Decisão em 25 segundos: como funciona a IA que ajudará VAR na Copa do Mundo
Inteligência Artificial vai entrar em campo na Copa deste ano, no Catar. A FIFA anunciou que utilizará um sistema de câmeras com IA para acelerar as decisões sobre impedimento feitas pelo árbitro de vídeo, o VAR. Essa nova tecnologia promete deixar para trás os tempos de rever o replay do lance por vários ângulos.
Trata-se de um sistema semiautomatizado, com um sensor na bola que emite sua localização no campo 500 vezes por segundo. Além disso, 12 câmeras montadas sob o telhado dos estádios usarão aprendizado automático (o chamado "machine learning") para também rastrear 29 pontos dos corpos dos jogadores. Essa informação será emitida 50 vezes por segundo.
Dessa forma, o software calcula rapidamente situações de possível impedimento. Alertas são enviados aos operadores da tecnologia e, logo, à sala do VAR, onde os assistentes de vídeo validam a decisão e avisam o árbitro em campo sobre ela.
Os dados gerados pelas câmeras e pela bola são ainda usados para criar animações 3D, que podem ser exibidas nos telões do estádio e nas transmissões televisivas "para informar todos os espectadores da maneira mais clara possível", de acordo com a FIFA.
E o juiz?
O sistema recebeu o nome de SAOT, sigla em inglês para "tecnologia semiautomatizada de impedimento", e foi desenvolvido em parceria com diversas universidades, entre elas o MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts).
"Essa tecnologia é mais rápida e mais precisa, além de oferecer uma comunicação melhor aos torcedores", afirmou em nota o chefe do comitê de arbitragem da FIFA, Pierluigi Collina. "Ela pode criar uma nova forma de visualização para os torcedores em casa e no campo. Todos os testes correram bem e, portanto, a SAOT estará na Copa do Mundo do Catar 2022."
Isso não quer dizer, é claro, que o árbitro em campo e seus assistentes não terão a palavra final sobre o que configura um impedimento. Pelas regras do futebol, o impedimento ocorre quando um jogador de ataque se beneficia ao receber a bola, estando com uma parte do seu corpo (exceto mão e braço) mais próxima da linha de meta adversária do que o penúltimo adversário.
Na prática, porém, o árbitro de campo terá menos informações do que o VAR e, portanto, deve apenas confirmar a marcação. De acordo com Collina, a SAOT reduz o tempo de decisão sobre impedimento, em média, de 70 segundos para 25 segundos.
Importância psicológica
Segundo Collina, há uma questão mental envolvida na rapidez das decisões. Atualmente, o VAR é bastante criticado pela espera até que uma decisão seja tomada, o que os torcedores de futebol em particular consideram inaceitável. Além disso, sempre há a suspeita de que apenas o uso de câmeras comuns para determinar o posicionamento de um jogador não são suficientes.
"O objetivo é ter uma uma tecnologia muito precisa, similar à tecnologia 'goal-line'", afirmou o chefe de arbitragem da FIFA, em referência ao sistema tecnológico em uso atualmente para determinar se uma bola cruzou ou não a linha do gol.
"A tecnologia 'goal-line' costumava medir distâncias de até 3 centímetros. Hoje, está na casa dos milímetros e é elogiada. O mesmo deve ocorrer com a SAOT."
Além disso, Collina, que apitou a final da Copa do Mundo de 2002 entre Brasil e Alemanha, ressaltou a importância de dar "uma resposta rápida" aos torcedores.
"Em termos de tempo, é [algo] mais psicológico. Se eu olhar para outras experiências esportivas, o tempo [usado pela tecnologia para apontar uma decisão] é vivido normalmente pelos técnicos e espectadores. Na NBA, você vê os jogadores tomando água, os torcedores se divertindo, ninguém se importa com a demora. Mas sabemos que o futebol é diferente e que o tempo é importante."
As animações 3D geradas pelo SAOT devem substituir as imagens de TV pausadas com linhas traçadas sobre elas. Embora o alerta de impedimento seja praticamente imediato com o novo sistema, os 25 segundos de espera serão usados para gerar a animação e, assim, dar credibilidade à decisão.
A Copa do Mundo do Catar ocorrerá entre novembro e dezembro de 2022, e enfrenta questionamentos internacionais sobre direitos humanos, já que o país é uma ditadura. Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian em parceria com a ONG Human Rights Watch, mais de 6.500 trabalhadores imigrantes morreram trabalhando nas obras para o Mundial, em condições análogas à escravidão.
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