No futuro, TV terá propagandas personalizadas, como ocorre na internet
Na internet, nem sempre a publicidade que aparece para você é a mesma exibida para outra pessoa. Os algoritmos permitem que anúncios sejam segmentados para públicos específicos, por idade, interesses ou região em que vive, por exemplo. E isso está prestes a acontecer com a TV aberta também: é uma das promessas da TV 3.0, novo padrão de transmissão que deve chegar ao Brasil em 2024
De forma resumida, a próxima geração de transmissão de TV digital poderá proporcionar imagens 4K (3.840 x 2.160 pixels), além de um sistema de som imersivo e conexão à internet.
Segundo o fórum SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre), que define a padronização da tecnologia TV 3.0, num futuro próximo a televisão vai exibir tanto conteúdos transmitidos pelo ar como pela internet.
Dessa forma, as emissoras poderão fazer "segmentação de conteúdo, oferecendo programações ou comercializações alternativas pela internet, de acordo com o perfil e os interesses do telespectador", afirma Luiz Fausto, coordenador técnico do Fórum SBTVD.
"Ao longo da programação da TV digital, alguns espaços publicitários podem ser utilizados apenas para a transmissão pelo ar, maximizando o alcance do anúncio. Em outros, podem ser oferecidos anúncios alternativos pela internet, para que o televisor de cada usuário online possa exibir o anúncio mais apropriado de acordo com as preferências de cada um", explica.
Mesmo sem conexão à internet, já será possível fazer segmentação geográfica de forma mais precisa. O sinal transmitido pelo ar poderá ser reutilizado com diferentes estações transmissoras - cada uma delas poderia, por exemplo, oferecer conteúdos locais da mesma rede.
Atualmente, esta segmentação geográfica exige o uso de diferentes canais de frequências que cobrem áreas próximas. Por essa razão, por exemplo, há locais em que é possível ver a transmissão de uma emissora de outro estado.
Segundo Fausto, na TV 3.0, a ideia é reutilizar frequências que permitiriam a operação de estações geradoras de áreas próximas umas das outras com conteúdos distintos. Isso faria com que a "cobertura das redes de televisão seja fragmentada, sem que uma interfira na outra".
"Isso vai beneficiar especialmente quem vive fora dos grandes centros, que poderá ter acesso a mais programações de relevância local através da TV aberta, favorecendo o desenvolvimento da cultura, dos esportes, das artes e do jornalismo locais", afirma.
Ainda de acordo com Fausto, uma melhor segmentação tanto de programação como de comerciais deve trazer benefício para anunciantes e emissoras.
Quem quiser pagar para exibir um comercial terá informação mais qualificada do público atingido, além de preços mais compatíveis com a audiência. Por exemplo: não vai ser necessário comprar uma inserção comercial para todo estado se a proposta for atingir apenas algumas cidades.
Para as emissoras, o principal ponto é relevância. Uma grade mais local contará com conteúdos que engajam melhor com os telespectadores.
Personalização já existe em alguns eventos esportivos
Em eventos esportivos, há segmentação geográfica de placas publicitárias. Nem sempre a propaganda exibida na beira do campo para quem está presente no estádio é a mesma para quem assiste pela TV.
Graças à tecnologia de substituição virtual, emissoras conseguem personalizar esses anúncios de acordo com o local que recebe a transmissão.
Em resumo, os espaços das placas publicitárias são mapeados por um sistema, que cria "máscaras". As emissoras, então, conseguem incluir propagandas nessas "máscaras", que aparecerão somente para determinada audiência durante a transmissão.
A liga de futebol do Reino Unido, a Premier League, utiliza tal tecnologia. No vídeo abaixo, por exemplo, há uma transmissão que exibe apenas propagandas em chinês.
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