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Por que urna eletrônica funciona com pen drive e tem USB? Tire dúvidas

Pessoa votando em urna eletrônica - SOPA Images/LightRocket via Gett
Pessoa votando em urna eletrônica Imagem: SOPA Images/LightRocket via Gett

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

30/09/2022 11h48Atualizada em 30/09/2022 11h48

O Brasil realiza neste domingo (2) o primeiro turno das Eleições 2022. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 577.125 dispositivos estarão disponíveis nos locais de votação para 156,4 milhões de eleitores. A tecnologia do voto eletrônico começou a funcionar nas eleições de 1996, e 13 versões do aparelho já foram usadas.

Como característica comum desde 2009, as urnas eletrônicas contam com o auxílio de pen drive durante o processo eleitoral. Sim, mesmo "em pleno 2022, ano da tecnologia... e você aí usando pen drive", como diria o meme. Mas existe um bom motivo para isso, mesmo vivendo num tempo em que o armazenamento na nuvem ganha popularidade.

Entenda a seguir esse e outros fatos sobre as urnas eletrônicas.

Quanto tempo dura a urna eletrônica?

O ciclo de vida da urna eletrônica dura, em média, dez anos. Por isso, modelos lançados entre 2009 a 2020 serão usados no domingo — a segurança da tecnologia já foi testada e aprovada por pesquisadores.

De acordo com o TSE, os brasileiros terão à disposição urnas que variam entre as versões UE 2009 a UE 2020. Nesse intervalo, ainda há as versões intermediárias: UE 2015, UE 2013, UE 2010 e UE 2011.

A versão mais recente, a de 2020, é mais rápida para processar o resultado — soma 224.999 unidades.

O que todos esses modelos possuem é a chamada MR (Mídia de Resultados). Em contato com Tilt, o TSE explicou que "essa mídia tem por finalidade receber os arquivos com os resultados produzidos pela urna ao final da votação, para que os dados sejam encaminhados a um ponto de transmissão". Isso se dá através de um pen drive.

O que é esse pen drive?

A urna eletrônica nada mais é do que um computador não conectado à internet e que precisa guardar os seus dados em algum lugar. Para isso, utiliza-se de mídias.

Desde os modelos de 2009, a gravação externa dos resultados de votos registrados em cada urna é realizada através de um pen drive. Até então, eram usados disquetes para isso, o que tornava o processo de apuração mais lento.

Pen drive usado na urna eletrônica do TSE - Divulgação - Divulgação
Pen drive usado na urna eletrônica do TSE
Imagem: Divulgação

De acordo com o TSE:

  • os modelos mais antigos (2009 e 2010) são pen drives com 128 MB de capacidade.
  • os intermediários (2011, 2013 e 2015) têm memória 512 MB.
  • os mais recentes, são os mais robustos, com 1 GB.

Apesar das diferenças de capacidade, todos conseguem gravar os dados dos eleitores, de acordo com o órgão.

"Todas elas são plenamente capazes de receber os arquivos gravados pelas urnas", afirmou, em nota enviada a Tilt.

O TSE explicou ainda que o pen drive é semelhante aos vendidos, porém os usados nas eleições são fabricados exclusivamente para Justiça Eleitoral pela empresa Apacer, sob encomenda da Positivo, contratada por meio de licitação.

Modelo de urna eletrônica - UE 2020 - Reprodução TSE - Reprodução TSE
Modelo de urna eletrônica - UE 2020
Imagem: Reprodução TSE

O que o pen drive grava?

Quando os eleitores depositam os seus votos nas urnas, eles são embaralhados e ordem aleatória para que não seja possível saber a ordem de cada um. Esse processo acontece a cada depósito no equipamento.

Como a urna eletrônica não fica conectada à internet, o pen drive fica responsável por pegar os votos de cada equipamento e enviar para uma central do TSE.

"Essa mídia tem por finalidade receber os arquivos com os resultados produzidos pela urna ao final da votação, para que os dados sejam encaminhados a um ponto de transmissão e, por isso, é chamada de mídia de resultados", esclareceu o TSE.

Transmissão dos dados

As urnas eletrônicas possuem uma entrada USB capaz de ler apenas o pen drive da Justiça Eleitoral. Se por qualquer motivo alguém inserir outro, o equipamento é travado para a leitura.

Para evitar eventuais fraudes, o TSE diz que "a urna precisa gravar os resultados na MR [o pen drive, neste caso] porque não possui nenhum tipo de conectividade de rede, ou seja, não é capaz de se conectar a uma VPN ou à intranet da Justiça Eleitoral".

Após o horário de votação ser finalizado, o pen drive é retirado da urna e encaminhado para um ponto de transmissão de dados. Por exemplo, locais autorizados pela Justiça Eleitoral para receber o dispositivo — eles contam com acesso à rede específica (e segura) de compartilhamento dos votos para os servidores do TSE.

O Tribunal destaca que o pen drive não tem dados secretos salvos nele, as informações gravadas são públicas. O balanço de cada voto na urna também é emitido ao fim da votação e exposta na entrada das seções.

A exceção da publicidade de informações está nos dados pessoais de eleitores, mas isso é protegido por criptografia (que embaralha as informações para que as pessoas não possam ser identificadas).

E se o pen drive apresentar falhas?

Caso aconteça algum problema que resulte na quebra do pen drive e não exista um dispositivo do tipo de reserva na seção, a urna eletrônica deverá ser levada, após a votação, até uma junta eleitoral, que irá realizar a recuperação dos resultados em outro pen drive.

Também não é possível que algum eleitor simplesmente coloque a mão na urna e retire o pen drive. O compartimento é lacrado.

"Em caso de extravio ou furto da mídia de resultados, não há qualquer risco de segurança. Os dados gravados na mídia são protegidos por assinatura digital. Qualquer tentativa de manipulação seria prontamente identificada pelos sistemas que processam os dados gravados na MR", garantiu o TSE.