'Pude ver o Brasil do espaço', diz brasileiro após voo em foguete de Bezos
"Senti como se estivesse saindo do meu corpo". Foi assim que o engenheiro Victor Hespanha descreveu a sensação de ter ido ao espaço nesta sábado (4), em um foguete da Blue Origin, empresa espacial do bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Hespanha, que se tornou o segundo brasileiro a ir ao espaço, contou em entrevista coletiva após seu retorno à Terra como foi a experiência. "Pude ver o Brasil do espaço", comentou. "O medo não importava. Foi o dia mais feliz da minha vida, realizando um sonho de infância. Foi um passo extremamente importante, que desperta muita esperança, especialmente para nós brasileiros que passamos por momentos difíceis saindo da pandemia."
Questionado por Tilt, Hespanha disse que ainda não se encontrou com Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e primeiro brasileiro a ir ao espaço, em 2006. Mas confirmou que interlocutores estão tentando agendar um encontro entre os dois em breve.
"Estou muito animado para conversar com ele [Marcos Pontes] e compartilhar um pouco da experiência. Obviamente ele é muito mais experiente do que eu, mas vai ser incrível", disse Hespanha.
Pontes deixou o cargo de ministro em março para disputar as eleições de outubro como candidato a deputado federal por São Paulo.
Hespanha diz que ainda não tem certeza do que fazer com sua experiência de astronauta. "Tenho muitos sonhos no coração de ajudar e inspirar pessoas", disse. Mas garantiu que pretende voltar ao espaço assim que a Blue Origin começar a vender ingressos para turistas abertamente. "Quero ir de novo. Se eu tiver oportunidade, vou duas, três, quatro, cinco vezes, se Deus permitir."
Como foi a missão
Além de Hespanha, que levou uma bandeira do Brasil na "mala", o quinto voo tripulado da Blue Origin também contou com o empresário Evan Dick, a mexicana Katya Echazarreta (primeira mulher nascida no México a ir ao espaço), o empresário Hamish Harding e os investidores Jaison Robinson e Victor Vescovo.
Do lançamento até a volta à Terra, o voo espacial da Blue Origin durou cerca de 10 minutos, atingindo mais de 100 km de altura acima do nível do mar. Durante apenas três minutos, a tripulação ficou em microgravidade, o que fez com que não sentissem o peso do corpo e flutuassem dentro da cabine.
A Blue Origin, que pretende vender pacotes turísticos de voos ao espaço, fez sua primeira missão tripulada em julho de 2021. Além de Bezos, a missão contou anda com Wally Funk, que se tornou a mulher mais velha a ir ao espaço, e Oliver Daeme, que se tornou a pessoa mais jovem a dar uma voltinha fora da Terra.
Como brasileiro foi escolhido
Hespanha conseguiu sua vaga no voo após um investimento de quase R$ 12 mil reais em criptomoeda. "Quando fiquei sabendo, primeiro veio a negação e o questionamento: 'será que é verdade?", disse em entrevista à Tilt.
Ele chegou a comprar três NFTs (ativo digital com registro de autenticação) da empresa CSA (Cripto Space Agency), uma agência espacial não-governamental que tem como objetivo fomentar criptmoedas e a exploração espacial.
Em cada NFT, ele pagou 0,25 ETH (criptomoeda Ether) —a título de curiosidade cada um custou cerca de R$ 4.000, portanto, ao todo, ele gastou R$ 12 mil. Na prática, ele comprou uma filiação à CSA, que dá direito a ele a participar de encontros, palestras e sorteios.
Neste estágio inicial, para atrair mais pessoas, a agência ofereceu uma passagem para um voo da Blue Origin a ser sorteada para novos membros —um tíquete para turismo espacial pode chegar a US$ 200 mil (pouco mais de R$ 1 milhão na cotação atual); mas a CSA não informou quanto pagou na passagem que levou o engenheiro brasileiro ao espaço.
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