5G puro e impuro: quais as diferenças e por que isso importa?
O 5G está começando a ser implementado nas capitais brasileiras, levando conexão móvel super-rápida que pode baixar filmes em segundos. Até o momento, oito capitais já contam com a tecnologia. Outras 15 devem implementá-la até dezembro.
O sinal tem sido oferecido de duas maneiras: o 5G "puro" e 5G "não-puro" (ou "impuro"). Você sabe qual é a diferença entre eles?
Essa distinção existe porque, assim como ocorreu com o 4G, o 5G está sendo implementado em etapas. Durante o processo, há algumas tecnologias de transição, aproveitando a infraestrutura da geração anterior de transmissão de dados.
5G não-puro
De forma resumida, o 5G não-puro reutiliza parte das antenas e de outros equipamentos do 4G. Oficialmente, ele é chamado de 5G NSA (Non Standalone).
Como característica, ele tem velocidades compatíveis com 5G, podendo chegar na casa dos gigabits por segundo. Mas ele não oferece a mesma qualidade na latência: a diferença de tempo entre o acionamento de um comando, sua transmissão no sistema e a execução desse comando.
Quanto menor a latência, melhor. Significa que os comandos são mais precisos. No 5G NSA, ela fica na casa dos 30 milissegundos — parece bom, mas a do 5G "puro" é ainda mais baixa.
A latência é importante para aplicações industriais ou comerciais críticas, onde cada microssegundo conta, como numa cirurgia à distância, por telemedicina.
Para o público comum, o único segmento que seria beneficiado são os fãs de games online. Para o resto dos usuários, porém, a alta velocidade do 5G NSA já será o suficiente para melhorar o dia a dia, facilitando a execução de vídeos, chamadas por câmera ou downloads de grandes arquivos, por exemplo.
5G puro
O 5G puro utiliza apenas antenas e núcleos da própria rede 5G. Ou seja, sua infraestrutura foi concebida e construída apenas para esse tipo de transmissão. Ele é chamado oficialmente de 5G SA (Standalone).
A velocidade de download no 5G SA pode chegar a gigabits por segundo (como no 5G NSA), porém seu grande diferencial é o baixo tempo de latência, entre 1 e 5 milissegundos.
O 5G SA foi uma exigência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para as operadoras que venceram o leilão das faixas de transmissão 5G, em 2021. As empresas se comprometeram em investir nessa infraestrutura, que será a mais benéfica para o desenvolvimento econômico do país, por permitir diversas aplicações na indústria, comércio, agricultura e saúde, entre outros setores.
De acordo com a agência, as operadoras contarão com redes híbridas (5G puro e impuro): "O objetivo é atender ao máximo o portfólio da base legada [a que já existe], visto que muitos usuários não possuem [celulares] SA", informou em comunicado.
A estimativa do órgão regulador é que apenas 5% dos celulares brasileiros são compatíveis com o 5G puro. Nem o iPhone 13 é compatível - a Apple precisa liberar uma atualização para que ele possa se conectar a esse tipo de rede. Saiba se seu aparelho é compatível com a tecnologia.
Ok, e eu com isso?
Num primeiro momento, o 5G que a maioria das pessoas vai acessar é o impuro, ou 5G NSA. Com o tempo, as operadoras devem oferecer planos que usem a baixa latência do 5G puro (5G SA).
Em entrevista à Tilt na estreia do 5G em Brasília, Márcio Carvalho, diretor de marketing da Claro, explicou por qual motivo a operadora tem liberado 5G NSA para os consumidores.
"As principais aplicações — como Netflix, YouTube, Uber — foram desenvolvidas para funcionar no 4G. Então, a alta velocidade do 5G NSA é mais que o suficiente. Quando tivermos aplicações que usam baixa latência, fará sentido para o consumidor ter 5G SA", disse. "Se lançássemos 5G SA para os consumidores, eles pagariam mais caro por algo que ainda não tem aplicações específicas".
*Com reportagem adicional de Guilherme Tagiaroli
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