Astronomia em setembro: Júpiter terá aproximação recorde da Terra
Ficamos mal acostumados com os espetáculos celestes de julho e de agosto, com suas chuvas de meteoros e superluas. Setembro será menos extravagante (astronomicamente falando), mas também nos renderá belas observações do céu noturno, com variadas conjunções entre os planetas e a Lua e uma incrível aproximação de Júpiter.
Todos os eventos listados aqui são visíveis a olho nu, de qualquer parte do Brasil. Um site ou app de astronomia (como Skywalk, Starchart, Sky Safari ou Stellarium) são úteis para apontar a posição dos objetos e mostrar os melhores horários de visibilidade em sua região.
Além disso, o mês marca um fenômeno causado pelo movimento dos astros, e que influencia diretamente nossas observações: a mudança de estação. O inverno, com suas noites mais longas e secas, passa a bola para a primavera.
Confira, abaixo, os principais fatos astronômicos de setembro:
8/9: Conjunção Lua e Saturno
O planeta dos anéis aparecerá bem perto da Lua nesta primeira conjunção do mês. O par já pode ser visto logo após o pôr do Sol, na direção leste (mesma que nasce o Sol), e segue visível noite afora.
Saturno ficará imediatamente acima da Lua — que estará bem brilhante, quase na fase cheia. Quem observar a partir das 21h, também terá a chance de também ver Júpiter, abaixo da Lua.
10/9: Lua Cheia (Lua da Colheita)
A exuberante Lua cheia de setembro acontece no sábado, dia 10, uma ótima oportunidade para observar e fotografar. Ela nasce a leste, por volta das 18h30, cerca de meia hora após o pôr do sol, e fica visível durante toda a noite, atravessando o céu de um lado ao outro.
Aproveite para admirá-la logo após nascer, próxima ao horizonte, pois efeitos ópticos fazem com que ela pareça ainda maior, por conta da perspectiva com referenciais terrestres (como prédios e árvores), e apresente belas variações de tonalidade, devido à interação com a atmosfera.
O dia seguinte também é uma ótima oportunidade de observação, com nosso satélite ainda muito iluminado. Mas nascerá um pouco mais tarde, aproximadamente 19h30.
A Lua cheia de setembro é conhecida pelos povos nativos norte-americanos como Lua da Colheita, por ser no mês do equinócio, que marca a mudança de estações (quando começa o outono no Hemisfério Norte). De acordo com a tradição, os agricultores precisavam correr para terminar a colheita antes do início do tempo mais frio — e a Lua, bem brilhante e nascendo cedo, ajudava com noites bem claras, em uma época em que não havia energia elétrica.
11/9: Conjunção da Lua e Júpiter
Os planetas mudam de posição nesta conjunção superbrilhante. Desta vez, Júpiter (o segundo planeta mais luminoso de nosso céu, depois de Vênus) é que aparecerá logo acima da Lua cheia, a partir das 20h30. E, mais acima do par, Saturno estará alinhado.
Lembrando que, quando falamos em conjunções, nos referimos ao ponto de vista da Terra. Os corpos não estão realmente próximos: continuam separados por milhões de quilômetros no universo.
17/9: Conjunção da Lua e Marte + estrelas
Na madrugada do dia 16 para 17, o planeta vermelho aparece bem próximo à graciosa Lua minguante. O par nasce a leste, por volta das 2h, e segue visível até o amanhecer. Para tornar a imagem ainda mais bonita, a bela estrela alaranjada Aldebaran, da constelação de Touro, estará logo acima de Marte.
Se o céu estiver limpo e seu horizonte desobstruído, outras estrelas bem brilhantes e importantes também podem ser vistas: a avermelhada Betelgeuse e a azulada Rigel, ambas do icônico Órion, que estará à direita da Lua; e Sirius, o Cão Maior que acompanha o guerreiro — e é a estrela mais brilhante do nosso céu.
22/9: Equinócio de setembro: início da primavera
Finalmente, acabou o inverno. O equinócio marca o início da primavera, a estação das flores, no hemisfério Sul (e do outono do outro lado do globo).
Duas vezes no ano, em março e setembro, há um momento em que a luz solar incide igualmente entre os dois hemisférios, alinhada com o Equador. A palavra "equinócio" vem do latim, e significa "noite igual" — nesta ocasião, dia e noite têm a mesma duração, com exatamente 12 horas, e o Sol nasce precisamente no ponto cardeal leste.
Após o dia 22, o Sol vai "avançando" para o lado sul do firmamento, trazendo o calor de volta para nós, com dias gradativamente mais longos e quentes.
Este processo acontece, basicamente, porque a Terra não gira retinha. Seu eixo de rotação (em torno de si mesma) tem uma inclinação de 23,5° em relação ao plano orbital ao redor do Sol. Assim, os hemisférios são iluminados de formas diferentes ao longo do ano, dando origem às estações.
25/9: Júpiter em oposição e mais próximo da Terra
O melhor momento para se observar um planeta, em geral, é durante sua oposição. Ou seja, quando ele está do lado oposto do Sol (em relação à Terra, que fica entre os dois corpos).
Some a isso que, em setembro, Júpiter faz a maior aproximação da Terra do século 21, chegando a "apenas" 590,3 milhões de quilômetros de nós. Sua face visível estará completamente iluminada pelo Sol, brilhando em uma magnitude de cerca de -3 (para efeitos comparativos, Vênus brilha a -5 e a Lua cheia a -13).
Por isso, ele aparecerá maior e mais brilhante do que em qualquer outro momento dos últimos 22 anos. No dia 25, Júpiter estará visível desde o pôr do Sol (por volta das 19h) até o amanhecer, percorrendo o céu de leste a oeste. A olho nu, ele parece uma grande estrela de brilho fixo amarelo pálido. Um app de astronomia pode indicar o local exato.
É o melhor momento para fotografá-lo, podendo revelar detalhes — como as faixas de nuvens coloridas e as quatro maiores de suas 79 luas (Io, Europa, Ganimedes e Calisto). Com ajuda de um binóculo ou telescópio, a vista fica mais clara e surpreendente.
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