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Ryugu: O asteroide que pode indicar vida extraterrestre em seus vestígios

Asteroide contém aminoácidos que podem indicar origem da vida no sistema solar - Divulgação/Nasa
Asteroide contém aminoácidos que podem indicar origem da vida no sistema solar Imagem: Divulgação/Nasa

Colaboração para Tilt, em São Paulo

09/06/2022 10h13Atualizada em 09/06/2022 15h45

Um grupo de cientistas japoneses detectou um asteroide a 321 milhões de km da Terra que contém rochas que podem indicar a existência de vida alienígena.

De acordo com o jornal britânico DailyMail, o asteroide, batizado de Ryugu, contém mais de 20 tipos de aminoácidos. Eles foram descobertos em amostras coletadas pela sonda japonesa Hayabusa2 entre 2018 e 2019.

Os cientistas analisaram 5,4 gramas de grãos rochosos do Ryugu e classificaram os aminoácidos de "blocos de construção da vida", pois consistem em proteínas produzidas por organismos vivos a partir de seu código de DNA.

No entanto, apesar de serem os compostos orgânicos responsáveis pelas formas de vida conhecidas pelos seres humanos, eles não são necessariamente restos de organismos vivos antigos. De qualquer forma, os pesquisadores acreditam que essas amostras sejam o material mais primitivo do sistema solar.

Os produtos químicos que dão origem às proteínas podem se formar por meio de processos geológicos naturais, como ocorre com aqueles que formaram o sistema solar. Os japoneses também apontaram que dos 20 tipos de aminoácidos encontrados no asteroide, 10 tipos são conhecidos, como alanina e glicina.

"Nós detectamos vários compostos orgânicos prebióticos nas amostras, incluindo aminoácidos proteinogênicos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos semelhantes ao petróleo terrestre e vários compostos de nitrogênio", disse Hiroshi Naraoka, cientista da Universidade Kyushu, no Japão, que liderou a equipe de pesquisadores.

"Essas moléculas orgânicas prebióticas podem se espalhar por todo o sistema solar, potencialmente como poeira interplanetária da superfície de Ruygu por impacto ou outras causas".

Os pesquisadores também sugeriram que Ryugu poderia ser remanescente de um cometa extinto que passou dezenas de milhares de anos correndo pelo sistema solar. Posteriormente, ele foi vaporizado por altas temperaturas e se transformou em um asteroide formado por uma pilha de escombros, movendo-se para o cinturão de asteroides interno entre Júpiter e Marte.

Outros pesquisadores alegam que o Ryugu se originou de detritos deixados pela colisão entre outros dois asteroides maiores. Por outro lado, existem teorias que indicam o contrário, principalmente se o asteroide for rico em conteúdo orgânico, porque a matéria teria sido degradada ou destruída pelas altas temperaturas de uma colisão.

Por enquanto, não há conclusões a respeito desse nível de matéria orgânica, pois as amostras ainda estão em análise.

Ryugu é um asteroide próximo à Terra do tipo carbono, com cerca de 1 km de diâmetro e em uma órbita entre a Terra e Marte. Testes anteriores já mostraram que a rocha espacial contém alguns dos materiais mais primitivos já examinados. Para os cientistas, essas informações poderiam desvendar o mistério sobre a origem do sistema solar.

Especialistas da Universidade de Queensland, Austrália, disseram que as amostras estão entre os materiais mais escuros já examinados, refletindo apenas 2% da luz que as atinge. Elas também são muito porosas e podem ser a chave para entender como os primeiros blocos de construção da vida chegaram à Terra há 4,5 bilhões de anos.