Influenciadora é credenciada com 'nome morto' e acusa BGS de transfobia
A influenciadora transgênero Bryanna Nasck, 28, relatou no Twitter que o evento Brasil Game Show tentou credenciá-la utilizando seu "nome morto" (termo da comunidade trans para se referir ao nome registrado no nascimento). A obrigação de utilizar o nome morto é entendida, juridicamente, como crime de LGBTfobia.
A postagem alcançou mais de 450 comentários e 1.200 retuítes. Na rede social, Bryanna contou que a organização do evento só aceitava o nome social se "tiver algum processo de mudança de nome".
Também no Twitter, a BGS afirmou que era preciso apresentar um documento que contivesse o nome social da influenciadora. O procedimento, segundo a empresa, era necessário para "controle de acesso".
Após a repercussão do caso, a BGS voltou na decisão e autorizou que Bryanna Nasck usasse seu nome social. Em comunicado no Twitter, publicado no final da tarde de hoje (30), a organização do evento disse que fez mudanças para a edição deste ano, como "atualizações no sistema e processo de entrada do evento - com checagem via nome ou número de identidade - e inclusão do nome social nas credenciais de convidados de expositores".
Tilt procurou a empresa para mais esclarecimentos, mas ainda não obteve retorno. Esta reportagem será atualizada quando houver.
Adesivo por cima do nome
Em entrevista a Tilt, Bryanna explica que irá cobrir a BGS, que acontece em São Paulo de 6 a 12 de outubro, para o SBT. Ela também participará de ações em estandes de patrocinadores, como Intel e Youtube, por isso realizou o credenciamento (cadastro que autoriza a entrada gratuita de profissionais que trabalharão no local).
A influenciadora explica que ainda não oficializou o nome social nos documentos porque não queria perder um passaporte com visto para os Estados Unidos com validade de 10 anos.
"Eu estava com medo de perder esse passaporte e não poder viajar de novo. Por que, para conseguir o visto eu estava fazendo alguns trabalhos com o Google e aí facilitou bastante", conta.
"Agora, sem dúvida alguma, passando esses trabalhos da BGS, eu já vou atrás de retificar meu nome, ainda mais agora que foi facilitado para fazer esse processo [do visto], para evitar outros constrangimentos", afirma a influenciadora. "Mesmo se eu perder meu passaporte ou meu visto americano, diminuo as chances de lidar com a transfobia institucional."
Bryanna afirma que a organização do evento chegou a cogitar a colocar um adesivo na credencial para tapar o "nome morto".
"Eu me senti muito mal, muito envergonhada de imaginar colocar um adesivo por cima e reescrever meu nome. É uma humilhação que eu não precisava estar passando", desabafa.
Segundo a gamer, a organização da BGS teve "muitas dificuldades" de compreender a importância de respeitar o nome social.
"Respeitar o nome social não é uma questão de favor, não é uma questão de agrado, mas uma questão de direito. Eles precisam respeitar meu direito civil e me prestar a mínima dignidade que é usar meu nome."
No Twitter, ela classificou o incidente como "mais um no capítulo das transfobias diárias" que a comunidade trans precisa enfrentar.
"Ainda tenho medo"
A situação foi resolvida na manhã desta sexta-feira (30).
"Ficou feio, não ficou legal para o lado deles. Agora eu quero ver como podemos fazer para que essa situação não se repita com outras pessoas", afirma Bryanna.
"Eles fizeram uma exceção para mim, só que ainda tenho medo, para ser sincera. Estamos há cinco dias do evento. Será que eles vão conseguir passar essas informações para as pessoas que vão estar dando os credenciamentos no dia do evento? Será que eu vou passar por mais um tipo de constrangimento? São perguntas que eu só vou poder responder quando estiver lá", diz.
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