Por que a data da Páscoa muda a cada ano? Resposta está na astronomia
A Páscoa acontece sempre em um domingo, mas a celebração dificilmente cai na mesma data do calendário ao longo dos anos. E você sabe o motivo? Apesar de ser um feriado religioso, que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, a data é móvel e regida pela ciência. Mais especificamente, pela astronomia.
A comemoração pode variar dentro de um período de mais de um mês, entre os dias 22 de março e 25 de abril. Neste ano, por exemplo, a Páscoa acontece neste domingo (17). No ano passado, caiu em 4 de abril.
Como a data é definida?
O cálculo é rebuscado: a Páscoa deve acontecer no primeiro domingo após a Lua cheia seguinte ao equinócio de março (de primavera, no hemisfério Norte; de outono, no hemisfério Sul).
Em 2022, o equinócio aconteceu no último dia 20, quando começou o outono por aqui. Como já previsto, a Lua entrará em sua fase cheia neste sábado (16). Por isso, o dia 17 foi o "eleito" para abrigar a celebração.
A Pessach (também conhecida como Páscoa judaica), que marca a libertação do povo hebraico da escravidão no Egito, atravessando o Mar Vermelho rumo à Terra Prometida, também é regida pela mesma lógica de eventos astronômicos: oito dias de comemoração, na semana da primeira Lua cheia após o equinócio.
Isso porque os hebreus seguiam um calendário lunissolar, baseado nos movimentos do Sol e da Lua, com meses e anos de duração variável. Em 2022, a Páscoa Judaica começa no pôr do Sol desta sexta-feira (15), e vai até o anoitecer do sábado seguinte (23).
O Novo Testamento da Bíblia diz que Jesus morreu crucificado em uma sexta-feira (Santa) e ressuscitou em um domingo, justamente durante o Pessach. A Igreja Católica quis preservar esta relação com o judaísmo, e é por isso que a Páscoa, diferentes de outras datas como o Natal, não acontece em um dia fixo.
Assim, na mesma época, judeus e cristãos comemoram, à sua maneira, uma "passagem" (da escravidão à liberdade; da vida à morte). Também é uma forma de associar a data à renovação da própria natureza, após os invernos rigorosos do hemisfério Norte, com a chegada da primavera, suas temperaturas mais amenas e flores.
Exceções
A regra tem apenas uma "falha científica", digamos assim. Teoricamente, a "Lua cheia da Páscoa" é a primeira após o equinócio de março —o qual, astronomicamente falando, pode variar entre os dias 19 e 21.
Mas em 2019, por exemplo, houve uma exceção: tanto o equinócio como a Lua cheia aconteceram em 20 de março. Pela lógica, a Páscoa já deveria ser no domingo seguinte (24 de março), mas foi celebrada apenas em 21 de abril.
Isso ocorre porque o Calendário Eclesiástico, criado pela Igreja Católica e baseado apenas nas voltas da Terra ao redor do Sol, fixa o primeiro equinócio do ano no dia 21 de março, independentemente das variações astronômicas —na época, a ciência romana não era tão avançada a ponto de detectar estas ligeiras mudanças com precisão.
Mas, à luz do conhecimento atual, sabemos que todos equinócios de março, entre 2007 e o final do século 21 (2100), na verdade, acontecem em um dia 19 ou 20.
A última vez que a Páscoa caiu em 22 de março (a primeira data possível, caso a lua cheia aconteça em um sábado 21/3) foi em 1818, e isso só vai se repetir em 2285. Na verdade, o ano mais recente em que ela foi celebrada em um mês de março foi em 2016, no dia 27.
A Páscoa mais cedo do século 21 aconteceu em 2008, no dia 23; que acontece novamente apenas em 2160. E a mais tardia acontecerá em 25 de abril (o último dia possível) de 2038; depois disso só em 2190.
Resumindo, a Páscoa cristã é celebrada sempre no primeiro domingo após uma Lua cheia que acontecer a partir de 21 de março. Outra regra importante é: se a Lua cheia ocorrer em um domingo, a Páscoa será no domingo seguinte.
E o Carnaval?
O dia do Carnaval, que também varia de ano para ano, é regido data da Páscoa. Depois que a celebração católica é definida, calculam-se sete semanas para trás, fixando o Carnaval.
Os dois eventos são ligados pela Quaresma, período de 44 dias entre a quarta-feira de Cinzas e a sexta-feira Santa, marcado por jejuns, obras de caridade e penitências, na tradição cristã.
*Com informações de Tilt, Astronomy Trek e EarthSky.
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