitado e ações contra conteúdos abusivos

O WhatsApp aos poucos foi limitando o encaminhamento de mensagens —conteúdos muito compartilhados passaram a ser marcados e só era possível repassar mensagens para até cinco pessoas ou grupos simultaneamente.

Com o novo recurso de comunidades, as mensagens já encaminhadas poderão ser novamente repassadas apenas para um grupo de cada vez. A empresa cita que esta ação deve reduzir "significativamente a disseminação de desinformação" — apesar disso, há ainda temores de que a novidade possa aumentar a distribuição de fake news.

Ainda que as mensagens sejam criptografadas —são codificadas de modo que apenas as conversas envolvidas na conversa possam lê-las—, o WhatsApp diz que vai encorajar que pessoas denunciem comunidade e mensagens problemáticas.

"Sempre que soubermos de comunidades envolvidas em abusos, como distribuição de material de abuso sexual infantil ou coordenação de violência ou tráfico de pessoas, baniremos membros ou admins da comunidade, dissolveremos a comunidade ou baniremos todos os membros da comunidade", diz a companhia.