Por que Elon Musk, o homem mais rico do mundo, comprou o Twitter?
Elon Musk, o homem mais rico do mundo, formalizou ontem (25) a compra de 100% do Twitter após algumas semanas de negociações. Estima-se que o valor total da operação seja de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões), já que o empresário pagará US$ 54,20 por ação (cerca de R$ 264). Com a aquisição, a companhia deixará de ter ações negociadas na bolsa, e se tornará de capital fechado.
O negócio ainda está sujeito a aprovações regulatórias. O comunicado da empresa cita que espera que o processo de compra seja finalizado ainda neste ano.
Aos 50 anos, o bilionário tem patrimônio avaliado em US$ 273 bilhões, segundo o ranking da Bloomberg. Além da rede social, Musk é dono da empresa espacial SpaceX e da Tesla, empresa fabricante de carros elétricos.
Por que comprar o Twitter?
Segundo Musk, a aquisição da rede social não está relacionada a dinheiro, mas sim com a criação de uma plataforma que seja uma "arena de livre discurso" - o que para ele, é fundamental para o exercício da democracia.
Recentemente, o empresário questionou se a rede social está fazendo o suficiente para proteger a liberdade de expressão de seus usuários.
- Dia 25 de março: o bilionário perguntou aos usuários se eles achavam que a rede social estava fazendo o suficiente para aderir a esse princípio, e 70,4% dos entrevistados responderam que a plataforma não estava fazendo o suficiente.
- Na visão de Musk, reverter essa realidade seria possível com algumas medidas como a abertura do código fonte (a programação interna do Twitter) para que os mecanismos de operação sejam conhecidos e explorados por programadores.
Código aberto
Musk disse estar preocupado com o fato de o preconceito ser inerente ao algoritmo do Twitter e acrescentou que resolveria o problema com um algoritmo de código aberto.
- No final de março, ele tuitou : "Estou preocupado com o viés de fato no 'algoritmo do Twitter' ter um grande efeito no discurso público. Como sabemos o que realmente está acontecendo?". E perguntou aos seus seguidores se eles dariam suporte a um algoritmo de código aberto. Cerca de 83% dos mais de 1,1 milhão de entrevistados disseram que sim.
Mas o que isso significa? Um algoritmo de código aberto tornaria disponível publicamente o cálculo que determina o que aparece no feed do Twitter de uma pessoa, mostrando como certas postagens surgiram em suas linhas do tempo.
O empresário afirma que o método de código aberto seria melhor que "ter tuítes sendo promovidos e rebaixados misteriosamente sem nenhuma percepção do que está acontecendo".
Além disso, Musk disse que todo o código do Twitter deve ser aberto e disponibilizado online para que as pessoas possam ver como a rede social funciona. Ele disse acreditar que isso ajudará a evitar "manipulação nos bastidores".
Moderação de conteúdo e liberdade de expressão
Musk delineou sua visão de liberdade de expressão para o Twitter. Ele disse que acha que a rede social não deve regular o conteúdo além do que é exigido pelas leis dos países em que opera. E acrescentou que quer promover um discurso livre e aberto, já que ele considera a plataforma um lugar essencial para compartilhar pontos de vista.
"Meu forte senso intuitivo é que ter uma plataforma pública que seja extremamente confiável e amplamente inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização", disse ele. "Não me importo nem um pouco com a economia."
Mas como é a moderação dos conteúdos das redes sociais? As políticas de moderação de conteúdo de redes sociais são pensadas como formas de tentar coibir desinformação e barrar discursos de ódio.
O Twitter e outras redes têm algumas restrições básicas de publicações de conteúdos que buscam evitar problemas como processos ou alguns tipos de exposições, por exemplo.
Boa parte dessas restrições é feita de forma automática por robôs através de inteligência artificial. Alguns conteúdos são bloqueados automaticamente e outros precisam de moderação humana. Só que em várias situações a máquina falha e faz bloqueios desnecessários - gerando bastante reclamação dos usuários.
Botão de edição
Desde 2019, Musk já estava de olho no Twitter e suas "falhas". Naquele ano, o bilionário observou a falta de um botão de edição na plataforma e tuitou: "Onde está a função de edição quando você realmente precisa dela!?".
- Em abril, durante a conferência TED2022 o bilionário disse que quer que o Twitter tenha um botão de "editar" e acredita que os problemas levantados pelos críticos podem ser resolvidos. "Acho que você só tem a capacidade de edição por um curto período de tempo e zera todos os retuítes e favoritos" após uma edição.
- Ainda neste mês, Musk também questionou seus seguidores se eles gostariam de um botão de edição. Cerca de 74% dos mais de 4,4 milhões de entrevistados votaram sim.
Em resposta à enquete do homem mais rico do mundo, o Twitter afirmou estar trabalhando na criação de um botão de edição e acrescentou: "Não, não tivemos a ideia de uma enquete".
Tweets mais longos
O formato atual da plataforma, que permite apenas tweets curtos, com limites de 280 caracteres, também foi questionado por Musk, neste mês.
Em um tópico no Twitter ele comentou: "Minha conclusão mais imediata dessa novela é que o Twitter está muito atrasado para tweets longos!".
Bots de spam
Musk chamou os bots de spam presentes no Twitter de "o problema mais irritante".
Ele tuitou neste mês: "Se nossa oferta no Twitter for bem-sucedida, derrotaremos os bots de spam ou morreremos tentando!", e acrescentou que a plataforma sob sua propriedade "autenticaria todos os humanos reais".
Críticas de funcionários
Informações divulgadas pela Reuters, que conversou com funcionários da empresa, mostram que os colaboradores do Twitter estavam preocupados com a capacidade do bilionário de influenciar as decisões da empresa sobre usuários abusivos e conteúdos considerados prejudiciais à população.
Isso porque, ao questionar a "falta" de liberdade de expressão no Twitter, Musk poderia confundir o direito de opinião com o discurso de ódio.
A longo prazo, os funcionários disseram que o envolvimento de Musk pode mudar a cultura corporativa do Twitter, que eles dizem atualmente valorizar a diversidade. Na reportagem, o homem mais rico do mundo, foi bastante criticado por publicar memes fazendo piada sobre transgêneros e esforços de combate à Covid-19.
Já outros funcionários acreditam que o envolvimento de Musk pode ajudar a acelerar o ritmo de lançamentos de novos recursos e produtos do Twitter, além de fornecer uma nova perspectiva como usuário da plataforma.
* Com informações do Axios
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