Dimorphos: como é o asteroide de superfície desconhecida que é alvo da Nasa
Após uma jornada de dez meses pelo espaço, a missão Dart (Double Asteroid Redirect Mission) mirou nesta segunda-feira (26) o asteroide Dimorphos. A Nasa jogou uma nave de mais de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bi) contra a rocha espacial como um teste de defesa planetária, para ver se é possível desviar um possível asteroide que estiver perigosamente vindo em direção à Terra.
É uma missão suicida: a nave foi pensada para ser destruída. Mas o asteroide, não. A expectativa dos pesquisadores é que ele tenha ficado com uma cicatriz, uma cratera em sua superfície. Mais informações devem ser divulgadas em breve pela agência espacial.
O colisão foi pensada para tentar empurrar o Dimorphos , para mudar de trajetória. A missão é como um jogo de bilhar cósmico, em que a nave faz a vez de taco.
Segundo a Nasa, a cada 10 mil anos existe a possibilidade de que asteroides com mais de 100 mil metros possam atingir a Terra e, por isso, a agência resolveu fazer esse teste de prevenção.
Por que Dimorphos foi escolhido?
O Dimorphos é um asteroide enorme, de 160 m de largura, que age como uma lua, orbitando um asteroide maior, chamado Didymos (780 m), em um sistema binário. Dart vai atingi-lo a uma impressionante velocidade de 22.015 km/h.
Ele foi escolhido porque está mais próximo da Terra (mais ou menos a 11 milhões de quilômetros), o que permite melhores observações, e em um sistema controlado, gravitacionalmente ligado a outro corpo.
Os bastidores do teste
Com peso de 330 kg, a nave espacial tinha o tamanho equivalente ao de um carro, enquanto o de Dimorphos é semelhante ao de um estádio.
O método usado para conseguir atingir o asteroide é chamado de impacto cinético. O choque entre os dois, a uma velocidade de 6,5 km por segundo, equivale à energia da explosão de três toneladas de TNT, capazes de despachar milhares de fragmentos — a força, no entanto, não causa nenhuma mudança imediata no giro do asteroide.
As alterações na rota devem aparecer no prazo de alguns dias, com um movimento leve. Isso aumentará à medida que ocorrer um desequilíbrio na rotação do asteroide.
Em vez de fazer o movimento de orbitar um asteroide maior (chamado Didymos), o corpo rochoso deve começar a girar no seu eixo.
O que aprendemos com a missão?
Com apoio de outra missão, chamada de Hera, da ESA (Agência Espacial Europeia), será possível analisar a experiência e reconhecer se houve esse movimento.
Todo o processo será registrado, inclusive a cratera de impacto que fica na superfície do asteroide — que pode ser maior ou menor, dependendo da "dureza" do asteroide.
Hera chegará ao ponto de colisão cinco anos depois, com dois satélites pequenos implantados, para pousar na superfície do corpo Dimorphos.
Os cientistas não acreditam que o movimento cambaleante do grande asteroide prejudique o ensaio ou represente perigo para seres humanos.
Por outro lado, o estudo promoverá informações cientificamente importantes, já que o estado de rotação dos asteroides pode afetar propriedades, como a quantidade de luz solar refletida.
Como os cientistas sabem muito pouco a respeito do asteroide, não se sabe como ele responderá ao ataque de Dart. Ele pode ser tão macio quanto Bennu — e engolir a nave como um pântano — ou ser um pedaço sólido de rocha espacial, que a esmagará como uma latinha. (Com agências internacionais)
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