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A energia na sua casa vive caindo? Entenda a sobrecarga no sistema elétrico

Diego PH/Unsplash
Imagem: Diego PH/Unsplash

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

01/06/2022 10h56Atualizada em 01/06/2022 20h02

Quando as instalações elétricas não são pensadas em função da carga que vão alimentar, a rede pode sofrer sobrecargas da rede e os disjuntores de proteção podem ser ineficientes. Resultado? Quedas constantes de energia.

Essas oscilações são comuns, especialmente em imóveis mais antigos. O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) Dalton de Araujo Honório lembra que, há 30 anos, a maioria das casas e apartamentos não haviam sido preparados para receber tantos eletrônicos e eletrodomésticos.

"Com a evolução das tecnologias e o aumento do poder aquisitivo das famílias, mais equipamentos que demandam energia elétrica foram surgindo dentro das casas. Hoje, se uma casa tem quatro pessoas, existem pelo menos quatro carregadores de celular, por exemplo", afirma o especialista.

Os lares passaram a receber múltiplos aparelhos similares (como televisores, computadores e ar condicionado) e também novas comodidades, como a air fryer.

Até as lâmpadas, que geralmente têm um consumo muito baixo e dificilmente impõem condição de queda ou falha de energia, podem ser vilãs em algumas situações, segundo o professor do curso de eletrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) Hilson Vilar.

Por isso, é sempre bom ter cuidado com instalações mal feitas ou acúmulo de lâmpadas de alto consumo, como refletores em jardins.

"Muitas pessoas querem fazer uma iluminação melhor dentro de casa e colocam refletores de LED. Acontece também quando montam estúdios para youtubers. Isso aumenta demais a demanda de energia, sem a correta atualização do sistema", exemplifica Honório.

Confira mais dicas e como resolver:

As causas mais comuns

Uma das causas mais comuns é o subdimensionamento dos disjuntores de proteção. Ou seja, o número de eletrodomésticos no imóvel aumentou e o quadro elétrico (e seus cabos) não foram atualizados para suportar essa nova demanda. Então, sempre que esses equipamentos são ligados, o disjuntor desliga.

"O disjuntor atua como um sistema de proteção, seja por sobrecarga, seja por surto. Surto é o que acontece quando ocorre alguma anomalia, como um curto-circuito ou alguém que estava fazendo algum tipo de obra na parede e acertou um condutor, derrubando o fornecimento de energia para o sistema inteiro da casa", explica Honório.

Outro problema comum são os chamados "pontos quentes". Com o tempo, as conexões dos cabos nos quadros (como tomadas e interruptores) podem ficar "folgadas". Isso pode gerar um aquecimento no local e aí os dispositivos de proteção desligam tudo como forma de precaução.

Ainda em relação às sobrecargas, os especialistas lembram que os disjuntores foram projetados para uma quantidade determinada de corrente. E dentro das correntes de energia, existem as correntes elétricas e as tensões elétricas.

Ou seja, se um ar condicionado for instalado em um sistema elétrico que não foi preparado previamente para recebê-lo, ainda que a instalação da corrente elétrica seja bem feita, pode haver uma sobrecarga na rede. O disjuntor pode interromper, para evitar que o sistema atue acima de sua capacidade.

Como resolver o problema

Não tem jeito: a melhor solução é mesmo readequar as instalações. Ou seja, uma reforma no imóvel.

"Dependendo de como foi feita, por si só, a instalação já pode estar dando algum gasto ao cliente. E, na medida em que ele vai adicionando mais carga, ela não consegue mais se sustentar", afirma o professor da UFC.

Quem tem um pouco mais de conhecimento às vezes se arrisca e troca apenas por um disjuntor maior. Mas isso só resolve parte do problema.A proteção da rede elétrica continuará sendo negligenciada. Embora o disjuntor não vá deixar de funcionar, a casa não estará sendo protegida das condições de surto e sobrecarga.

"Sempre que houver uma mudança no perfil de uso do imóvel, com aumento do número de aparelhos ou mudança na potência, deve ser contratado um profissional para redimensionar a instalação", reforça Vilar, do IFPE.

Dependendo do porte do imóvel, esse profissional deve ser um eletrotécnico ou um engenheiro eletricista. É ele que irá indicar as adaptações necessárias, como a instalação de novos quadros de proteção e a substituição dos cabos elétricos.

Proteção extra para os eletrônicos

TVs, consoles e computadores são aparelhos mais sensíveis. Por exemplo, se cair um raio próximo à residência, pode atingi-los e interferir no funcionamento.

Se acontecer algo na instalação elétrica da casa, o equipamento precisa estar isolado. Para isso, é importante o uso de estabilizadores, filtros próprios para eletromagnéticos, isoladores de energia e no-breaks.

Vilar recomenta também uma análise da qualidade da energia que está sendo entregue pela concessionária da sua cidade. Esse estudo deve ser feito por um profissional habilitado, que avaliará aspectos técnicos como os níveis de tensão e frequência da rede. Assim, ele poderá identificar e acionar a concessionária caso haja cobrança de valores inadequados.

Utilize com moderação

Os especialistas ainda indicam que as redes elétricas residenciais devem ser utilizadas com bom senso. Vale criar estratégias de uso e evitar vários aparelhos elétricos ligados ao mesmo tempo.

"Se tem alguém tomando banho com chuveiro elétrico, evite usar muitos equipamentos na cozinha naquele momento. Racionalize o uso. Se não for possível, escalone e gerencie a utilização", sugere Dalton.

Em situações excepcionais, como numa festa grande, que exija um sistema de som e luz, o mais recomendado é alugar um gerador externo a diesel, para evitar a sobrecarga na rede doméstica.