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James Webb divulga primeira imagem de um planeta fora do Sistema Solar

Concepção artística de um "super Júpiter" orbitando sua estrela; exoplaneta HIP 65426 b é um gigante gasoso a 355 anos-luz de distância da Terra - Nasa/S. Wiessinger
Concepção artística de um "super Júpiter" orbitando sua estrela; exoplaneta HIP 65426 b é um gigante gasoso a 355 anos-luz de distância da Terra Imagem: Nasa/S. Wiessinger

Marcella Duarte

De Tilt

01/09/2022 17h32Atualizada em 19/09/2022 18h06

É descoberta atrás de descoberta. O Telescópio Espacial James Webb não para de nos surpreender com impressionantes visões do universo. Desta vez, sua primeira imagem direta de um exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar), com detalhes sem precedentes.

O distante "mundo alienígena" em questão é o HIP 65426 b, um gigante gasoso, muito maior que Júpiter, a 355 anos-luz de distância da Terra. Os registros foram feitos em comprimentos de onda infravermelhos, com quatro filtros de luz diferentes, revelando detalhes sem precedentes do objeto.

Veja as imagens históricas:

exoplaneta HIP 65426b telescopio james webb - Nasa/ESA/CSA, A. Carter (UCSC) - Nasa/ESA/CSA, A. Carter (UCSC)
HIP 65426b registrado por quatro filtros infravermelhos; seu sol está acima da imagem e tem a posição indicada em cada quadro
Imagem: Nasa/ESA/CSA, A. Carter (UCSC)

A estrelinha desenhada no interior de cada quadradinho representa a localização do "sol" que o planeta orbita. Seu brilho real foi retirado digitalmente, para que não ofuscasse nossa visão do HIP 65426 b e da nuvem de gás e poeira ao seu redor.

"Obter a imagem foi como cavar um tesouro espacial", disse Aarynn Carter, pesquisador da Universidade da Califórnia em Santa Cruz que analisou as imagens. "Inicialmente, tudo que eu podia ver era luz da estrela, mas, com cuidadoso processamento de imagem, consegui remover aquela luz e revelar o planeta."

Sob um olhar comum, o registro pode aparentar baixa qualidade, mas é realmente uma relíquia para os astrônomos. Uma imagem direta de um exoplaneta nunca foi captada neste nível de detalhes por um telescópio, seja terrestre ou mesmo pelo Hubble.

Até então, só conseguíamos vê-los como um "pontinho" ou de maneira indireta, com projeções — como dados de espectrometria, uma "sombra" quando passam na frente de sua estrela, ou mesmo ilustrações. O James Webb, com suas capacidades infravermelhas, inaugura um novo capítulo da astronomia, enxergando muito mais longe e com mais nitidez do que qualquer outro instrumento.

"Este é um momento transformador, não apenas para o Webb, mas para a astronomia em geral. Obter esta imagem foi como cavar um tesouro espacial", disse Sasha Hinkley, professora da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e líder das observações.

A captura também foi possível devido ao posicionamento do exoplaneta: ele fica cerca de 100 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra está do Sol. Assim, os instrumentos do telescópio conseguiram separar seu brilho.

O HIP 65426 b foi descoberto em 2017, por meio do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, no Chile. Ele tem entre 6 e 12 vezes a massa de Júpiter (o mais planeta do Sistema Solar) e pode ter de 15 a 20 milhões de anos — um bebê em comparação com a Terra, que tem 4,5 bilhões. Não é potencialmente habitável.

As novas imagens podem nos ajudar a compreender melhor o processo de formação dos planetas e do universo. O próximo passo é procurar mundos mais parecidos com nosso planeta, que possam abrigar vida. As descobertas foram publicadas no repositório Arxiv, ainda em fase de revisão dos pares.