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Homem que perdeu a mãe a encontra no Google Street View: 'Saudades demais'

Cristiano Silva da Cruz, 29, ao lado da mãe - Reprodução/Instagram
Cristiano Silva da Cruz, 29, ao lado da mãe Imagem: Reprodução/Instagram

Heloísa Barrense

De Tilt, em São Paulo

09/05/2022 19h35Atualizada em 09/05/2022 22h42

Um nutricionista de Belém encontrou no Google Street View, recurso do Google Maps que permite visão panorâmica de ruas e cidades, uma maneira de matar as saudades da mãe, a dona de casa Edna Cristina Silva da Cruz, que morreu aos 46 anos há um ano e seis meses. Cristiano Silva da Cruz, 29, compartilhou a história no Twitter, para celebrar o Dia das Mães. A publicação já alcançou mais de 290 mil curtidas.

"Sempre que eu saía e demorava muito pra voltar, minha mãe me esperava na porta ou na janela, acho que por preocupação. Quando eu tô com muita saudade, eu abro o Google Maps e vejo essa foto dela me esperando chegar. Que você tenha um feliz dia das mães aí no céu, saudades demais", escreveu ele.

Na imagem, uma mulher de vestido verde e lilás estampado aparece segurando o portão de uma casa, olhando para fora.

A Tilt, Cristiano contou que encontrou a imagem ao acaso. "Um dia, uns meses atrás, eu estava entediado, aí comecei a olhar a minha vizinhança no Google Street View, Ao ver minha casa, me deparei com a imagem da minha mãe no portão, me esperando. Ela já havia partido para a luz do céu e rever esse momento de cuidado dela me emocionou muito. Tirei um print e salvei a foto, mas sempre que a saudade aperta eu volto para reviver a emoção", contou.

Dona Edna morreu no dia 9 de novembro de 2020, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). "Minha mãe, assim como toda minha família, se preocupava muito um com outro, e sempre que eu ou meus irmãos saíamos para estudar e trabalhar e passávamos da hora de chegar, ela ia de tempos em tempos na porta e na janela ver se já estávamos chegando. Ela sempre foi assim, já que moramos em um bairro periférico e por vezes perigoso."

A publicação, quase dois anos após a morte da mãe, veio como uma forma de homenageá-la no segundo Dia das Mães que a família passou sem ela. "Estavam compartilhando fotos demonstrando o amor entre mãe e filho, então eu quis que meus amigos também vissem o quando esse elo é forte entre mim e ela, mesmo eu não tendo mais a presença física da minha mãe comigo, até mesmo como uma forma de me relembrar desse amor e me dar força", conta Cristiano.

O filho ainda afirma que tem boas lembranças da mãe. "Ela sempre foi muito sorridente alegre e solícita. Teve uma vida de batalhas, foi mãe solteira na adolescência e enfrentou todos os julgamentos da sociedade pelo tabu que isso era no início dos anos 90, mas ela, meus avós, tios e família materna nunca esmoreceram e sempre se sacrificaram muito para dar uma vida digna e feliz para mim e meus irmãos", conta ele.

Classificando a mãe como uma pessoa "forte e resiliente", Cristiano conta que a mãe trabalhou como vendedora em loja de roupas, como babá, realizando serviços domésticos e sempre estava disposta a novos serviços. Além disso, Edna tratava há 12 anos de uma leucemia mieloide crônica, um tipo de câncer raro. "Ela nunca perdia o sorriso e o bom humor."

Ele ainda diz que a mãe deixou um legado de amor e carinho para amigos e familiares. "Lembro de tudo de bom que era e sempre será pra mim. Até hoje o carinho que as pessoas tinham por ela chega até nossa família", relata.

Nos comentários, diversos usuários compartilharam histórias semelhantes. Entre as mensagens, estava a de um homem que encontrou o pai sentado na calçada em frente à casa e outro que também localizou o pai indo comprar cuscuz.

Para Cristiano, a repercussão da história foi algo inesperado. "Mas também fico muito lisonjeado e confortado em receber tanto apoio de pessoas que se solidarizaram com minha saudade e também feliz de ver que muitas pessoas que passaram pela mesma dor que eu se sentiram confortadas e acalentadas com o meu relato", disse ele, que ainda vive na mesma casa com a família.

Nesse contexto de pandemia, muitos perderam suas mães e outros entes queridos e amigos, nessas horas é que vemos que mesmo a nossa dor sendo única, ela nos une a muitos semelhantes.