Missão Dart: satélite espia momento do impacto em asteroide; veja imagens
Novas imagens revelam o exato momento em que a nave da missão Dart (Double Asteroid Redirect Mission) colidiu com o asteroide Dimorphos, na noite de ontem (26). Elas foram registradas por um satélite italiano LICIACube, que observou o impacto de perto — mas a uma distância segura para não ser atingido.
A Nasa fez história. Este inédito teste de defesa planetária foi um sucesso: o alvo foi atingido da maneira e na hora esperadas. O objetivo é, basicamente, ver se conseguiríamos, com esta técnica, desviar um possível asteroide que estivesse perigosamente em direção à Terra.
Nós acompanhamos tudo a vivo, com imagens dramáticas do espaço até o último segundo antes do impacto, feitas pela câmera Draco (Didymos Reconnaissance and Asteroid Camera for Optical Navigation) — que estava a bordo da nave e também foi destruída. Pudemos ver a superfície do asteroide, com suas rochas e texturas, em impressionantes detalhes.
Mas havia um segundo ponto de vista: o de um pequeno satélite italiano LICIACube (Light Italian CubeSat for Imaging of Asteroids), que viajou como passageiro da nave e se separou dela no último dia 11, ficando a uma distância segura do impacto, a cerca de 55km.
O companheiro sobreviveu para contar história e registrar todo o processo, inclusive a cratera de impacto que a batida da nave deixou na superfície de Dimorphos. Suas primeiras imagens acabam de ser divulgadas, revelando o exato momento do impacto e a nuvem de partículas que foram expelidas.
"Aqui estão as fotos da primeira missão de defesa planetária do mundo, tiradas pelo LICIACube. Foi exatamente aqui que a Missão Dart, da Nasa, terminou. Uma emoção incrível, o início de novas descobertas", declarou a Argotec Space, empresa italiana que desenvolveu o CubeSat.
Em primeiro plano está Didymos, um asteroide maior (780 m de largura), que Dimorphos (170 m) orbita como uma lua. Igual toda rocha espacial, eles não têm brilho próprio, mas o impacto os iluminou, refletindo a luz do Sol.
Três minutos depois da colisão, o satélite se aproximou do par para capturar fotos e vídeos. Mais imagens devem ser divulgadas nos próximos dias.
A superfície do asteroide oval, coberta de pedregulhos, parece semelhante à de Bennu e Ryugu, dois outros asteroides visitados por naves espaciais nos últimos anos. Cientistas suspeitam que Dimorphos seja uma "pilha de escombros", com rochas frouxamente ligadas. Estima-se que a cratera deixada por Dart tenha entre 10 e 20 metros de largura — destroços da nave podem estar lá.
Telescópios em Terra também resgistraram o momento do impacto:
O que rolou?
A colisão aconteceu precisamente às 20h14, a uma velocidade de mais de 22.000 km/h e a mais de 11 milhões de quilômetros d e distância da Terra, com uma margem de erro de apenas 17 metros em relação ao centro calculado do alvo. Mesmo com tamanha precisão, ainda levará um tempo para sabermos se realmente teve os resultados esperados.
A meta não era destruir o asteroide, mas sim "empurrá-lo", como em um jogo de bilhar cósmico, para mudar levemente sua órbita. Mas só confirmaremos se (e quanto) sua trajetória foi alterada com observações de telescópios terrestres, nas próximas semanas e meses.
A nave foi, provavelmente, completamente destruída — sabíamos que seria uma missão suicida. O asteroide Dimorphos, também como previsto, deve ter ficado apenas com uma "cicatriz" (uma cratera em sua superfície).
Defesa planetária
Uma mudança muito pequena de trajetória pode ser suficiente para evitar uma colisão devastadora. Segundo a Nasa, o período orbital atual de Dimorphos é de 11 horas e 55 minutos. Espera-se que ela tenha sido reduzida em 10 minutos.
A agência espacial tem uma lista com cerca de 27,5 mil asteroides de todos os tamanhos próximos à Terra, mas "nenhum deles representa uma ameaça nos próximos cem anos."
A um custo de mais de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bi), Dart havia sido lançada em novembro do ano passado. Em 2024, a agência espacial europeia (ESA) deve lançar a missão Hera, para estudar o sistema de asteroides e acompanhar os resultados.
"Os resultados de Dart nos prepararão para visitar o sistema binário Didymos, para examinar as consequências deste impacto daqui a alguns anos", disse Ian Carnelli, gerente da missão de Hera, em comunicado. "Hera nos ajudará a entender o que aconteceu com Dimorphos, o primeiro corpo celeste a ser movido de forma mensurável pela humanidade."
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