Veja os últimos momentos de um cometa até morrer tostado pelo Sol
Uma equipe internacional de astrônomos registrou imagens inéditas da morte de um cometa, que foi destruído ao passar perto do Sol. As altíssimas temperaturas despedaçaram e carbonizaram a rocha espacial.
É a primeira vez que um cometa periódico em órbita próxima ao Sol foi visto se desintegrando assim — e isso pode explicar por que não há muitos corpos deste tipo no Sistema Solar. O objeto em questão era o 323P/SOHO.
Para registrar as imagens, os cientistas usaram uma frota de telescópios, em solo e no espaço, incluindo o Hubble. As descobertas foram divulgadas esta semana, em um estudo publicado na revista Astronomical Journal.
Cometas próximos ao Sol
O Sistema Solar é um lugar hostil. Há diversas rochas espaciais que orbitam o Sol — mas não é um processo tão ordenado quanto o dos planetas. Efeitos gravitacionais dos corpos maiores desestabilizam o trajeto dos menores e mais errantes.
Um destino comum é ser empurrado para uma órbita próxima ao Sol — que eventualmente resultará em um mergulho flamejante. Como este tipo de objeto passa tão perto da nossa estrela, são difíceis de visualizar e estudar; a maioria foi detectada acidentalmente, em observações de telescópios solares.
Mas, mesmo considerando esta dificuldade, há muito menos cometas e asteroides próximos ao Sol do que o esperado. Algo está destruindo eles, antes que tenham a chance de fazer seu mergulho final e fatal.
Como foi registrado?
Para melhor entender este processo, um grupo de astrônomos dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Taiwan e Macau (China) observaram o 323P/SOHO por alguns meses, com diversos telescópios, entre eles: Canada France Hawaii (CFHT, no Havaí), Gemini North (EUA), Lowell's Discovery (EUA), Subaru (Japão), e o Espacial Hubble.
A órbita do cometa não era muito definida, então os pesquisadores não sabiam exatamente onde procurá-lo. Mas o amplo campo de visão do Subaru funcionou como uma rede, permitindo que ele fosse encontrado quando se aproximava do Sol. Foi a primeira vez que este objeto foi capturado por um telescópio terrestre.
Com os novos dados, os astrônomos conseguiram restringir melhor a trajetória, e sabiam para onde apontar os outros telescópios. E ficaram esperando o cometa "dar a volta" e começar a se afastar do Sol novamente — o que nunca aconteceu. Assim, registraram o momento único de sua morte.
Mas o trabalho criou mais dúvidas do que respostas. Entre outras, descobriram que o 323P/SOHO gira em seu eixo muito rapidamente, levando cerca de meia hora por revolução, e que sua cor é diferente de qualquer outra coisa no Sistema Solar.
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