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Onde comprar e vender NFTs? Quais os riscos? Conheça as maiores plataformas

Cachorro Caramelo, coleção de NFTs criada por brasileiros - Reprodução
Cachorro Caramelo, coleção de NFTs criada por brasileiros Imagem: Reprodução

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

18/04/2022 11h00

Nos últimos anos, os NFTs (tokens não-fungíveis, em inglês) parecem estar em todos os lugares - e sempre movendo uma grande quantidade de dinheiro. Em leilões, nos games, na arte, nos memes e até na música.

Criadores e vendedores estão se dando bem, mas quem está se dando melhor ainda são as plataformas que negociam esses registros digitais. A maior delas, a OpenSea, surgiu há pouco mais de quatro anos e já foi avaliada em US$ 13,3 bilhões, de acordo com o New York Times.

Sua concorrente direta é a LooksRare, um novo marketplace que estreou no início de 2022, focado na própria comunidade que desenvolve e comercializa NFTs. A vantagem em relação à concorrência é que cada transação na plataforma gera ganho para compradores e vendedores.

Se você quer entrar nesse ngócio, vale a pena conhecer melhor cada uma delas:

OpenSea

Foi fundada em 2017 e só cresce: segundo dados da Crypto Briefing, o volume de negociações aumentou 646 vezes em 2021. Saltou de US$ 22 milhões (R$ 102,85 mi) em 2020 para US$ 14 bilhões (R$ 65,45 bi) no ano passado.

A companhia não informa valores, mas confirma que suas movimentações cresceram mais de 600 vezes, impulsionadas pela expansão do metaverso e por coleções famosas, como o Bored Ape Yacht Club.

Os usuários pagam uma taxa de 2,5% em cima de cada venda de tokens não-fungíveis.

LooksRare

De olho em um mercado rentável e com crescimento exponencial, a LooksRare têm buscado desenvolver um marketplace focado nos desejos da comunidade de NFTs. Por isso, diz estar aberta às sugestões, comentários e ideias dos usuários.

Em sua estreia, a plataforma trouxe todas as coleções de tokens que são negociados com a criptomoeda Ether (ETH). A taxa padrão na negociação é de 2%.

Para atrair novos usuários e clientes, a LooksRare lançou seu próprio token, chamado LOOKS. Quem negociou mais de três Ethereum entre 16 de junho e 16 de dezembro de 2021 na OpenSea pode solicitar gratuitamente uma parte do token ao criar um perfil na plataforma. A empresa também fornece pedaços do seu token para usuários que comprarem ou venderem NFTs qualificadas.

Essas estratégias deram resultado: no primeiro trimestre, 62% das negociações de tokens não-fungíveis no mercado foram feitas na plataforma.

Segundo o relatório da Dapp Radar, a LooksRare movimentou sozinha quase US$ 20 bilhões (R$ 93,50 bi) nesse período. Outras empresas, como a OpenSea, registraram US$ 12 bilhões (R$ 56,10 bi).

Museu de NFT - Jason Redmond/AFP - Jason Redmond/AFP
Abertura do museu de NFT, de Seattle, em Washington (EUA)
Imagem: Jason Redmond/AFP

Como negociar nas plataformas

Ficou interessado? Você também pode vencer ou comprar artes digitais nessas plataformas.

"Qualquer pessoa pode comprar um NFT. Para isso, o primeiro passo é adquirir as criptomoedas mais usadas. A principal é o Ether", conta Bruno Perini, educador financeiro e sócio do Grupo Primo.

"Você também vai precisar de uma wallet [carteira digital] como a Metamask para armazenar esses Ethers. Você compra a criptomoeda em uma corretora e transfere para essa carteira. Aí, precisa se logar em um marketplace de NFTs", explica.

Depois de seguir esses passos, basta escolher a coleção e o token que deseja comprar e fazer uma oferta. As plataformas atualmente funcionam com sistema de leilão. Leva o item quem pagar mais.

Como vender NFTs?

Se você quer tentar ganhar dinheiro vendendo NFTs, primeiro precisa criar uma coleção para colocar à venda. Entre as categorias mais populares estão artes e desenhos, música, mundos virtuais, colecionáveis e artigos esportivos.

É possível começar a vender tokens não-fungíveis sem custo algum em plataformas como a OpenSea. Depois de definir o tipo de mídia que você irá vender e criar uma carteira digital, você pode subir sua coleção no marketplace e conectá-la a uma cadeia de blockchain.

A mais comum é a Ethereum. Porém para criar um NFT através dela é necessário pagar uma taxa. Por isso, muitos novos usuários podem acabar optando pela Polygon, que não cobra nada. (Lembrando que, em caso de venda, a OpenSea descontará 2,5% do valor de compra).

Você também pode definir uma taxa de revenda para cada venda do seu token. Por exemplo: se seu desenho fizer sucesso e for repassado para outro comprador, você ganhará uma porcentagem em cima dessa nova transação. O conselho é não exagerar nesse percentual, já que isso pode inibir os compradores.

Quais os riscos envolvidos?

O mercado brasileiro ainda não regulamentou, de maneira objetiva, a compra e venda de NFTs. "Por essa razão, trata-se de um produto muito delicado. Ela tem todos os aspectos e indicativos de ser uma bolha financeira", alerta Lucas Sharau, assessor da iHUB Investimentos.

Ele lembra que há jogos hoje em dia que são feitos para gerarem, automaticamente, tokens não-fungíveis e atribuírem a eles valores financeiros. "Alguns jogos deixam de existir com o tempo, as pessoas param de usar e o valor de suas NFTs vão a zero ou tendem a zero", completa. O caso mais recente foi o do F1 Delta Time.

Bruno Perini também concorda que o maior risco está na desvalorização. "Quem compra uma obra de arte física, muitas vezes, não está pensando em investir em arte. Mas em ter esse quadro para si e pendurá-lo na parede. O comprador sabe que essa arte pode se valorizar com o tempo, mas ela também pode perder valor", diz.

"Com uma NFT, é a mesma coisa. Ela não deve ser encarada como um investimento, pois não há nenhuma garantia de valorização. Inclusive, a maioria dos tokens não-fungíveis deverão valer zero no futuro, pois a oferta está crescendo exponencialmente. Se a demanda não acompanhar o aumento da oferta, a tendência é que a maior parte das coleções venham a valer nada", diz.

Relembrando o que são NFTs

Para entender o que são tokens não-fungíveis, é preciso primeiro saber o que são os bens fungíveis: aqueles que não possuem distinção entre si. "O principal exemplo é o próprio dinheiro. Uma nota de R$ 50 tem o mesmo valor monetário, para transação comercial, que qualquer outra nota de R$ 50", explica Bruno Perini.

Já os bens não-fungíveis são o oposto. São itens com características únicas, insubstituíveis. Como o quadro de Mona Lisa, pintado por Leonardo da Vinci. Por melhor que for uma cópia, ela não terá o mesmo valor que a obra original.

As NFTs entram no mercado digital para criar um registro imutável, resistente à censura ou fraude, de uma peça digital. "O NFT vai ter a característica de ser sempre único. Se eu escrever um texto, ele vai gerar um token. Se eu puser uma vírgula a mais, ele vai criar outro completamente diferente", explica Lucas Sharau.

Desta forma, estes tokens digitais criados por meio das redes de criptomoedas conferem características únicas para mídias digitais. Por isso, por mais que uma imagem seja copiada ou uma música seja reproduzida em outros meios, somente o proprietário do NFT terá em sua carteira digital o token que garante a propriedade do arquivo original.