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Telescópio espacial James Webb

As imagens e infos do mais potente telescópio espacial já criado


James Webb: falha em importante instrumento interrompe algumas observações

Nasa/GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez
Imagem: Nasa/GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez

Marcella Duarte

21/09/2022 15h31Atualizada em 22/09/2022 13h34

A Nasa está investigando uma falha técnica no Telescópio Espacial James Webb (JWST). Um de seus modos de observação específicos foi desativado — e pode não voltar a funcionar.

O James Webb possui quatro instrumentos, que totalizam 17 modos de observação. O problema atinge um dos mais importantes, o MIRI (Mid-Infrared Instrument ou "instrumento de infravermelho médio"), que, segundo a agência espacial, é "além de tudo o que esteve disponível para os astrônomos até hoje".

Equipado com uma câmera e um espectrógrafo, ele é usado para enxergar galáxias distantes ou recém-formadas, além de objetos menores e mais fracos, como asteroides. É o sensor do telescópio que opera no comprimento mais longo de luz, capaz de ultrapassar nuvens de poeira com maior facilidade.

"É aqui que a emissão de moléculas e poeira exibe assinaturas espectrais muito fortes", escreveu Jonathan Gardner, vice-cientista sênior do projeto JWST. Essas assinaturas podem, por exemplo, revelar os tipos de moléculas que cercam algumas estrelas, reunidas em discos que eventualmente formam planetas.

anel do sul - Divulgação/Nasa - Divulgação/Nasa
Cada instrumento e modo enxerga detalhes diferentes do universo; aqui a Nebulosa de Anel do Sul registrada pela NIRCam (esquerda) e pelo MIRI (direita)
Imagem: Divulgação/Nasa

O que rolou?

O MIRI tem quatro modos de observação. Em 24 de agosto, porém, "um mecanismo que suporta um destes modos, conhecido como espectroscopia de média resolução (MRS), exibiu o que parece ser um aumento de atrito durante a configuração para uma observação científica", declarou a Nasa.

Esse mecanismo é como uma roda seletora, que permite aos astrônomos escolher entre comprimentos de onda curtos, médios e longos, ao fazer observações de MRS.

Um comitê de revisão de anomalias foi montado, para analisar o problema e descobrir como seguir em frente. Enquanto não encontram uma estratégia para contornar o problema, o modo segue pausado por tempo indeterminado.

A Nasa destaca que o telescópio é saudável, e que os outros três modos de observação do MIRI, bem como os demais instrumentos, estão operando normalmente.

"Galáxia Fantasma" M74  - ESA/Webb, Nasa & CSA, J. Lee e equipe PHANGS-JWST - ESA/Webb, Nasa & CSA, J. Lee e equipe PHANGS-JWST
"Galáxia Fantasma" M74 foi capturada em detalhes graças aos poderes infravermelhos do MIRI
Imagem: ESA/Webb, Nasa & CSA, J. Lee e equipe PHANGS-JWST

Degradação inevitável

O James Webb já havia nos dado um susto em maio, quando foi atingido por um pequeno meteoróide, que danificou um dos 18 segmentos de seu enorme espelho, reduzindo — muito levemente — sua capacidade.

Durante sua vida útil, um telescópio espacial inevitavelmente é sujeito a diversos problemas, sejam físicos ou técnicos, que podem ser difíceis ou até impossíveis de serem consertados daqui da Terra.

Por isso, a Nasa já espera que ele se degrade ao longo do tempo — como vemos acontecer com o Hubble nos últimos anos. Mas ainda devemos ter, pelo menos, uma década de incríveis observações do universo pela frente.

Nosso mais poderoso olho no espaço, o James Webb nos surpreende quase toda semana com imagens e observações científicas impressionantes, seja de planetas do Sistema Solar, estrelas, exoplanetas e galáxias distantes.