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Para chefe da Samsung, popularização da TV 8K não está tão longe assim

TV 8K da Samsung: preço não é o único impeditivo - Gabriel Francisco Ribeiro/UOL
TV 8K da Samsung: preço não é o único impeditivo Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

22/04/2022 04h00Atualizada em 04/05/2022 16h09

Uma breve busca por "TV 8K" em varejistas geralmente aponta um padrão: telas grandes e preços altos. Costumam ser aparelhos acima das 55 polegadas, com preço inicial perto dos R$ 7 mil, no caso dos mais "básicos". Nos modelos topo de linha, o valor pode chegar a dezenas de milhares de reais.

Isso, claro, torna essas TVs um sonho distante para a maioria das pessoas (especialmente quando consideramos que os modelos com resolução 4K ainda estão em fase de popularização). Além disso, a oferta de conteúdo nativo em 4K ainda é restrita a pacotes mais caros de serviços de streaming ou ao uso de leitores de discos Blu-Ray e videogames de última geração.

Porém, o chefe global de planejamento de produtos da Samsung, Park Changbae, acredita que custo e oferta de conteúdo não são fatores tão importantes assim. Para ele, a adoção em maior escala das TVs 8K depende mais do contato que as pessoas têm com esse tipo de tecnologia.

"É claro que ter uma infraestrutura que transmita conteúdo em resoluções elevadas impulsiona a massificação de tecnologias como o 8K. Porém, isso nem sempre é uma exigência e um exemplo é a adoção de telas 4K", afirmou em entrevista exclusiva para Tilt.

Quando as primeiras TVs 4K surgiram, havia pouca oferta de conteúdo nessa resolução e o preço dos aparelhos era proporcionalmente tão alto (ou até maior) que o das TVs 8K hoje em dia.

Com o passar do tempo, porém, a quantidade de conteúdos do tipo disponíveis aumentou. Por tabela, os preços caíram consideravelmente. Na primeira metade da década passada, uma TV 4K de 55 polegadas superava facilmente os R$ 10 mil no mercado brasileiro. Hoje, não é raro encontrar exemplares por menos de R$ 3 mil.

8K não precisa de 8K?

Para Changbae, o que mudou a chave no mercado foi o upscaling, um tratamento digital de imagens capaz de elevar de maneira artificial a resolução. Conteúdos originalmente em HD ou Full-HD ganhavam essa "melhoria" e davam ao telespectador um "gostinho" do que seria o 4K.

"Foi algo que impulsionou os fabricantes de telas e TVs e também os distribuidores de conteúdo a adotarem a tecnologia", avalia. "Isso fez o mercado crescer exponencialmente."

Na opinião do executivo, caminho similar deve ser trilhado pelos aparelhos 8K.

"Nós adotamos uma tecnologia sofisticada de semicondutores em nossas TVs que permite que os usuários aproveitem imagens detalhadas em 8K independentemente da resolução. E nossa expectativa é que cada vez mais pessoas se interessem pela tecnologia, já que as TVs estão ficando cada vez maiores. Isso vale para consumidores de todo mundo, incluindo os brasileiros", analisa.

Ainda assim, Changbae entende que, para o mercado se expandir, o produto não pode ser excessivamente sofisticado. "Há vários exemplos que mostram que produtos com muitas características avançadas demoraram para se popularizar. Isso só aconteceu quando os preços caíram e as demandas cresceram. Para liderar o mercado de 8K, nós buscamos um equilíbrio [entre sofisticação e preço]", aponta.

O que o futuro reserva?

Para Changbae, o próximo passo das smart TVs é permitir que sejam usadas de novas maneiras.

"Elas evoluíram para virar uma plataforma onde você assiste uma série de conteúdos. Agora, elas serão transformadas para serem uma plataforma para se fazer coisas. Jogar games facilmente, explorar espaços virtuais, melhorar a produtividade, controlar dispositivos inteligentes", exemplifica.

O que é 8K?

Ao contrário do que pode parecer, a resolução 8K não significa "o dobro do 4K", mas sim quatro vezes mais.

A explicação para isso está na maneira como se determina a resolução de uma tela, levando-se em conta a quantidade total de pixels que um display é capaz de exibir. (Pixel são os pontinhos na tela - a menor unidade que compõe uma imagem)

No caso das TVs 4K, são 3.840 pixels de largura e 2.160 de altura, um total de 8.294.400 pixels. Em uma TV 8K, são 7.680 pixels de largura e 4.320 pixels de altura, um total de 33.177.600 pixels.

Quanto mais pixels disponíveis, mais uma imagem será detalhada. Isso em teoria, já que, para oferecer uma imagem mais próxima da realidade, a TV também tem que oferecer bons níveis de brilho e contraste e, preferencialmente, contar com tecnologias paralelas como o HDR, que deixa as cores mais naturais.

A questão é que, hoje em dia, a maioria dos conteúdos produzido por canais de televisão ou plataformas de streaming são em HD (1.280 x 720), Full HD (1.920 x 1.080) ou 4K (3.840 x 2.160).

Sem nenhum artifício, seria problemático uma TV de resolução maior, como uma 4K ou uma 8K, reproduzir uma imagem HD ou Full HD, já que ela simplesmente seria esticada para ocupar toda a tela e, consequentemente, teria sua qualidade degradada.

É aí que entra o upscaling. Praticamente todas as TVs 4K do mercado atualmente realizam o processo, que consiste em usar processadores específicos para aplicar um tratamento digital em imagens de resolução menor, para serem mostradas "artifcialmente" como se fossem 4K.

O resultado, claro, acaba sendo inferior do que na reprodução de imagens com resolução 4K nativa, mas é totalmente aceitável para a maioria das aplicações, como filmes e programas de TV.

Se você tiver interesse em conhecer mais modelos de TV 4K, dê uma olhada nos resultados dos testes realizados na primeira edição do Tilt Lab Day. Exploramos as especificações técnicas de quatro modelos: um da LG, um da Philco, um da Samsung e um da Toshiba.

Confira como cada aparelho se saiu em cada quesito e tire suas dúvidas na live abaixo: