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5G chega em mais cidades: preciso trocar o kit da parabólica? Quanto custa?

Usuários precisarão trocar as parabólicas até 2025 - Cecília Bastos/Usp Imagens
Usuários precisarão trocar as parabólicas até 2025 Imagem: Cecília Bastos/Usp Imagens

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

29/07/2022 04h00

Após o Distrito Federal, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) confirmou para esta sexta (29) o início do funcionamento da tecnologia 5G para outras três cidades: Belo Horizonte, João Pessoa e Porto Alegre.

A nova geração de telefonia móvel é 20 vezes mais rápida que o 4G, com downloads com velocidade na casa dos gigabits por segundo (capaz de baixar filmes em menos de um minuto, por exemplo). A conexão é mais estável, permitindo, por exemplo, que seja possível jogar via 5G em pé de igualdade com as pessoas que estão em uma conexão fixa.

Mas a tecnologia traz um problema prático: quase 20 milhões de famílias que assistem TV através de sinal da parabólica podem ser impactadas por possíveis interferências do sinal do 5G. Cerca de 10 milhões dessas famílias terão de pagar do próprio bolso para mudar o kit composto por antena, receptor de sinal e fiação.

A outra metade tem direito ao kit gratuitamente, bancado pela EAF (Empresa Administradora da Faixa), entidade formada por Claro, Tim e Vivo —operadoras que venceram os principais lotes do leilão 5G no Brasil, em 2021.

A gratuidade é para famílias de baixa renda. De acordo com a EAF, estima-se que mais de 5 mil famílias receberão o kit nas novas cidades:

  • Belo Horizonte: 2,7 mil
  • Porto Alegre: 1,5 mil
  • João Pessoa: 1,5 mil

Por que parabólicas são afetadas?

O 5G que chegará às capitais brasileiras vai funcionar na faixa de 3,5 GHz. É como se fosse uma "estrada" por onde passam os dados de transmissão.

O problema é que a parabólica no Brasil tem seus dados na "estrada" banda C, que atua na frequência entre 3,7 GHz a 6,45 GHz.

A proximidade entre essas duas "estradas" não causa problemas no 5G, mas afeta diretamente o sinal que chega às TV via parabólicas, podendo causar ruídos de som e imagem. Os receptores das televisões não possuem tecnologia para filtrar essa interferência, o que torna quase obrigatória a substituição do equipamento.

Os novos aparelhos para televisão são necessários porque, para driblar o risco de interferência no sinal, as parabólicas vão receber a transmissão em uma nova "estrada" de troca de dados, chamada de banda Ku.

A banda C, infovia atual, deixará de existir nos próximos 18 meses, após a transferência total das parabólicas para a banda Ku. Esse processo é chamado de "limpeza de faixa".

Preciso trocar minha antena?

De acordo com o superintendente de outorgas da Anatel, Vinícius Karam, apesar de o 5G poder causar interferências no sinal das parabólicas, nem todos os lares que consomem TV através dessas antenas serão obrigadas a trocar, por enquanto.

Isso porque a interferência no sinal da TV pode ser causado por diversos fatores. O principal é a proximidade da residência com alguma estação de 5G. Quanto mais perto, maiores as chances de a imagem e som sofrerem distorções.

"Em Brasília [que recebeu o sinal de 5G em 6 de julho], por exemplo, se houver algum usuário de baixa de renda com esse problema, ele deve procurar a EAF para trocar o kit", afirmou Leandro Guerra, CEO da EAF.

Apesar da não obrigatoriedade no momento, contudo, a banda C para parabólicas será desativada em 31 de dezembro de 2025, o que força a troca dos equipamentos até lá.

O que é preciso trocar na parabólica? Existe diferença?

Para uma TV via parabólica funcionar, é preciso de um kit. Nele, existe a antena, o receptor e um dispositivo chamado LNBF, que converte o sinal que chega do satélite para o da televisão. Além disso, há a fiação inclusa no pacote, se for necessário.

De acordo com o superintendente de outorga da Anatel, as antenas que funcionam na banda C possuem de 1,5 metro a 2 metros de diâmetro. Já a nova, que opera na banda Ku, tem apenas 60 centímetros.

Os demais dispositivos também já são programados para receber o sinal de TV digital.

"Em relação à instalação, é importante contar com um técnico antenista para avaliar se o cabo que vai da antena até o receptor poderá ser o mesmo ou se também terá de ser trocado", orienta Karam.

Na internet, esses aparelhos já estão à venda, e são chamados pelas redes varejistas de "kit banda Ku". Os valores variam de acordo marca e loja, mas estão na faixa entre R$ 200 a R$ 800, dependendo do serviço embutido, como instalação e canais.

Sou de baixa renda. Como faço para trocar o kit de graça?

Parabólicas funcionam agora na banda ku - LoggaWiggler/Pixbay - LoggaWiggler/Pixbay
Parabólicas funcionam agora na banda ku
Imagem: LoggaWiggler/Pixbay

Conforme determina o edital do leilão 5G, as operadoras que arremataram o lote da faixa 3,5 GHz é que deverão arcar com a troca dos kits para pessoas de baixa renda.

Porém, de acordo com a EAF, apenas as que estão no CadÚnico, cadastro de pessoas de baixa renda do Governo Federal, poderão ter acesso aos aparelhos de maneira gratuita. A instalação também está inclusa.

Além do CadÚnico, a gratuidade da troca vale somente para quem tem TV via parabólica funcionando.

Esse processo de instalação já pode ser feito em Belo Horizonte, Distrito Federal, João Pessoa e Porto Alegre.

Para ter acesso ao serviço, de maneira agendada, basta ligar gratuitamente para 0800-729-2404, ou se cadastrar no site do Siga Antenado, gerenciado pela EAF.