CSI: drones poderão ser usados para detectar sangue em cenas de crime
Pesquisadores da Universidade de Miami desenvolveram uma técnica de fotometria que pode detectar a presença de sangue, pele e outros vestígios humanos mesmo em uma imagem capturada a muitos metros de distância via drone.
Ainda em fase de estudos, a técnica poderia ser incorporada a sensores de câmeras acopladas a drones e ser utilizada na busca de evidências de crimes e a localizar pessoas perdidas em regiões remotas.
Geologia a favor da ciência forense
O responsável pela pesquisa é o mineralogista Mark Krekeler e seu time da Universidade de Miami, atualmente no estado de Ohio, nos EUA. Utilizando os sensores presos aos drones, o time de Krekeler conseguiu identificar traços de sangue, pele e outros elementos humanos pela forma como esses materiais refletem a luz em diversas superfícies naturais, como rochas, folhas, areia e água.
Esse tipo de análise é bastante comum no trabalho dos geólogos. Esses profissionais costumam usar análises de fotometria para avaliar onde se depositam determinados tipos de minerais. Agora, pode servir também à ciência forense.
Funciona assim: sensores especiais nos drones fazem uma foto a distância e registram a intensidade do comprimento de onda de todo o espectro eletromagnético em cada pixel da imagem. Ao contrário de uma câmera comum, que captura apenas o vermelho, verde e azul, os sensores especiais registram luz infravermelha e ultravioleta.
O trabalho com a descoberta foi apresentado na reunião da Seção Centro-Norte da Geological Society of America no mês passado.
Software revela vestígios humanos
Os pesquisadores também criaram um software personalizado que combina as assinaturas de reflexo de luz conhecidas de várias superfícies para chegar a uma descoberta comum. Por exemplo, assinaturas de rochas e roupas podem ser combinadas para procurar uma pessoa perdida nas montanhas. Outra assinatura de sangue pode ser misturada com dados sobre reflexo de roupas e areia para procurar uma pessoa ferida no deserto.
Para chegar nessa técnica, a equipe de Mark Krekeler analisou milhares de amostras de manchas de sangue em diferentes tipos de rochas. Os pesquisadores investigaram como o reflexo da luz mudava à medida que o sangue secava, por exemplo. As amostras ainda foram comparadas a um grande banco de dados com informações sobre a reflexão de superfícies em ambientes naturais.
O software então avalia até um minúsculo pedaço de uma para dizer se aquele tipo de assinatura de reflexo de superfície pode ser encontrado ali. "Ele pode ainda distinguir entre um animal e um humano em uma floresta densa, procurar em uma paisagem urbana por evidências de uma pessoa que vestia uma roupa de uma cor específica ou determinar se o solo está manchado por sangue ou óleo diesel", explicou Krekeler ao site da Scientific American.
Equipes de resgate poderão usar ferramenta em breve
Funcionários de equipes de resgate dos EUA poderão baixar e testar a ferramenta criada pela equipe de Krekeler muito em breve. "Os pesquisadores ainda precisam desenvolver protocolos de melhores práticas para equipes de busca, de forma que essa tecnologia se torne rotina para investigações e perícias", avalia Krekeler.
"À medida que drones e sensores forem mais utilizados, eles podem mudar as investigações, que hoje são caras, trabalhosas ou até impossíveis", conclui o pesquisador.
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