James Webb: novas imagens revelam detalhes surpreendentes de Júpiter
O Telescópio Espacial James Webb (JWST) capturou novas imagens de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Elas nos revelam detalhes impressionantes, em uma visão sem precedentes de fenômenos como auroras e a Grande Mancha Vermelha.
As imagens foram registradas no dia 27 de julho e divulgadas hoje (22) pela Nasa. Capturadas por três filtros infravermelhos diferentes, elas eram originalmente em preto e branco, e foram processadas e coloridas, para aumentar o contraste visual e destacar características específicas.
É possível ver os anéis do planeta (como os de Saturno, mas muito mais fracos), duas das menores de suas 79 luas (Amalthea and Adrastea, com 200 e 20 quilômetros de diâmetro, respectivamente) e auroras brilhantes nos polos norte e sul. Ao fundo, galáxias distantes fazem uma participação especial.
Já Grande Mancha Vermelha — uma tempestade enorme e eterna na turbulenta atmosfera de Júpiter — aparece como um grande círculo branco no canto inferior direito, por estar refletindo a luz do Sol. Os numerosos ovais pálidos são sistemas de tempestade menores. Os vórtices e faixas coloridas também se destacam.
Veja a imagem com anotações da Nasa:
Os surpreendentes registros foram feitos pelo avançado instrumento NIRCam (Near Infrared Camera, ou "câmera de infravermelho próximo"). Os próprios cientistas da Nasa ficaram surpresos com a riqueza de detalhes. "Não esperávamos que fossem tão boas, para ser honesta", disse a astrônoma Imke de Pater, professora da Universidade da Califórnia em Berkeley.
"Nós nunca vimos Júpiter assim", completou. "É realmente incrível que possamos ver detalhes como seus anéis, seus pequenos satélites e até algumas galáxias em uma única imagem."
Instrumentos inovadores
Uma maravilha da engenharia, o James Webb é capaz de espiar mais longe no espaço do que qualquer outro telescópio já fez, graças ao seu enorme espelho principal e instrumentos de foco infravermelho, permitindo que sua visão atravesse gás e poeira cósmicos.
Ele é equipado com quatro câmeras e espectrômetros, capazes de operar em um total de 17 modos diferentes. O mais importante e utilizado, provavelmente, é a NIRCam: uma tecnologia de captura de imagens que opera em frequências do espectro visível e invisível, entre 0,6 e 5 µm. Como referência, o olho humano consegue enxergar apenas entre 0,38 e 0,78 µm.
Ela tem o potencial de capturar luz emitida logo depois do Big Bang, inclusive fracas emissões de infravermelho das mais antigas galáxias e estrelas, que só agora estão nos atingindo.
"Embora já tenhamos visto muitas dessas características de Júpiter antes, os comprimentos de onda infravermelhos do JWST nos dão uma nova perspectiva", disse de Pater. "Estas imagens ilustram a sensibilidade e o alcance dinâmico da NIRCam", disse Fouchet.
Os outros três instrumentos são:
- NIRSpec (Near Infrared Spectrograph, ou "espectômetro de infravermelho próximo"), capaz de revelar a temperatura e composição de estrelas distantes;
- NIRISS (Near Infrared Imager and Slitless Spectrograph ou "sensor de infravermelho próximo e espectrógrafo sem fenda"), para observar planetas ao redor de estrelas brilhantes;
- MIRI (Mid-Infrared Instrument ou "instrumento de infravermelho médio"), para enxergar galáxias distantes ou recém-formadas, além de objetos menores e mais fracos, como asteroides. É o sensor do telescópio que opera no comprimento mais longo de luz, capaz de ultrapassar nuvens de poeira com mais facilidade.
As novas imagens foram processadas com ajuda da jovem cientista cidadã Judy Schmidt, da Califórnia, que trabalhou com o Telescópio Espacial Hubble nos últimos 10 anos, e de Ricardo Hueso, que estuda atmosferas planetárias na Universidade do País Basco, Espanha.
Em julho, já haviam sido divulgados alguns registros de Júpiter, capturados durante a fase de calibragem do James Webb e que ficaram "escondidos" em um relatório.
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