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Netflix: fim do compartilhamento de senhas causa confusão no Chile e Peru

Getty Images
Imagem: Getty Images

Ellen Alves

Colaboração para Tilt*, do Rio de Janeiro

01/06/2022 15h27

O teste da Netflix para acabar com o compartilhamento generalizado de senhas deixou alguns usuários confusos. Em março, a gigante do streaming começou a experimentar soluções de compartilhamento de senhas no Peru, Chile e Costa Rica.

A medida consiste em aplicar taxas extras para quem compartilhar a assinatura da conta com pessoas que não morem na mesma casa, porém o plano até o momento resultou em frustração e confusão por parte de alguns usuários e até em cancelamento de planos por parte de outros.

A confusão chamou a atenção das agências de proteção ao consumidor dos países em teste. Em maio, autoridades dos órgãos de defesa do consumidor se reuniram com a Netflix para discutir os termos aplicados na mudança.

No encontro, o órgão regulador peruano recomendou que a Netflix criasse canais de comunicação eficazes sobre a nova política com os clientes e considerou que o conceito de "casa" e "família" poderia ter interpretação diferente para cada usuário. Além disso, o mesmo usuário poderia, por motivos de viagem, usar sua assinatura em diferentes locais.

Diante desse cenário, a Netflix disse já dispor de mecanismos que detectam esse tipo de situação e que isso não seria incluído nas premissas de cobranças adicionais.

Conflitos de comunicação

Esta é a primeira vez que a Netflix define o termo "família" como exclusivamente às pessoas com quem o titular da conta vive. Os usuários que utilizam a conta de um assinante, mas moram em outra residência, cidade ou país, estão violando os termos de uso. É o que informa a empresa.

Para entender melhor, o site Rest of World conversou com alguns assinantes da Netflix no Peru. Parte deles não foi informada sobre as novas cobranças mesmo após dois meses do anúncio inicial da Netflix. Outros usuários já estão sentindo a mudança. O custo de uma conta adicional é de US$ 2,00 (R$ 9,62) embora varie de país para país.

Para alguns, o aumento para inclusão do "membro extra" foi o suficiente para convencê-los a cancelar suas contas. Outros continuam a dividir suas senhas sem qualquer notificação sobre a mudança ou ignoram a nova regra sem nenhuma fiscalização.

É o caso de Gabriela A., que vive em Lima, no Peru, e que divide sua senha com mais duas amigas que moram em outra casa. Embora elas tenham recebido a notificação, há quase um mês, simplesmente ignoraram a mensagem sem maiores problemas e continuam dividindo a conta do streaming sem cobrança adicional.

No geral, falta clareza sobre como a empresa interpreta e fiscaliza as mudanças no serviço, o que deixa os consumidores confusos.

Indefinição da nova política

Os casos sugerem que a empresa pode estar testando diferentes formatos de cobrança para diferentes clientes ou ainda não definiu os termos da nova política. "Eles podem acabar causando problemas com a definição de família até agora vagamente inferida", disse Isabelle Charney, da gigante de entretenimento global Ampere Analysis, em entrevista ao site Rest of World'.

Em resposta ao site, a Netflix informou estar ciente das variações de interpretação de "família", mas sempre definiu o termo como pessoas que moram na mesma residência. A empresa confirmou o lançamento gradual e que diferentes assinantes podem estar pagando taxas diferentes uma das outras.

Por enquanto não existe previsão disso acontecer no Brasil. A cobrança é um teste limitado, embora a Netflix tenha intenção de lançar para o restante do mundo até o final do ano.

Desde a última divulgação de resultados financeiros, a Netflix tem informado que que vai combater as contas que compartilham senha com outras pessoas. A ideia é cobrar um valor adicional quando são pessoas que não são da família (ou simplesmente quem não vive no mesmo teto) para aumentar a receita e continuar investindo em conteúdos originais. Sem contar que é também uma forma de fidelizar mais pessoas à plataforma, dado que há um crescente número de concorrentes, como os serviços Disney+, PrimeVideo, HBOMax, entre outros.

*Com informações do site Rest of World