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Pobreza vista do espaço: estudo mapeia desigualdade por fotos de satélites

Getty Images/iStock
Imagem: Getty Images/iStock

Thaime Lopes

Colaboração para Tilt

09/05/2022 04h00

O IIASA (Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados, na sigla em inglês) propõe em seu estudo, publicado na revista científica Nature na quinta-feira (5), um novo método para mapear questões regiões de maior pobreza e desigualdade pelo mundo: usando imagens noturnas de satélite.

De acordo com a pesquisa, a baixa incidência de luz nessas imagens é um indicativo de que o local pode não ter infraestrutura necessária para garantir a saúde e bem-estar de pessoas. Estima-se que quase um bilhão ainda viva sem acesso a eletricidade.

Tradicionalmente, fotos em que há muita luz à noite indicam países ou regiões mais desenvolvidos. Essa é a primeira vez que um estudo utiliza fotos de satélite da Terra dessa forma.

Até então, os pesquisadores usavam apenas as regiões com muita luz como referência para encontrar os locais onde há infraestrutura abundante, como é o caso de capitais, por exemplo. Regiões "apagadas" sequer eram calculadas.

Usando as imagens captadas de satélite como base, os pesquisadores combinaram as informações que já possuíam com dados da Pesquisa de Demografia e Saúde Mundial (DHS, na sigla em inglês) de países da África, Ásia e Américas, que coloca as famílias em uma escala contínua de riqueza relativa, do mais pobre ao mais rico.

Juntando as duas bases de informações, eles perceberam que 19% da pegada total de assentamento mundial (ou seja, onde os humanos estão presentes) não possuem nenhum tipo de luz artificial.

"Conseguimos mapear e prever a classe de riqueza de cerca de 2,4 milhões de famílias em 49 países [da África, Ásia e Américas] usando imagens de satélite de luz noturna com uma precisão geral de 87%", afirma Ian McCallum, que liderou o estudo.

Os números aumentam quando concentrados em regiões específicas: 39% desses locais onde os humanos estão presentes, mas sem luz artificial, estão concentrados na África, e 23% em países asiáticos.

Os resultados seguem os índices das Nações Unidas, que indicam que 300 milhões de pessoas na África Subsaariana ainda estarão vivendo em condições de extrema pobreza até 2030. E esse número pode aumentar em até 115 milhões devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

No mesmo estudo, foi observado que regiões da Europa também apresentaram áreas sem iluminação.

Segundo o pesquisador McCallum, os motivos são diferentes dos encontrados em países não-desenvolvidos: ele atribui a falta de luz artificial à noite ao uso consciente de energia elétrica por parte da população e governo.

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Para a líder do Grupo de Pesquisa em Soluções Institucionais e Sociais Transformativas do IIASA, Shonali Pachauri, a vantagem do novo método proposto é que ele pode a longo prazo "providenciar oportunidades para acompanharmos o progresso do bem-estar da população."

"Ele também pode ajudar a adquirir informações da política de energia em todo o mundo, ajudando a chegarmos nas áreas rurais pobres. Além disso, também pode ser útil para detectar sinais de gerenciamento sustentável da luz no mundo desenvolvido", afirma em entrevista ao site Phys.org.