Atropelar bebê ou idosa? Especialista discute dilema de carros autônomos
Você está dirigindo um carro. De repente, uma bifurcação. Em um dos caminhos, uma senhora de idade atravessa a rua com um andador. No outro, um bebê engatinha até o outro lado. Você está em alta velocidade e não vai conseguir frear a tempo. O que você faz?
Essa é apenas uma das questões que cientistas têm de pensar ao trabalharem com carros autônomos - aqueles carros que podem funcionar sem motoristas. Um desses cientistas é Diego Renan, doutor em ciências da computação pela Universidade de São Paulo, que apresentou esse e outros dilemas no primeiro dia da The Developer's Conference (TDC) Business, uma das principais conferências para desenvolvedores da América Latina, que começou hoje (22) em São Paulo.
"O desafio é analisar tanto o que está acontecendo fora do carro quanto o que o estão fazendo dentro dele", diz.
Além das decisões morais que seriam difíceis para qualquer ser humano, outro problema está no próprio estágio de desenvolvimento das tecnologias voltadas para carros autônomos.
Hoje, elas identificam pedestres com facilidade, mas o próximo estágio é entender a dinâmica deles, explica Renan. Um exemplo da complexidade do assunto foi o acidente envolvendo um carro autônomo da Uber em 2018, que culminou em uma morte.
Quando o veículo identificou uma ciclista, a pessoa ainda estava na beira da rodovia. Mas ela se moveu e, "quando estava dentro da via, o carro freou de forma que não dava mais tempo" de evitar o atropelamento, explica Renan.
Outro impasse é monitorar as ações dos motoristas dentro dos veículos. Apenas 1% das imprudências de trânsito é identificada por policiamento, diz Renan, e a tecnologia pode ajudar com isso. Redes neurais são capazes de detectar falhas humanas, como o uso do celular ou sono ao volante. Isso pode ajudar a multar o condutor ou até mesmo fazer com que sistemas autônomos assumam o controle dos veículos nesses casos. Por outro lado, isso poderia virar um "Big Brother dentro do carro", como apontou um dos participantes da banca de doutorado de Renan.
"E no Brasil há o problema da estrutura do trânsito", lembra o cientista. "Existem caminhões que automaticamente estacionam no acostamento quando entendem que o motorista dormiu - mas tem rodovia sem acostamento aqui".
Por essas e outras estamos longe de ter automóveis sem motoristas em terras tupiniquins: o Brasil está em último lugar no ranking de 30 países avaliados pela consultoria KPMG no estudo Índice de Prontidão para Veículos Autônomos 2020.
TDC Business
A TDC Innovation Business neste ano acontece no formato híbrido, isto é, é possível participar de maneira presencial, em São Paulo, ou no formato online. A conferência começa hoje (22) e vai até a próxima quarta-feira (24).
A TDC foi criada para conectar palestrantes, empresas, profissionais e entusiastas para debater temas que estão em alta no mercado de tecnologia, possibilitando capacitação e troca de experiências.
Os participantes podem conferir 33 trilhas de conteúdo premium, pagas e segmentadas por Inteligência Artificial e Machine Learning, UX Design, Data Science, Transformação Digital, entre outros
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