O que os influenciadores brasileiros acham de Elon Musk comprar o Twitter
A oferta do empresário Elon Musk para comprar o Twitter por US$ 43 bilhões (quase R$ 200 bilhões) causou polêmica no mercado e especialmente entre os outros acionistas.
Mas... e entre os usuários? Será que a chegada de Musk, que revolucionou outros segmentos de tecnologia com a Tesla, a Starlink e a SpaceX, poderia ser benéfica para a plataforma? Ou é perigoso que o passarinho azul tenha um único dono?
Tilt conversou com influenciadores que usam a plataforma diariamente — e, claro, estão sempre prontos para opinar.
@PabloSpyer, 204,2 mil seguidores
De acordo com o perfil @scharlab, que calcula níveis de engajamento no Twitter, o brasileiro com mais interações sobre o assunto foi o economista e sócio da XP Investimentos Pablo Spyer.
"Elon Musk gosta de agitar. Ele disse que quer comprar o Twitter pela liberdade de expressão. Mas acho que ter um discurso irrestrito no Twitter pode ser perigoso sim. Moderação é necessária", diz o empresário.
"Acho difícil que o negócio prospere. O segundo maior acionista da rede social, o príncipe saudita Alwaleed bin Talal, tuitou que rejeita a proposta. Mas se ele comprar, não teria nada contra", considera.
Spyer diz ainda que gosta da rede social e por isso permaneceria mesmo com a possível aquisição. "O Twitter é palco de discussões mais acaloradas. Se o discurso de ódio floresce nesta rede, apenas reflete as aflições do mundo atual", reflete.
@henrybugalho, 203 mil seguidores
Filósofo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e escritor do livro "Minha Especialidade É Matar: Como o Bolsonarismo Tomou Conta do Brasil", Henry Bugalho também tuitou sobre a intenção de Musk:
Bugalho vê dificuldade em saber os reais propósitos de Musk.
"O discurso do Musk de preservar a 'liberdade de expressão' no Twitter acaba não se diferenciando muito de uma visão libertária que tolera discurso de ódio e ideologias perigosas com base nesta noção", diz o filósofo.
Sobre permanecer na plataforma, Bugalho diz: "Tenho uma relação de amor e ódio com o Twitter. Todos os dias me pergunto por que ainda continuo lá. A decisão de permanecer ou não com Musk no controle dependeria muito do rumo que a plataforma tomaria".
@rosana, 660,3 mil seguidores
Rosana Hermann, escritora, criadora de conteúdo e roteirista, não quer ver o passarinho azul engaiolado pelo fundador da Tesla:
"Não gostaria que Elon Musk comprasse uma plataforma tão importante como o Twitter para transformar em seu brinquedinho pessoal", avalia. "O Twitter é hoje uma rede essencial para informação, comunicação e teve papel histórico até em manifestações políticas populares ao redor do mundo."
Por outro lado, ela também reconhece que a rede tem muito a melhorar. "O mundo virou um lugar de gente surtada que polemiza tudo e problematiza tudo. O Twitter precisa melhorar, sim, combater fake news, tirar robôs, ter regras mais claras e transparentes em relação aos algoritmos, etc".
Caso a venda se concretize, a roteirista garante a sua permanência: "Continuaria para xingar muito o Elon Musk no Twitter, como diz o meme". Segundo ela, seria difícil substituir esse espaço de interação. "O Twitter é fluxo, é um rio. O resto é lago", compara.
@klebiodamas, 156,2 mil seguidores
O criador de conteúdo Klébio Damas é bastante receoso com a ascensão do bilionário: "Tenho medo de ser algo que todo mundo ter que seguir apenas o que ele quer".
Seria o suficiente para ele migrar para outra plataforma? "Eu acho que só pararia de usar o Twitter caso, de fato, ocorresse uma mudança muito negativa para o usuário. Hoje eu não vejo nenhuma rede social que a substitua, mas eu arrumaria outro jeito de me expressar."
Ele também detectou que a rede tem se tornado mais tóxica nos últimos meses. "Eu mesmo tenho um pouco de medo de ler algumas coisas. Quando eu posto alguma opinião muito pessoal, como sobre Big Brother, por exemplo, eu costumo não ler [as respostas] porque as pessoas destilam muito, muito, muito, muito ódio".
@fefito, 277 mil seguidores
Para Fernando Oliveira, o Fefito, jornalista e colunista do UOL Splash, a proposta da aquisição demonstra que Elon Musk entende a importância política da plataforma.
"E é aí que reside o perigo. Quais as intenções do homem mais rico do mundo com uma rede social que sofre para combater fake news e ganha influência a cada ano eleitoral em grandes países? No mínimo, é algo para se prestar bastante atenção", expõe o colunista.
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