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5, 4, 3, 2, 1: Missão Artemis sai rumo à Lua hoje às 9h33; o que vai rolar

Superlua de Morango, em junho, fotografada atrás do foguete SLS do programa Artemis, que quer levar o ser humano de volta à Lua e, depois, até Marte - Joe Skipper/Reuters
Superlua de Morango, em junho, fotografada atrás do foguete SLS do programa Artemis, que quer levar o ser humano de volta à Lua e, depois, até Marte Imagem: Joe Skipper/Reuters

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

29/08/2022 04h00

O mais ambicioso programa da Nasa está pronto para começar. Nesta segunda-feira (29), às 9h33, será lançada a missão Artemis 1 — a primeira de uma série que pretende levar o ser humano de volta à Lua e, depois, até Marte.

Esta primeira fase não terá pessoas a bordo. Será um grande teste "valendo" de todo o sistema, incluindo o mais poderoso foguete da história, o SLS (Sistema de Lançamento Espacial), e a nova cápsula Orion — onde futuramente ficará a tripulação.

A missão é altamente simbólica para a agência espacial norte-americana, cinquenta anos após o final do icônico programa Apollo — em 1972, o homem pisou na Lua pela última vez. Por isso, haverá ampla cobertura e celebração, com uma transmissão ao vivo iniciada às 7h30.

O lançamento acontece na plataforma 39B do Centro Espacial Kennedy (KSC), na Flórida, EUA. Acompanhe ao vivo no canal da Nasa:

A Nasa tem uma janela de duas horas para lançar o SLS — então isso pode acontecer até 11h33, caso haja alguma dificuldade técnica ou interferência climática. A transmissão continuará durante toda a injeção translunar (manobra para colocar a nave no caminho correto até a Lua), até a separação da Orion — que então seguirá sozinha para nosso satélite.

Celebridades devem participar do grande evento, como os atores Jack Black, Chris Evans e Keke Palmer. A apresentação do hino dos Estados Unidos ficará a cargo do cantor Josh Groban, acompanhado pelo pianista Herbie Hancock.

Contagem regressiva

5, 4, 3, 2, 1... a contagem regressiva, na verdade, é bem maior que estes poucos segundos. Desde a manhã de sábado, os diretores e controladores da missão estão a postos, em uma preparação intensa de dois dias para que não haja erros na hora H. O trabalho de centenas de pessoas, durante anos, culminará naquele momento.

Além de conferir os sistemas, eles precisam ficar de olho na previsão do tempo. Caso as condições impeçam o lançamento de hoje, há duas datas backup: 2 e 5 de setembro.

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SLS é o maior e mais poderoso foguete já desenvolvido pela Nasa
Imagem: Nasa

Para quem quiser acompanhar ainda mais detalhes, a Nasa também vai transmitir o processo de abastecimento dos tanques do enorme foguete, a partir da 1h da manhã. O estágio principal do SLS tem capacidade de cerca de 3,3 milhões de litros de oxigênio e hidrogênio líquidos superfrios — então levará horas para todo o combustível ser carregado.

Após o lançamento, atualizações serão divulgadas constantemente. Considerando que ele ocorra no horário previsto, às 17h uma transmissão vai destacar a primeira manobra de trajetória da Orion; às 18h30, a cápsula dele enviar suas primeiras vistas da Terra a partir do espaço.

A viagem deve durar 42 dias, uma prova de fogo (em alguns momento literalmente) para a operação e os componentes da nave, como painéis solares e escudos térmicos, até a "amerissagem" no oceano Pacífico. Será que ela aguenta o calor, a alta velocidade e a radiação do espaço? Assim, será testada sua capacidade de chegar até nosso satélite e retornar à Terra com segurança para os futuros tripulantes.

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Simulação da cápsula Orion, com a Lua e a Terra ao fundo
Imagem: Nasa

Futuro

Se tudo der certo, em 2024, a jornada será repetida com quatro astronautas a bordo. Eles farão "apenas" um sobrevoo de dez dias, dando uma volta até o lado oculto da Lua, a cerca de 400 mil quilômetros da Terra (o mais distante no espaço profundo que qualquer ser humano já foi).

Em 2025, finalmente, o objetivo é "alunissar" (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá.

Depois de 2034, se bem-sucedido e com verbas, a próxima etapa do programa Artemis é instalar o "Lunar Gateway", que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões (uma Estação Espacial em miniatura). Em parceria com outras agências empresas privadas, a Nasa também pretende estabelecer uma base permanente em solo.

A meta é que toda a estrutura e experiência também permitam viagens tripuladas a Marte, inicialmente previstas para o final da década de 2030. Nosso satélite serviria como um ponto de parada e reabastecimento neste longo trajeto.

A primeira vez que o homem esteve na Lua foi em 1969, na famosa Apollo 11, de Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Doze pessoas diferentes já caminharam sobre o solo lunar até a Apollo 17, a última missão tripulada, em 1972.