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Missão Artemis para a Lua: lançamento é adiado por vazamento de combustível

SLS posicionado na base de lançamento na manhã de hoje; próximas datas possíveis são 2 e 5 de setembro -
SLS posicionado na base de lançamento na manhã de hoje; próximas datas possíveis são 2 e 5 de setembro

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

29/08/2022 10h00Atualizada em 31/08/2022 13h15

Não foi desta vez. O lançamento da missão Artemis 1, para a Lua, estava previsto para acontecer hoje às 9h33, mas foi adiado pela Nasa, devido a problemas técnicos no foguete.

A contagem regressiva estava congelada desde as 8h53, após serem detectados um pequeno vazamento de hidrogênio líquido (o combustível) e o superaquecimento de um dos motores RS-25 do enorme SLS (Sistema de Lançamento Espacial).

A janela de lançamento era de duas horas — ou seja, até 11h33 —, mas a agência espacial preferiu já divulgar o cancelamento, pois não conseguiu remediar o mau funcionamento do motor. Ela garante que o foguete está estável.

"Nós não lançaremos até que esteja tudo certo", disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, encerrando a transmissão. Ele lembrou do programa do ônibus espacial, cujo primeiro voo, em 1981, foi um sucesso após ser adiado por quatro vezes. "É uma máquina complicada, um sistema complicado. Não acenderemos a vela até que esteja pronto para ir."

Dados estão sendo reunidos pelos controladores da missão e, agora, o mais cedo que o lançamento pode ocorrer é na sexta-feira, dia 2 de setembro. Uma próxima data backup é a segunda (5).

Isso se os problemas forem resolvidos e se as condições climáticas estiverem favoráveis — é início da temporada de tempestades na Flórida, onde fica o Centro Espacial Kennedy. O SLS seguirá posicionado na base 39B.

A missão é altamente simbólica para a Nasa, cinquenta anos após o final do icônico programa Apollo — em 1972, o homem pisou na Lua pela última vez. O lançamento estava sendo transmitido ao vivo, e milhares de pessoas se dirigiram ao local para ver com seus próprios olhos.

sls lua - Joe Skipper/Reuters - Joe Skipper/Reuters
Superlua de Morango, em junho, é fotografada atrás do SLS, foguete mais poderoso da Nasa
Imagem: Joe Skipper/Reuters

Programa Artemis

O programa Artemis é o mais ambicioso da história da agência espacial norte-americana. Seu objetivo é levar o ser humano de volta à Lua e, futuramente, até Marte.

O lançamento de hoje era apenas o primeiro passo — na verdade, um grande e arriscado teste "valendo", ainda sem tripulação, do novo foguete SLS (o mais poderoso já desenvolvido pela Nasa) e da cápsula Orion (onde futuramente ficarão os astronautas). Por isso, falhas são esperadas.

O foguete vai mandar a cápsula para uma viagem de 42 dias, em torno da Lua e de volta à Terra, para testes dos sistemas e equipamentos. Se tudo correr bem, em 2024, a jornada deve ser repetida com quatro astronautas a bordo.

Em 2025, finalmente, o objetivo é "alunissar" (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá.

Depois de 2034, se bem-sucedido e com verbas, a próxima etapa do programa Artemis é instalar o "Lunar Gateway", que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões (uma Estação Espacial em miniatura). Em parceria com outras agências empresas privadas, a Nasa também pretende estabelecer uma base permanente em solo.

A meta é que toda a estrutura e experiência também permitam viagens tripuladas a Marte, inicialmente previstas para o final da década de 2030. Nosso satélite serviria como um ponto de parada e reabastecimento neste longo trajeto.

A primeira vez que o homem esteve na Lua foi em 1969, na famosa Apollo 11, de Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Doze pessoas diferentes já caminharam sobre o solo lunar até a Apollo 17, a última missão tripulada, em 1972.