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iPhone 14 comprado nos EUA: chip virtual funciona no Brasil? É caro?

Vinícius Oliveira

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

26/09/2022 04h00

A Apple lançou no início do mês a sua nova linha de celulares iPhone 14, com preços no Brasil que variam de R$ 7.599 (128 GB de memória) a R$ 15.499 (1 TB). Uma das novidades, pelo menos nos Estados Unidos, é que os telefones são vendidos sem a entrada para chip físico, eles funcionam com o eSIM, linha telefônica virtual.

Se você está pensando em comprar iPhone 14 nos EUA (o valor, mesmo em dólar, pode compensar), é importante saber o que terá que fazer para ativar o aparelho no Brasil. Confira a seguir a resposta para essa e outras questões sobre a tecnologia.

Por que Apple decidiu mudar?

De acordo com a empresa, a retirada da bandeja para o chip foi tomada para economizar espaço no smartphone, permitindo a inclusão de novos componentes.

A mudança começa nos Estados Unidos, mas a tendência é que o uso 100% do eSIM seja adotado pela Apple com o tempo em outras regiões.

Os iPhones 14 vendidos no Brasil continuarão com a estrutura para o chip físico, segundo a empresa.

Como funciona o chip virtual eSIM?

A tecnologia virtual permite que dispositivos tenham sinal de telefonia e internet sem a necessidade do tradicional chip telefônico físico. Inclusive, o eSIM já funciona no Brasil há alguns anos.

O consumidor consegue ativar uma linha usando o próprio sistema do celular.

O eSIM na Apple funciona nos iPhones desde 2018 — começou a partir do lançamento das linhas iPhone XS, iPhone XS Max e iPhone XR, com o sistema operacional iOS 12.1 ou posterior instalado.

Essa mudança permitiu que mais de duas linhas pudessem funcionar no iPhone ao mesmo tempo. Por exemplo: usar um número com foco pessoal e outra linha somente para atividades profissionais.

"Para usar duas operadoras diferentes, o iPhone deve estar desbloqueado. Caso contrário, os dois planos deverão ser da mesma operadora", explica a Apple em seu site.

iPhone 14 comprado nos EUA funciona mesmo?

Antigamente, quem comprava um iPhone nos Estados Unidos, tinha que se preocupar em comprar modelos desbloqueados. Ou seja, sem restrições das operadoras locais para ativação da linha.

Alguns consumidores acabavam até realizando um processo chamado de jailbreak em aparelhos bloqueados, que retirava as limitações — o que não era recomendado pela Apple e fazia o telefone perder a garantia.

Isso ficou muito mais fácil com o tempo. Por isso, um iPhone 14 desbloqueado funcionará no Brasil. Só é importante lembrar que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) recomenda o uso de aparelhos homologados por ela. Os telefones comprados no país passam por testes e certificações.

Se mesmo assim você optar por comprar lançamento nos EUA, é necessário:

  • Ter certeza de que a sua operadora oferece a compatibilidade com o eSIM antes da compra. Claro, Tim e Vivo, as maiores que atual no Brasil, disponibilizam eSIM para os seus clientes.
  • Quando o celular chegar aqui, será preciso ativar o serviço do chip virtual para conseguir usar a rede móvel. No processo é preciso conectar o celular em uma rede wi-fi e ler um QR Code disponibilizado pela operadora. Na sequência, é só seguir o passo a passo na tela.
"Com a ativação do eSIM pela Operadora, a operadora pode atribuir digitalmente um eSIM para o iPhone no momento da compra ou quando você ligar para a operadora solicitando um eSIM após a configuração", diz a empresa.

Precisarei pagar mais pelo eSIM no Brasil?

Em comunicado enviado a Tilt, a Claro informou que trabalha com o chip virtual desde 2016 em smartphones e smartwatches (relógios inteligentes). O valor para aquisição do eSIM é o mesmo usado no chip físico tradicional, que geralmente é encontrado por R$ 10 nas lojas oficiais.

A Tim também informou que a compra de um iPhone 14 nos EUA não terá impacto no funcionamento do aparelho entre seus clientes, já que os planos e os preços tanto para o chip físico quanto para o chip virtual permanecem iguais. No entanto, são cobrados R$ 15 para realizar a troca do SIM card físico para o eSIM.

Já a Vivo afirmou que essa troca de chips é feita de forma gratuita, desde 2018. Ela acrescentou, em nota, que o chip virtual é o novo padrão adotado pela indústria devido ao tamanho reduzido.

eSIM é mais seguro? Tem vantagem?

Segundo as operadoras de telefonia e internet, o eSIM traz maior segurança por não poder ser removido, impossibilitando deixar o celular inacessível com a simples retirada do chip da bandeja — uma prática comum entre os criminosos que roubam smartphones.

Outras vantagens da tecnologia incluem a ativação mais fácil e custos reduzidos para as operadoras. Como o chip virtual vem dentro do telefone, não há risco dele ser perdido pelo dono do aparelho.

O 5G vai funcionar aqui?

Outra preocupação é se os modelos vendidos nos Estados Unidos terão suporte às redes 5G do Brasil. De acordo com a Apple, sim.

As frequências disponíveis por aqui — n40 (TD 2.300), n77 (RD 3.700) e n78 (TD 3.500) — são aceitas pelo aparelho norte-americano.

O uso do eSIM veio para ficar?

De acordo com dados da empresa TeleGeography, o mundo tinha um total de 8,05 bilhões de linhas ativas em 2021. Destas, 1,2 bilhão eram de chips virtuais.

Um estudo da Juniper Research aponta que esse número deve quase triplicar em 2025, chegando a um total de 3,4 bilhões de linhas ativas, com um "empurrãozinho" das empresas de telefonia.

De acordo com o Wall Street Journal, as três principais operadoras de telefone nos Estados Unidos (Verizon, T-Mobile e AT&T) estão se preparando para abandonar o chip físico.

"É uma evolução natural que vai propiciar uma melhor experiência para o usuário", teria dito Jeff Howard, vice-presidente de dispositivos móveis e acessórios da AT&T.

*Colaborou Bruna Souza Cruz, de Tilt.