Missão da Nasa para pisar na Lua novamente vai atrasar, revelam documentos
Há anos, a Nasa está se preparando para lançar a primeira missão do programa Artemis, que quer levar o homem novamente para a Lua. A meta era que isso acontecesse até 2024, mas documentos internos da agência espacial, vazados esta semana, revelam atrasos inevitáveis.
De acordo com o site Ars Technica, que obteve as informações, há dois cronogramas alternativos, que se estenderiam até 2034, com grandes lacunas. Um deles, chamado "cadência", coloca os lançamentos na ordem prevista; o outro, "conteúdo", prioriza o envio de cargas mais significativas.
O replanejamento pode estar relacionado a demoras no desenvolvimento das tecnologias necessárias e também à falta de verbas. Estima-se que Artemis irá custar cerca de US$ 93 bilhões (cerca de R$ 475 bilhões) até 2025 — e o governo dos Estados Unidos parece relutante.
O novo programa de exploração lunar tripulada depende da nave Orion e do foguete mais poderoso do mundo, o Space Launch System (SLS, ou Sistema de Lançamento Espacial), que ainda estão em fase de testes e upgrades. Também há o desenvolvimento de trajes especiais para os astronautas, além de projetos para uma base lunar e uma estação espacial.
Se tudo der certo, será a primeira vez que um astronauta caminhará em nosso satélite desde 1972 (quando aconteceu a última missão tripulada do projeto Apollo), incluindo a primeira mulher. Composto por diversas missões, o Artemis também pretende construir uma base permanente na Lua e abrir caminho para pisarmos em Marte.
Conheça os detalhes de cada etapa e as datas até então divulgadas pela Nasa:
Artemis I (2022): A missão inicial, ainda sem tripulação, consiste no lançamento real de uma cápsula Orion pelo SLS. Ela permanecerá na órbita da Lua por três dias, para testar sua capacidade de ir e voltar. O lançamento está previsto para agosto; ontem (20), um teste foi parcialmente bem-sucedido, abortado após vazamento em uma válvula de hidrogênio.
Artemis II (2024): Será como uma repetição da primeira, desta vez com quatro tripulantes a bordo. Eles farão apenas um sobrevoo, dando uma volta até o lado oculto da Lua, a cerca de 400 mil quilômetros da Terra (o mais distante no espaço profundo que qualquer ser humano já foi). A viagem deve durar cerca de 10 dias.
Artemis III (2025): É o grande teste. O objetivo é "alunissar" (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá. Mas a Orion não tem propulsão para fazer isso sozinha. É preciso um sistema de pouso humano (HLS): uma nave para levar os astronautas entre a órbita da Lua, onde estará a cápsula, e a superfície. Por enquanto, a Nasa optou pela Starship, da SpaceX:
Artemis III.5 (2027): Os documentos revelam que, se optar pelo cronograma Cadence, a Nasa deve adicionar uma outra missão, para que não haja grandes lacunas no programa. Quatro astronautas iriam até a órbita da Lua, e dois desceriam à superfície. Isso custaria mais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25 bi) e significaria mais atrasos para as fases e tecnologias seguintes.
Futuro (até 2034 ou mais): Se bem-sucedido e com verbas, a próxima etapa do Artemis seria instalar o Lunar Gateway, similar à Estação Espacial Internacional (ISS), em menor escala, que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões. Em parceria com outras agências espaciais e empresas privadas, a Nasa também pretende estabelecer uma base permanente na Lua, com uma "plataforma habitável de mobilidade", para viagens de até 45 dias.
A meta é que toda essa estrutura e experiência também permitam viagens tripuladas a Marte, incialmente previstas para a década de 2030. "É um cronograma agressivo", disse Jim Bridenstine, administrador da Nasa, em uma coletiva. O mais provável é que ainda leve, pelo menos, 20 anos para isso acontecer.
A primeira vez que o homem esteve na Lua foi em 1969, com a famosa missão Apollo 11, de Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Doze pessoas diferentes já caminharam sobre o solo lunar até a Apollo 17, a última missão tripulada ao satélite, em 1972.
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